terça-feira, 17 de julho de 2018

AQUÁRIO (1)

   

Por volta de 4000 aC, a constelação de Aquário sinalizava para os povos do Oriente Próximo o solstício de inverno, visualizada nos céus como um gigante com um recipiente nas mãos, a derramar água. A área celeste governada por esse gigante era imensa, sendo chamada simplesmente de A Água, dela fazendo parte as seguintes constelações: Pisces, Cetus, Capricornus, Delphinus, Eridanus, Pisces Australis e Hydra, todas relacionadas com o elemento líquido.


ERÍDANO
Muitos povos que viviam em extensas regiões situadas entre a Europa e Ásia davam também à mencionada área celeste, pela mesma razão, o nome de O Mar. Essa região se estendia para eles, a partir da chamada Cabra Marítima (Capricórnio), na direção do oriente, nela se situando Peixes: na direção  noroeste fica o agrupamento estelar chamado Delfim; na direção sul, ficava o agrupamento Peixes Astral; e na direção se encontrava a Baleia. Os gregos deram o nome de Erídano ao uma faixa estrelada que, atravessando a Baleia (Cetus, desaguava na constelação de Orion. Erídano, lembremos, na mitologia grega foi um dos muitos filhos dos deuses marinhos  Oceano e Tétis. Era um deus-rio que aparece associado ao terceiro trabalho de Hércules e à história do malogrado herói Faetonte.

CONSTELAÇÃO  DE  AQUÁRIO
Os babilônicos davam às estrelas de Aquário o nome de “Assento das Águas Moventes”, nelas vendo a origem das tempestades de inverno e das correntes que um dia haviam precipitado o dilúvio sobre a terra. As primeiras referências que temos sobre o dilúvio, cujas águas teriam vindo dessa região do céu, nós as encontramos, até onde a pesquisa histórica conseguiu se estender,nos antigos textos de uma famosa epopeia sumero-babilônica nos quais se conta a história do herói mítico Gilgamés. Pelos referidos textos ficamos sabendo que os humanos, criados pelos deuses, devido aos seus pecados, nunca muito claramente definidos, deveriam ser destruídos. A decisão foi tomada pelos deuses (Anu, Bel, Ninib e Enugi), numa assembleia divina, realizada na cidade de Suripak, às margens do rio Eufrates. Ea (etimologicamente, a casa da água), identificado pelos gregos como Poseidon, deus do Apsu (rio-mar que envolvia e suportava a terra), sentindo muita pena da humanidade, resolveu intervir, ajudando-a. 


UTNAPISHTIN
Ea recomendou a Utnapishtin, um dos habitantes de Suripak, que construísse um barco de cento e vinte côvados (medida equivalente a 66 cm.), cerca de 80 metros, e o carregasse com todos os bens que pudesse, para que ele e sua família, mais os animais e os pássaros recolhidos, se salvassem quando a tormenta se abatesse. Depois de seis dias e seis noites de tempestades jamais vistas, tudo se acalmou, mas a terra havia se transformado num grande lamaçal. Da sua barca, encalhada no alto de um monte, Utnapishtin soltou sucessivamente uma andorinha, uma pomba e um corvo. Os dois primeiros, depois de muito tempo, voltaram à embarcação porque não haviam encontrado onde pousar. O corvo nunca mais voltou, nunca se sabendo o que lhe aconteceu. 

Utnapishtin desceu então do seu barco, fez uma libação aos deuses e depositou uma oferenda no alto da montanha. Por intervenção de Ea, mais uma vez, os deuses aceitaram os sacrifícios e Bel, tomando as mãos de Utnapishtin e de sua mulher, lhes disse que a partir daquele momento constituiriam a raça humana, semelhante à dos deuses, fixando-lhes, para que pudessem viver a salvo dos cataclismos, um retiro inviolável e paradisíaco na embocadura dos rios. 

Passaram-se desde então séculos e séculos. Os humanos, esquecidos das  promessas que haviam feito, abandonados os sacrifícios, o “alimento” dos deuses, voltaram a proceder mal, fechados cada vez mais no seu egoísmo. A mais remota ideia que temos da instituição do sacrifício nos vem desses tempos.





Foi no mundo mesopotâmico que se fixou a ideia, depois levada para outras civilizações, que o homem havia sido criado pelos deuses para não só servi-los como para vesti-los e alimentá-los, além de lhes dar muitos presentes. Dentre os sacrifícios mais comuns estava o de aninais, cujo sangue ratificava a ligação entre o homem e o divino. Muito importante, nessas cerimônias, era o item  dos alimentos oferecidos aos deuses, os mesmos que os humanos mais apreciavam, peixes, carne, cremes, mel, bolos e cerveja, esta também muito utilizada pelos egípcios, conhecida como a bebida da imortalidade.

OSSO   SACRO
O tema do sacrifício, salienta-se, sempre este presente em todas civilizações da antiguidade. Os presentes e os sacrifícios, por exemplo, vão aparecer também  na Bíblia, no Gênesis. A palavra veio do latim, sacrificium, para nós. Ou melhor,  de sacrum facere, realização do sagrado. Esta realização era feita, principalmente, pelo oferecimento do chamado osso sacro aos deuses. 


HIPÓCRATES
A título de curiosidade, registre-se que osso em grego é osteon. Quando da tradução da obra de Hipócrates, o pai da medicina, do grego para o latim, o tradutor, com muita propriedade, acrescentou a palavra hieron (sagrado) para designar esse osso, ao qual se deu o nome de sagrado porque na cavidade por ele formada alojavam-se os órgãos genitais, através dos quais, pela atividade sexual, os seres humanos eram trazidos à vida, uma função sagrada. Não é por outra razão, aliás, que as mais antigas tradições astrológicas atribuem a tutela dessa região do corpo onde o osso sacro se encontra a Sagitário, cujo planeta regente é Júpiter.  
  
Encerrado este breve comentário sobre o tema do sacrifício, nossa história prossegue: reunidos, os imortais decidiram mais uma vez punir os humanos, tornados cada vez mais estéreis. Os campos perderam o seu verde, nada mais brotava. Durante cinco anos, apesar de grande sofrimento, a humanidade contudo resistiu. A partir do sexto ano, porém, os humanos começaram a se devorar entre si. A terra se despovoou rapidamente, o mundo vegetal foi sendo aniquilado rapidamente, os mares e rios começaram a secar, catástrofes nunca imaginadas. 

MAMI
Por iniciativa de Ea, novamente, a terra foi então repovoada por uma nova raça humana, criada por Mami, deusa dos destinos. Ela cortou catorze pedaços de lama, colocando sete partes à sua direita e outros sete à sua esquerda, partes que, respectivamente, deram origem então ao mundo masculino e ao mundo feminino, como os temos até hoje.


GILGAMÉS
Todas estas catástrofes, como nos revelam os mitos mesopotâmicos, vieram da mencionada região do céu, mais exatamente da constelação que no calendário babilônico recebeu o nome de Gu, palavra que significava ânfora, um recipiente sagrado; para os babilônicos, a referida constelação sempre apareceu associada às grandes inundações do solstício de inverno e à ideia de salvação da humanidade. Na sequência zodiacal estabelecida pelos mesopotâmicos, Aquário ou Gu, o último dos signos fixos, aparece com destaque na epopeia de Gilgamés, na qual encontramos também muitas referências à figura de Utanapisthin, este figura, desde então, associada ao signo.

Para melhor compreender esta associação, devemos lembrar alguns detalhes da grande epopeia de Gilgamés, composta provavelmente por volta de 2.000 aC. Por ela ficamos sabendo que nosso herói,
RUÍNAS  DE  URUK
certamente um personagem histórico evemerezado (rei do país de Sumer, 3.000 aC ?), o grande construtor das muralhas de Uruk, era tirânico, poderoso, cruel e opressor. Logo nos primeiros versos do poema se narra que Gilgamés não deixava nenhum filho para seu pai; dia e noite a sua violência continuava irrefreada; apesar disso, ele era o pastor de Uruk. Ele era um pastor, forte, magnânimo e sábio. Gilgamés não deixava nenhuma virgem para o amante, a filha de um guerreiro, a escolhida de um nobre. O lamento do povo era ouvido pelos deuses constantemente.



ENKIDU
Ouvindo os clamores do povo, Anu, o deus celeste, ordenou a Aruru, a deusa-mãe, que criasse “um igual” a Gilgamés, com o qual ele pudesse lutar, esquecendo-se assim de atormentar seu povo. É criado então Enkidu, uma espécie de gêmeo de Gilgamés, mas muito primitivo e selvagem, um ser que gostava de viver entre os animais. Logo ele e Gilgamés se tornaram companheiros inseparáveis. Um dia, porém, os deuses resolveram que Enkidu devia morrer (doença enviada pela deusa Ishtar). Não se conformando, Gilgamés resolveu trazê-lo de volta a vida. Para tanto, largou-se pelo mundo em busca da erva da imortalidade. Quem a conhecia era Utanapisthin, seu guardião, tornado imortal pelos deuses depois do dilúvio.

A epopeia nos relata que Gilgamés chorou amargamente a morte do amigo. Partiu então à procura de Utnapishtin, a quem os deuses haviam acolhido depois do dilúvio e instalado na terra de Dilmun, o paraíso sumério (talvez na região do golfo pérsico), descrito como o lugar onde nasce o Sol. Era protegido do deus Ea, deus da água doce e da sabedoria; patrono das artes e um dos criadores da humanidade. Com a conivência de Ea, Utnapishtin sobrevivera ao dilúvio na companhia da sua família e das “sementes de todas as criaturas vivas”. Depois disso, foi levado pelos deuses para viver para sempre na foz dos rios Tigre e Eufrates e recebeu o apelido de “O Longínquo”. 

Para chegar a Utnapishtin, Gilgamés, que em companhia de Enkidu havia vencido um touro bravio enviado por Ishtar, teve que
SHAMASH
enfrentar depois vários leões e os perigosos homens-escorpião, três situações em que temos uma clara referência à passagem do Sol pelos três signos fixos que antecedem Aquário, Touro, Leão e Escorpião. Os homens-escorpião, lembremos, são sentinelas das montanhas onde o Sol se põe ao cair da noite. Ao atravessar essas montanhas, sempre na direção do oeste, depois de muito perambular pela escuridão, Gilgamés chegou a um jardim a beira-mar. Shamash, o deus Sol, o viu e lhe disse que nunca encontraria a vida que procurava. A resposta de Gilgamés foi, como está no poema, um “discurso” tipicamente aquariano: Então, depois de errar e de me esfalfar pela vastidão selvagem, terei ainda de dormir e deixar que a terra cubra para sempre a minha cabeça? Que meus olhos vejam o Sol até que por ele sejam ofuscados. Embora eu não seja melhor do que um morto, porém que eu veja a luz do Sol.



SIDURI
Dito isto, e afastando-se, caminhou nosso herói em direção de uma mulher que por perto fabricava bebidas. Era Siduri, entidade divina que vivia à beira do mar, preparando vinhos, no jardim do Sol. Ao notar a presença de Gilgamés, Siduri passou o ferrolho na porta que dava acesso ao jardim. Gilgamés a questionou. Ela, então, lhe perguntou porque ele apresentava um ar tão faminto e o seu rosto estava tão macilento; qual o motivo de tanto desespero no seu coração, a sua abatida expressão de cansaço, como a de alguém que houvesse feito uma grande viagem. Gilgamés, depois de falar de suas aflições, da morte de Enkidu, do seu temor também de virar pó, perguntou-lhe como chegar a Utapishtin. Ela o mandou procurar o barqueiro Urshanabi. Assim foi feito e, depois de muitas peripécias, nosso herói conseguiu se apresentar a Utnapishtin. 

Gilgamés contou a sua história e pediu que O Longínquo, instruindo-o sobre a vida e a morte, lhe dissesse como encontrar a vida eterna que procurava. A resposta que obteve foi a de que tudo era impermanente e que os deuses é que distribuíam a vida e a morte, mas que o dia da morte eles nunca o revelariam. Utapishhtin acabou, contudo, por revelar ao nosso herói que o que ele procurava. A vida eterna poderia ser obtida se mergulhasse nas profundezas do oceano e de lá trouxesse uma planta maravilhosa, com espinhos, que devolvia ao homem a juventude perdida, tornando-o imortal. Assim fez Gilgamés, pensando em oferecer a planta aos homens para deles afastar para sempre temida ideia da morte. 

COM  A  PLANTA  DA  VIDA
Ao tomar o caminho de volta a Uruk, com a planta nas mãos, Gilgamés resolveu contudo descansar e banhar-se num lago, junto a uma fonte. Depositou a planta numa pedra e entrou na água. Mas nas profundezas desse lago havia uma serpente que, sentindo o doce perfume que emanava da planta, saiu da água e a arrebatou, abocanhando-a, voltando de novo às águas profundas do lago. Gilgamés nada viu. Olhou desesperadamente à sua volta, as águas silenciosas do lago nada lhe disseram. Angustiado como nunca, sentou-se sobre uma pedra e chorou por ter perdido a planta do rejuvenescimento.

Qual a lição a retirar desta história sob o ponto de vista aquariano? A imagem de imortalidade para Gilgamés era a de uma uma vida apenas prolongada, um antigo anseio da humanidade. Seu objetivo, desde o começo, foi o de um ego ambicioso e ávido de poder. As vitórias que Gilgamés sempre procurou voltavam-se tão só para o exterior, como as de Édipo, por exemplo. Além do mais, sua grande vitória dependia, como o mito nos mostra claramente, da posse de um produto, muito semelhante àquele que os alquimistas orientados para conquistas materiais sempre buscaram e jamais obtiveram, o cinábrio, a droga da imortalidade, que provocava uma regeneração física perpétua.

A volta de Gilgamés para Uruk, depois do seu fracasso, parece apontar para um recomeço. Teria sido sua longa jornada em vão? Ele não obteve a vida eterna que tanto desejava, objetivo último de suas aspirações. Igualar-se talvez aos deuses? Não será esse o grande sonho aquariano? Palavras de Gilgamés no poema: Ó Urshanabi, foi para isto que eu trabalhei com as minhas mãos, e para isto que o meu coração ficou sem sangue? Porque para mim nada ganhei; agora o animal da terra (a serpente) a tem em vez de mim. Já a correnteza a arrastou vinte léguas para os canais onde a encontrei. Eu achei um sinal e agora o perdi. Deixemos o barco na margem e vamos.


A  VITÓRIA  DA  SERPENTE
O poema se fecha com a “vitória” da serpente. Nada se soube se Gilgamés entendeu que a renovação da vida pertencia de fato à serpente. A conclusão a que muitos chegaram ao tomar conhecimento da sua busca é a de que nosso herói não estava ainda preparado para alcançar a imortalidade. Não entendeu a “lição” da serpente, desse “animal terrestre” como ele a chamou, que estava no centro de um complexo arquetipal de grande riqueza simbólica ao representar a vida das profundezas, reservatório de onde provinham todas as manifestações que apareciam na superfície. 

Gilgamés era um ser da superfície, fixado apenas nesta polaridade, nas conquistas de cima. O poema deixa subtendido que é a vida profunda, simbolizada pela serpente que vai se refletir na consciência diurna, da superfície. Não é por outra razão que os povos da Mesopotâmia, os antigos caldeus, principalmente, designavam vida e serpente por uma mesma palavra. Por isso, para eles, a serpente visível nada mais seria que uma fugaz encarnação do grande arquétipo urobórico, causal e atemporal, mestre do princípio vital e de todas as forças em operação no cosmos. Gilgamés não souber ler isto. 

Os antigos mesopotâmicos sempre afirmaram, comentando a história de nosso herói, que os deuses, por alguma razão insondável, não permitiram que ele conservasse a erva da vida. Uma explicação possível talvez pudesse ser tentada: ela não representaria muito provavelmente nas suas mãos uma mudança do homem interior nem corresponderia a um desejo profundo de iluminação e de expansão da consciência. Gilgamés, do começo ao fim da sua viagem, sempre permanecera fixado no seu ego. Nada mais restou então a ele senão voltar a Uruk, recomeçar a sua vida e assumir a sua condição de mortal. Como está no poema, Gilgamés cansou-se, exauriu-se em trabalhos e, ao retornar, descansou e gravou na pedra toda a sua história.


A história de Gilgamés tem astrologicamente óbvias relações com eixo Leão-Aquário e, por isso, com o domínio do fogo na sua expressão leonina. O nome Gilgamés, escrito muitas vezes como Gibilgamesh, contém o nome Gibil, um deus do fogo dos sumérios, no que se aproxima muito de Prometeu, também um sacerdote ligado ao fogo.. A história deste herói mesopotâmico parece ter servido de base para outros mitos e lendas cujos personagens são figuras representativas do descontrole do elemento ígneo no nível da vida instintiva (ariana) e racional (leonina) e do seu reflexo no polo oposto (Aquário). Prometeu, Hércules, Sansão, Noé, Tubalcain, Deucalião, Catapatha Brahmana e outros, neste sentido, “descendem” diretamente do herói mesopotâmico.

Numa síntese final da história de Gilgamés e de suas profundas ressonâncias aquarianas, não é possível deixar de se destacar a grande lição da serpente (vida subconsciente) que nosso herói não entendeu. Uma lição elaborada há milhares de anos e perfeitamente atual. Nosso herói, como fica fácil perceber para os familiarizados com uma leitura mais consequente dos mitos, também não entendeu que só lhe cabia viver como homem e não como um deus. Gilgamés fracassou e só lhe restaria morrer e deixar que cobrissem a sua cabeça com a terra, como ele mesmo reconheceu.

Utanapishtin lhe disse que jamais conquistaria a vida eterna. Não lhe caberia, como homem, outra alternativa senão a de encher a barriga, dançar, lavar-se, usar roupas limpas, cuidar do filho e tornar a sua mulher feliz. Este era o destino dos homens e com ele Gilgamés deveria se conformar. Aceitar a vida terrestre e aproveita-la. Seria a erva da imortalidade uma brincadeira dos deuses? O fato é que depois da oportunidade (?) perdida, Gilgamés se pôs a chorar. 

Como Orfeu, outro fracassado, ele não teria uma segunda chance. Vencido, deprimido e reduzido a um simples mortal, não lhe coube outra saída senão a de louvar a sua própria criação, os esplendores de Uruk. Seus discurso é doloroso, mas era a única coisa que poderia fazer: Vem, vem,
URSHANABI
Urshanabi, ver os muros da cidade, o seu terraço, toca neste trabalho feito na pedra, nos tijolos recozidos, magníficos. Os sete sábios edificaram as fundações destes muros. Olha esta cidade,  seus jardins, os terrenos à sua volta. Uruk, a minha cidade, ela é tudo isso. A lição que ficou para Gilgamés foi a de compreender que, para os mortais, a sabedoria consiste tão só em aproveitar, como puderem, a vida terrestre, já que, athanatoi (imortais), só os deuses, como diziam os gregos.