sábado, 18 de março de 2017

GÊMEOS (3)

                   
GÊMEOS (ILUMINURA  MEDIEVAL)
Uma aproximação rica de possibilidades significativas que podemos fazer com relação ao signo de Gêmeos é a de trazer para o seu universo a figura de Peter Pan. Esta aproximação se justifica na medida em que Peter Pan é um personagem que recusa o crescimento, isto é, que não quer chegar à vida adulta, responsável, preferindo manter-se numa adolescência infantilizada. Nada de responsabilidades, de deveres. A Psicologia
PETER   PAN - KENSINGTON
deu o nome de síndrome de Peter Pan para descrever o comportamento do adulto que receia assumir responsabilidades e/ou se recusa a agir conforme a sua idade. Tudo isto pode ser percebido nos beijos de Wendy, no desejo de Peter Pan ter uma menina da sua idade que pudesse ser sua mãe, nos sentimentos conflituosos para com Wendy e Sininho (representações de diferentes arquétipos femininos), no simbolismo de sua luta com o capitão Hook, papel tradicionalmente protagonizado pelo mesmo ator que representa o pai de Wendy. 


Peter Pan  apareceu pela primeira vez em 1.902 num texto intitulado The Little White Bird, uma história das relações do seu autor (James M. Barrie) com as crianças de Sylvia Davies, de uma família amiga. Adaptada para o teatro, recebeu o título Peter Pan ou The Boy Who Wouldn´t Grow, que estreou em Londres em 1.904. Em 1.906, aparece um livro do mesmo autor com o título de Peter Pan in Kensington Gardens, ilustrado. Peter Pan foi adaptado para o cinema várias vezes, sendo o personagem representado invariavelmente por uma jovem atriz. O teatro também investiu em Peter Pan.


SYLVIA  DAVIES  E  FILHOS

Recusando-se a crescer, Peter Pan passa os seus dias de eterna juventude na pequena ilha de Neverland como líder de um grupo chamado Lost Boys, convivendo com fadas e piratas e encontrando
EDIÇÃO   DE   1906
de vez em quando crianças do “mundo de fora”. Incorporando muitos traços geminianos negativos, Peter Pan é principalmente um exagerado estereótipo de um exibido e descuidado jovem. Sua atitude diante da vida é displicente, descuidada,  inconsequente mesmo, inclusive diante do perigo. O autor da história nunca explicou aos seus leitores como Peter Pan conseguia permanecer jovem. O personagem, para alguns estudiosos, faz parte de uma antiga tradição anglo-germânica denominada Totenkindergeschichte (contos de morte de crianças).

ILUSTRAÇÃO DE 1906
Outros encontram a explicação para a eterna juventude de nosso herói porque ele foi atingido pela poeira de estrelas que um dia caíram sobre a terra. Não há também explicação convincente sobre a sua capacidade de voar. Peter Pan alega que com bons pensamentos e “poeira das fadas”, esta última igual àquela que as estrelas deixam no seu rastro. Em temas folclóricos europeus, aliás, temos a figura do Dustman, um gênio do sono que lançava poeira nos olhos das crianças para que elas dormissem. 


EDIÇÃO  DE  1915
Peter Pan é hábil na luta de espadas, na imitação de vozes e gestos, sendo acuradíssimas sua visão e audição. Peter Pan nunca conviveu com os seus pais. Numa passagem da sua obra, o autor nos revela que ele, um dia, muito criança, saiu de casa e que quando retornou, ao olhar pela janela, viu que os pais haviam encontrado um substituto para ele e que não mais o queriam. O grande oponente de Peter Pan é o capitão Hook (Gancho), cuja mão ele decepou num duelo. De tempos em tempos, Peter Pan visita o mundo real, de modo especial os jardins do bairro londrino de Kensington, relacionando-se com as crianças que ali brincam. 

A história de Peter Pan pode ser colocada em relação com a dos mitos heroicos. O nascimento do herói é geralmente milagroso (pai divino, mãe mortal); ele dá desde cedo, ainda na infância, demonstrações de seu poder, de sua habilidade, de sua força; costuma também se libertar do meio em que foi gerado, encontrando um deus ou um mestre que o orienta; passa por provas públicas (ameaças externas), lutando para adquirir o controle da sua vida interior, o mais difícil, já que sempre o ameaça a tendência ao descomedimento (hybris), ao descontrole interno, à passionalidade, que podem provocar a sua perdição e finalmente a sua morte. 

Sabemos que nos mitos o herói simboliza uma proposta de elã evolutivo, proposta que se traduz, para o homem comum, numa tomada de consciência de seu ego individual, sempre uma busca de autoconhecimento. Esta busca termina quando o homem alcança a sua idade madura. Há, contudo, nos mitos, um tipo de herói que se recusa a se submeter às provas públicas para assumir aquilo que deve lhe caber essencialmente, o desempenho da função guerreira (matador de monstros e de inimigos), o que na cultura ocidental representa a base de seu valor pessoal. 

Essa recusa significa a permanência em estágios de vida primitivos, uma renúncia à vida afetiva, um desenvolvimento precário sob o ponto de vista psíquico. Dá-se, em inglês, o nome de trickster a esse tipo de herói, muito comum em várias culturas (Jung usa essa grafia). Devo lembrar, contudo, que a palavra inglesa trickster e o seu correspondente francês triche (engano, trapaça) vêm do verbo latino tricari, com o sentido de trapacear, dissimular, enganar. O Trapaceiro é um tipo cujos apetites físicos se impõem na sua conduta, tem mentalidade infantil, vive apenas para satisfazer as suas necessidades mais imediatas e primárias, costumando ser cruel, insensível, cínico. Uma das formas sob a qual esse herói se esconde é a da raposa, animal que simboliza a esperteza. Esse herói pode às vezes participar de provas, demonstrando até valores superiores. Suas vitórias dependem sobretudo de sua habilidade, da sua astúcia, de sua rapidez, podendo inclusive vencer gigantes (Ulisses, vencedor de gigantes, é um trickster). O que estas ideias nos revelam é que a psique individual se desenvolve a partir de uma fase pueril. Por isso, é comum que  adultos psicologicamente imaturos sonhem muitas vezes  com imagens dessa primeira etapa. 

ILUSTRAÇÃO DE 1906
Lembremos que a expressão “síndrome de Peter Pan" foi popularizada a partir de 1.983 pela Psicologia para designar adultos de pouca ou nenhuma maturidade. Em Neverland, nos jardins de Kensignton, Peter Pan nunca fica triste: Eu sou a juventude, a alegria, eu sou o pássaro que rompeu a casca do ovo. Ele quer permanecer sempre uma criança para poder se divertir, um símbolo, enfim, da infância da qual o homem adulto conserva uma nostálgica lembrança.

Os mitos dos heróis, como sabemos, embora variem muito, têm estruturas semelhantes. Há invariavelmente um nascimento milagroso (pai divino, mãe mortal), as demonstrações logo na infância de seu poder, de sua força, a libertação do meio em que surge, o deus ou o mestre que o orienta, as provas públicas (ameaças externas), a conquista do poder, a luta contra o seu descomedimento (ameaças internas, a hybris), as suas tendências passionais, as traições que podem provocar a sua perdição e finalmente a morte

No mundo latino, a constelação de Gêmeos recebeu nomes que derivavam tanto de Leda como de Tíndaro (o pai mortal): Ledaei Fratres, Ledaei Juvenes, Ledaeum Sidus, Pueri Tyndarii, Tyndarides, Tyndaridae Sidae. Marcus Manilius a chamou de Phoebi Sidus, considerando-a como protegida pelo deus Febo (Apolo). Dante Aleghieri chamou a constelação de Nido di Leda. O poeta inglês John Milton a chamou de Spartan Twins. Os árabes lhe deram o nome de Al Tauaman, os Gêmeos. Os persas, Du Paikar.
RÔMULO  E  REMO ( P.P.RUBENS )
Os caldeus, Tammech. Astrônomos latinos associavam a constelação de Gêmeos à história de Remo e Rômulo, os gêmeos, filhos da vestal Reia Silva e do deus Marte. Conta o mito que o avô (Numitor) lhes deu uma área no monte Palatino para que nela fundassem uma cidade. Cada um deles levantou edificações, recebendo a constelação por isso o nome Pilares de Tijolos. Na antiguidade romana, a constelação também foi representada por duas estrelas posicionadas acima de uma embarcação, emblema protetor de Roma por determinação de Júpiter. Os dois gêmeos aparecem em muitas moedas cunhadas em Roma, ora como duas estrelas sobre a referida embarcação, ora como dois jovens cavaleiros, ora como recém-saídos de um ovo partido. 

SANTELMO
Nos Atos dos Apóstolos, lemos que os gêmeos aparecem ligados à história do navio que São Paulo e seus companheiros tomaram quando do naufrágio que os levou à ilha de Malta. Os Dioscuros são citados como protetores da navegação com o nome de Santelmo ou Fogo-de-Santelmo, pequena chama, causada pela eletricidade atmosférica, que aparece ocasionalmente na extremidade dos mastros e das vergas dos navios ou nos filamentos dos cabos, durante as tempestades.


COSME  E  DAMIÃO
No mundo católico, relacionada com o signo de Gêmeos, encontramos também a história dos irmãos Cosme e Damião. Para os autores católicos que a relataram, os nomes significam, respectivamente, pureza (Cosme) e timidez, mansidão (Damião), retirado estes sentidos, quanto ao segundo, da palavra damo, corça, gamo. Nascidos na Ásia Menor (antiga cidade de Egeia), foram instruídos nas artes médicas e se dedicaram à cura de seres humanos e de animais, gratuitamente. Eram conhecidos pelo nome grego de anargiras, avessos ao dinheiro. Pouco se sabe deles, mencionando-se apenas que teriam morrido como mártires na Síria, no ano de 300 dC.

Aos poucos, a história dos dois irmãos se espalhou pelo Egeu oriental, passando eles, a partir do séc. V dC, a ser venerados como médicos dos pobres, escolhidos desde então como patronos dos profissionais da área (confrarias), celebrando-se em 26 de setembro as festas em sua homenagem. Alguns estudiosos defendem a tese de que Cosme e Damião nunca existiram, sendo sua história, no mundo católico, tão somente uma versão do mito grego dos Dioscuros.  

ASCLÉPIO
Segundo a lenda propagada, Cosme e Damião teriam empregado, adaptando-a, uma técnica de cura, a incubatio, muito utilizada no centro médico de Epidauro, pelos sacerdotes-médicos do santuário do deus Asclépio. Esta técnica consistia em fazer com que os pacientes pernoitassem numa igreja para que, induzidos ao sono, recebessem, através de sonhos, mensagens do santo tutelar da igreja que os orientaria no sentido da obtenção de sua cura.


IBEJIS
Nas religiões afro-brasileiras, Cosme e Damião são sincretizados como entidades infantis, os Ibejis, gêmeos amigos das crianças. Divindades dos iorubás, os Ibejis (ibi, nascimento, e eji, dois), são os protetores naturais de todos os
MACACO  COLOBO
gêmeos. No complexo e riquíssimo simbolismo dos cultos afro-brasileiros, os Ibejis são representados de diversos modos. Uma das suas mais fabulosas associações simbólicas é feita com o macaco colobo, cujo comportamento o transforma numa figura emblemática mística dos referidos cultos dos Ibejis. 


COROA   BOREAL
Entre os celtas, a constelação de Gêmeos era visualizada nos céus através dos irmãos Dylan e Lleu, filhos da deusa Arianrod (círculo de prata). Faziam parte do panteão celta insular (Irlanda e Grã-Bretanha), cuja mãe era a deusa Danu, que tinha por marido o deus Bile, uma espécie de Dis Pater dos latinos.  Um dos filhos do casal era Gwydion, deus civilizador, dispensador das artes e benfeitor. Unindo-se à sua irmã Arianrod, divindade tutelar da constelação da Coroa Boreal, ele a fez, a contragosto, mãe dos gêmeos Lleu ou Lug e Dylan, representantes dos poderes da luz e das trevas. 

AHURA  -  MAZDA
Os povos da antiga Pérsia projetavam nos céus o conflito entre a luz e as trevas através dos deuses Ahura-Mazda e Ahriman. A história começa quando, antes de Zaratustra (reformador religioso), a principal divindade do país era Mithra, que aparecia também como Ahura, divindade guerreira sem rival. Com as conquistas dos aquemênidas, poderosa tribo, a figura da divindade suprema toma o
MITHRA
nome de Mazda (sabedoria, um misto de mada, entusiasmo orgiástico, bebedeira, mais mastim, iluminação). Mazda se tornou uma divindade dispensadora de poderes transcendentais. Aos poucos, cunha-se a expressão Ahura-Mazda para designar essa divindade suprema. 


ZARATUSTRA
( R. DE SANZIO , 1483 - 1520 )
Com a reforma religiosa de Zaratustra (séc. VI aC), implanta-se o Mazdeísmo. Pela fusão de seus dois nomes, Ahura-Mazda se transforma em Ormazd. Como polo oposto, seu irmão gêmeo, temos Ahriman. Ambos são filhos de Zurvan, deus do tempo. O primeiro representa a vida, a verdade, a luz; o segundo, a morte, as trevas, a mentira. Eles se definem pelo seu antagonismo. O primeiro é um anti-demônio; o segundo, um anti-deus. O mundo real é produto da luta entre os dois. 

O ego sempre luta para tomar o caminho da luz, seja por iniciativa própria (vontade) como por pressões sociais por questões de sobrevivência da sociedade. Já a sombra, o nosso lado oculto, representa os valores que reprimimos ou que recusamos a admitir. O lado sombrio em Gêmeos está sempre procurando interferir no lado luminoso, penetrando na luz, razão esta que nos leva muitas vezes a considerar o geminiano como volúvel, inconsistente e potencialmente traiçoeiro, pouco confiável. 


HELENA
(MORGAN , 1898)
Não é possível também deixar de considerar, quando nos aproximamos de Gêmeos, os componentes femininos do signo. Esta influência encontra explicação no fato mitológico de fazerem parte os Dioscuros, na realidade, de um todo quádruplo, pois são irmãos de Helena e de Clitemnestra. A primeira é filha de Zeus e de Leda, é bela, belíssima, é o que os gregos denominavam symbolon por integrar na sua personalidade a totalidade das forças geradoras do feminino. Ela sintetiza vários arquétipos femininos que estão presentes nas mulheres de todas as épocas. Helena é rainha, mulher fecunda, esposa, adúltera, ardilosa, consciente, bela, apaixonada, vítima de sequestro, dominadora de homens, prostituta. Helena é a mulher atemporal do mundo ocidental na sua caminhada de quase três mil anos desde Homero.   Por sua beleza e por sua
CLITEMNESTRA
( J. COLLIER, 1882 )
origem divina, Helena tornou-se, em várias correntes místicas da antiguidade, a personificação de um feminino espiritualizado que desceu dos céus, passando a viver no plano terrestre, mas conservando os traços do seu esplendor original. Clitemnestra, por outro lado, é uma figura  sombria, uxoricida,  violenta, voluntariosa, mais “humana”, mais forte, diante da outra. A dualidade entre ambas é notável. Helena é divina, Clitemnestra é conduzida apenas por seus desejos e paixões. Consideradas, porém, individualmente, ambas produzem destruição, catástrofes, morte.

O nome Helena parece se originar do grego hellé, esplendor luminoso, solar. A esse nome se juntam nomes como Nephele, Helle (deusa marinha) e Selene (a Lua) para formar o campo semântico de Helena. Nephele é nuvem, neblina, neblina matinal, cujo correspondente latino é nebula, névoa. Há que considerar
HELLE ,  FRIXO  E CARNEIRO
ainda o verbo hedzesthai, sentar, pousar, como a neblina matinal se deposita sobre a terra. Nephele é o nome da mãe de Helle, irmã de Frixo, personagens que participam do mitologema do Velocino de Ouro. Ao ser transportada com o irmão pelo Carneiro divino para a Cólquida, Helle caiu no mar, um estreito entre a Europa e a Ásia. O lugar recebeu o nome de Mar de Helle (Helesponto). Helle foi salva pelo deus Poseidon, que a fez sua mulher e com ela teve três filhos. Divinizada como uma deusa do amor, Helena deu nome a uma corbeille na qual se colocavam, à guisa de oferendas a Selene “objetos que não se deviam mencionar” (símbolos fálicos).  

ELECTRA, ORESTES, CLITEMNESTRA
( CERÂMICA  ANTIGA )
Já Clitemnestra vem de duas palavras (klytos, célebre, e mnestor, recordar, não esquecer) que juntas significam “a que é famosa por não esquecer.” É a filha mortal de Tíndaro. Personalidade altamente problemática, tendo uma relação marital complicadíssima com Agamêmnon, rei dos aqueus, a quem assassinou, auxiliada pelo amante, Clitemnestra foi assassinada pelo filho Orestes, encorajado pela irmã Electra. O assassinato de Clitemnestra foi executado por Orestes por determinação de Apolo, o deus patriarcal por excelência. 

A polaridade geminiana é invariavelmente considerada só sob o ponto de vista masculino. Deve-se isto provavelmente ao fato do signo ser masculino, ativo, aéreo, ligado ao arquétipo do pensador de Jung. O complexo do puer aeternus conforme a psicologia profunda o encara, de “eterna juventude”, é masculino. O feminino de puer (menino, jovem) é puella (menina adolescente, moçoila). A manifestação deste complexo (masculino ou feminino) é muito comum em alguns signos astrológicos, sendo inegavelmente mais forte a sua presença nos tipos geminianos. Há muitos casos no mundo feminino de geminianas atacadas por este complexo (puella aeterna), casos esquecidos, que a Astrologia não pode esquecer. 



A constelação de Gemini vai hoje de 1º a 23º de Câncer. Segundo Ptolomeu, as estrelas que estão nos pés da figura têm características mercurianas e venusianas (moderadamente). As brilhantes estrelas na coxa  são saturninas. A estrela alfa de Gemini é Castor, a 19º 33´ de Câncer. Ovídio chamava esta estrela de Eques, isto é, o mortal gêmeo cavaleiro, filho de Tíndaro. É oportuno lembrar que até o início da era cristã, do período helenístico para o período romano da história grega, esta estrela recebia o nome de Apolo, uma divindade diurna. No Egito, como já se disse, Castor, como estrela da manhã era chamada de Horus, sendo Seth o seu nome vespertino, noturno (Polideuces). 


OVÍDIO
Na Índia, os nomes eram Buddha e Rauhinya. Os babilônicos usavam Castor para marcar a sua décima primeira constelação eclíptica. Polideuces (Pólux), estrela beta, está a 4º 05´ de Castor, isto é, na longitude 23º 38´ de Câncer.  É chamada por Ovídio de Pugil, isto é, O Pugilista, o gêmeo imortal, filho de Zeus. Ptolomeu afirmou que a estrela chamada Apolo (Castor) era como Mercúrio, enquanto Polideuces, por ele chamada de Hércules, era semelhante ao planeta Marte. 

O que devemos reter hoje sobre estas duas estrelas é que elas são produtoras de alternância, de polaridades, sendo encontradas muito ativas no mapa de muitos escritores (James Joyce, John Lennon,
JEAN   COCTEAU ( 1889 - 1963 )
Lewis Carrol, Charles Dickens e outros) que “misturam” o bem e o mal em sua vida e seus  textos tendo em vista uma proposta de integração, de busca de uma totalidade, sempre difícil, para não dizer impossível. Se Castor prepondera, o lado luminoso costuma ser mais enfatizado, trazendo mais agitação (Jean Cocteau é um exemplo). Se Polideuces se impõe, há consciência do conflito entre os dois, há mais angústia, questões filosóficas. Um geminiano deste último tipo é, por exemplo, Jean-Paul Sartre.


Alhena, a 8º 24´ de Câncer, é a estrela gama de Gêmeos. Está situada no pé do irmão que está ao sul. O nome vem do árabe Al Hanah, palavra que sugere uma ideia de ferimento, sendo
PTOLOMEU
conhecida pela expressão “O tendão de Aquiles”. A sua natureza para Ptolomeu é de Mercúrio e Vênus (moderada). Os árabes a designavam por uma palavra que significava “marca”. “cicatriz“ (ferro quente). Esta estrela, entre os egípcios, representava uma marca divina deixada na terra, algo como a pegada de um deus. Um toque sagrado, pois, que pode significar orgulho, excesso de determinação. Entre os judeus, era a marca divina imposta a Caim, marca que o livrou de ataques e agressões, mas, por outro lado, tornou-o símbolo de uma eterna peregrinação até o final dos tempos. Alhena pressupõe a ligação a uma causa, a um destino, uma ideia de algo a ser seguido apesar de todas as adversidades (um ferimento, por exemplo). As metas podem ter uma tradução física (nomadismo, significado acidental pelo signo oposto) ou intelectual, segundo as relações da estrela com os planetas do mapa. Wasat (O Meio, em árabe) é a estrela delta, hoje a 17º 48´ de Câncer, de natureza saturnina. Pode expor a violências e a perigos (produtos químicos, gases e venenos). As demais estrelas de Gêmeos não têm importância astrológica.