sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

PEIXES (5)

                          

CONSTELAÇÃO   DE   PEIXES

No cristianismo, lembre-se, o ritual da lavagem dos pés dos apóstolos acontece na última ceia. Os teólogos, desconhecendo a correta interpretação desse ritual, sempre o consideraram como um sinal de humildade. Todavia, se recorrermos à astrologia, fica evidente que esse ritual se inscreve no eixo zodiacal Virgem-Peixes, isto é, plexo solar e pés. O plexo solar, como se sabe, é o maior dos plexos (redes ou interconexões de nervos, vasos sanguíneos ou linfáticos) autônomos, situado na frente da artéria aorta e por trás do estômago, enviando ramos a todas as vísceras abdominais. O estômago, situado entre o diafragma e o duodeno, é o órgão onde se depositam os alimentos que ingerimos, sendo ali pré-digeridos e esterilizados, antes de serem enviados aos intestinos. 


CHAKRAS

A analogia salta fácil: a forma do estômago lembra a Lua; o intestino (delgado) é parte do sistema (tubo) digestivo que se estende do estômago ao ânus (parte do intestino grosso). No estômago, região lunar, temos ideias de acolhimento, de preparação (quimificação).O intestino delgado tem relação com Mercúrio, separando-se nele o útil, que o corpo absorverá, do inútil, que o corpo expelirá (quilificação). O intestino grosso tem a ver com Plutão, sugerindo ideias de transformação, de eliminação. No estômago, encontramos também ideias de disposição de ânimo, de energia disponível (“ter estômago para alguma coisa”), de capacidade para enfrentar algum problema, situações difíceis etc. Ter um “estômago de avestruz” é comer muito e de tudo, engolir indiscriminadamente. Já arrotar é emitir gases estomacais pela boca com sonoridade. Eructar no jargão médico. Simbolicamente, arrotar é vangloriar-se, alardear, blasonar. É também a eructação, conforme o caso, um sinal que revela sempre grande dificuldade para a digestão do que foi engolido, metabolismo deficiente, pessoas que não “trocam” bem com o mundo. Um dos focos deste problema é astrologicamente a Lua, que pode imobilizar pela memória. Ácidas ou azedas são designações que usamos, no capítulo  Astrologia & Saúde, para qualificar pessoas que eructam muito. 

É de se salientar que o processo de quimificação, conduzido astrologicamente pela Lua, acima referido, é o de produzir o quimo, produto parcial da digestão do bolo alimentar, que passa do estômago para o duodeno. Já a quilificação, conduzida astrologicamente por Mercúrio, tem a finalidade de preparar a última fase da digestão, quando o alimento se transforma numa massa líquida para ser absorvido em parte pelo organismo. Faz-se então a “separação” entre o útil e o inútil, enviando-se este último para Libra, o signo das águas residuais a eliminar, e Escorpião, o signo dos resíduos imprestáveis, da matéria não digerível.

Toda esta minha peroração, acredito, ganhará maior compreensão se recorrermos ao que os hindus têm a nos dizer sobre o plexo solar, para eles um dos chakras, centros de energia do corpo humano, na sua fisiologia (Yoga). O plexo solar entre os hindus tem o nome de manipura (cidade da joia), localizado na região lombar da coluna vertebral, ao nível do umbigo. Sua sílaba (mantra) é Ram (carneiro), sua divindade é Rudra, seu elemento o fogo, sua cor o vermelho, seu lótus o de dez pétalas, seu mandala o triângulo.
MANIPURACHAKRA
Assemelha-se o manipurachakra a um forno onde se preparo retorno da matéria ingerida a um estado embrionário tendo em vista um renascimento. A substância morre para renascer numa forma sublimada. Juntando-se estas observações ao que a astrologia nos oferece, que pés e plexo solar estão interligados, podemos notar, segundo os princípios da ação reflexa, que ativados os pés, massageados, mergulhados em água morna, fazemos o plexo solar funcionar melhor, energizando-se assim bem mais o nosso corpo. 


PINTURA  EM  PAREDE,  IGREJA  DE  SANTA  MARIA  DEL  MAR, BARCELONA

Quando Cristo lavou os pés dos apóstolos na última ceia estava, antes de nos dar uma lição de humildade, preparando-os para a grande tarefa que teriam à frente, a de propagar, em longas caminhadas, a doutrina cristã pelo mundo. Sob um  outro enfoque, o que temos aqui é uma aplicação daquilo que as terapias corporais orientais usam, englobadas, no ocidente, sob a designação de reflexoterapia, uma terapêutica que consiste em provocar, por excitação, picada ou cauterização, reflexos em uma parte do corpo afastada do ponto ativado.


ÉDIPO E ANTÍGONA
(A.BRODOWSKI, 1784-1832)
A tragédia de Édipo, narrada pelos trágicos gregos, é, por exemplo, um nó pisciano de mal-entendidos, de incertezas, de coisas que deveriam ter sido ditas e que não foram, um mundo de mentiras protetoras, de mistérios, de subterfúgios e de segredos, uma atmosfera tão a gosto de grande parte dos piscianos. Além do mais, Édipo sempre se contentou com vitórias externas, entrou no papel de salvador da humanidade, um papel no qual os piscianos se sentem muito bem. Édipo jamais se questionou interiormente. Viveu o seu “teatro” até o fim, mesmo já pressentindo que “alguma coisa” não estava certa. Mesmo quando Tirésias e o soldado fujão estavam prestes a pôr tudo à mostra, Édipo afirmou, como se fosse “dono da verdade”, cheio de bazófia, que o responsável por todas aquelas calamidades que estavam sendo narradas merecia bem mais que a morte. A constatação final é a de que o destino, o Fatum, não permitiu que nenhuma consolação lhe fosse oferecida. Uma talvez: Antígone o acompanhou até o fim de seus dias. Mas o que Édipo gerou foi muito além dele, como acontece, aliás, com qualquer ato humano. 


MORTE DE ANTÍGONA
(MICHAEL DAVIS, 1948)
Antígone conhecerá um fim trágico; será condenada pelas leis da cidade (Creonte) por ter dado sepultura a seu irmão Polinice. Creonte, que voltara a assumir a regência de Tebas, será vitimado também pela engrenagem: Antígone se enforca na prisão, como acontecera com sua mãe; seu primo e noivo, Hemon, filho de Creonte, vendo o cadáver da noiva, se mata; a mulher de Creonte, Eurídice, desesperada diante do corpo inerte do filho, suicida-se também. O que podemos dizer, a esta altura, é que os gregos sempre souberam que as desgraças nunca vêm só. Quanto a Creonte, cheio de dor e sofrimento, jamais recomposto das suas tragédias familiares, morrerá mais tarde nas mãos de Teseu, quando de uma batalha travada entre Tebas e Atenas. 


Édipo nunca procurou tomar consciência das forças destrutivas que faziam parte de sua personalidade. Sua inocência, porém, não pode ser contestada. Foi violento como o mar pode ser violento, jamais cruel ou pérfido. Suas intenções nunca foram más. As reações de Édipo, como está na sua crônica, são quase sempre emocionais, como são as dos nativos de Peixes. Édipo sempre foi muito tolerante para consigo mesmo, auto-indulgente. Desde a sua origem, foi um homem de “boa vontade”; afastou-se dos seus “pais” de Corinto, acreditando agir assim da melhor maneira. Não viu nenhuma razão para recusar a mão de Jocasta, cuja identidade ignorava. Tornou-se herói aclamado. Mas tudo isto não bastou...

A casa XII tem analogia com o signo de Peixes, sendo considerada na astrologia ocidental como um lugar de provas, de sacrifícios e também de redenção. Esta casa, como as demais mutáveis, aliás, nos fala sempre de ritos de passagem a serem observados com base em fortes acentos de sacrifícios pessoais. Édipo, mais do que qualquer outro herói grego, tem a sua vida profundamente marcada por este setor do zodíaco; ninguém no mito parece ter acumulado como ele tantas provações. Na sua história, o peso da culpa é imenso, como o é também o de sua irresponsabilidade. A sua cegueira não deixa de ser uma tradução de sua inconsciência, ligando-se o conceito de sacrifício à natureza oblativa dos nativos de Peixes. Para muitos piscianos, o tom maior de sua vida é dado por uma das operações mais radicais da alquimia, a mortificatio, a mais negativa das operações alquímicas, uma variante da solutio.

Em termos alquímicos, o signo de Peixes associa-se à operação que conhecemos pelo nome de solutio, basicamente a transformação de um sólido num líquido. O sólido desaparece no solvente, integrando-se de tal maneira que não mais será possível distinguir um do outro. É, como se depreende, um retorno à indiferenciação. Os hindus costumam representar esta solutio pela dissolução de uma pedra de sal à água.


SOLUTIO
Embora o deus Dioniso seja estudado normalmente por suas ligações com o signo astrológico de Escorpião, não podemos ignorar que a sua atuação tem muito a ver com a solutio pisciana. Para que fique mais clara esta associação de Dioniso com Peixes, precisamos lembrar que uma das principais características, nesta sua área de atuação, é a sua relação com a totalidade. Quando o Sol chega a esta constelação, o último mês do inverno, a totalidade criada chega ao fim. Nada mais ficará preso a uma forma. O signo de Peixes se situa no limite entre dois universos, um que está deixando ser e outro que ainda não é.  Por isso, o símbolo do signo, dois peixes nadando em sentido contrário expressam tão bem esse setor do zodíaco. 

JOHAN SEBASTIAN BACH
É por essa razão que aos nativos do signo é impossível aplicar a lógica do signo oposto, a análise, já que vivem mergulhados na sua interioridade, intimamente relacionados com o êxtase e a compaixão. Eis porque o signo acolhe gente como Johan Sebastian Bach, com as suas catedrais musicais, Michelangelo, o pintor do juízo final, e Einstein, com a sua formulação do infinito cósmico diante da finitude terrestre.


NETUNO E SEU TRIDENTE
É neste período do ano, fevereiro-março,em que o úmido reina soberano, que temos, com toda a sua evidência, sinais de difusão, de diluição, de fusão das partes na totalidade, de imensidão fluida. A água é o elemento em que os mais profundos mistérios da vida se radicam. Nascimento e morte, passado, presente e futuro, tudo se interliga com a água. É por essa razão que os espíritos da água profetizam; para eles, não há fronteiras entre o passado, o presente e o futuro. O tridente de Netuno põe tudo em comum.

Como sabemos, duas divindades atuam nos mistérios de Eleusis, Deméter (signo de Virgem, o pão) e Dioniso (signo de Peixes, o vinho). No santuário de Deméter em Eleusis tinha lugar anualmente um rito iniciático denominado mysteria, no qual os iniciados eram chamados de mystai. Esse nome deriva de myo, calar. Os mystai, nesse ritual, adotavam um comportamento religioso denominado orgiástico, palavra que aproximamos do grego orgas, pleno de seiva; terra fértil; porção de terra muito rica, consagrada a Deméter e a Perséfone; de orge, agitação interior que subjuga a alma; sentimentos violentos e apaixonados; ceder à cólera; frenesi.


CULTO  DIONISÍACO ( WILLIAM A. BOUGUEREAU , 1825 - 1905 )

Este comportamento era muito parecido com o das sacerdotisas do deus Dioniso, comportamento ao qual era dado o nome de mania, uma espécie de delírio das bacantes do deus, uma alteração de personalidade, que levava a movimentos convulsivos e espasmódicos, trazendo, ao final do ritual, uma sensação de despersonalização e de invasão do vazio criado (êxtase) por uma entidade divina (entusiasmo).

MISTÉRIO ELEUSINO
A orgia envolvia toda a comunidade (os mystai), tinha um caráter de unanimidade, isto é, ninguém podia deixar de participar. Se tal acontecesse, se alguém deixasse de participar, um que fosse, o objetivo do rito não era alcançado, renascimento para um outro tipo de  vida, a “morte” do eu profano. Os métodos usados para se chegar a este envolvimento total dos participantes consistia em levá-los a um elevado grau de excitação, um paroxismo provocado pela repetição muitas vezes prolongadas de determinas palavras de natureza encantatória, tudo em meio a muita música, com a ingestão de uma bebida enteógena chamada kykeon, uma mistura de vinho e de determinadas ervas. A finalidade era a de provocar uma modificação na personalidade dos participantes que destruísse totalmente o antigo ego, oferecendo um terreno propício para o desenvolvimento de um espírito de seita, inclusive sob o ponto de vista institucional.

Este rito eleuisino tinha claramente uma tendência cultural que pretendia suprimir socialmente a desigualdade, tendência que estava implícita e explícita no “discurso” do deus Dioniso, isto é, a abolição de fronteiras sociais. Não é por outra razão que as pregações nos cultos de Dioniso procuraram atingir, desde os primeiros momentos de sua difusão pelo território grego, os deserdados, as classes menos favorecidas, os marginalizados socialmente, as mulheres, os escravos, os estrangeiros, as crianças. 

RUÍNAS   DE   ERIDU
Dentre os mitos mesopotâmicos que podemos aproximar do signo de Peixes, destacamos o de Adapa. Este personagem faz parte da mitologia da Babilônia. Sua história é conhecida desde o séc.XVI aC. Adapa foi uma espécie de herói, de linhagem divina, mas mortal, que rejeitou a imortalidade que os deuses lhe concederam. Era filho de Ea (Casa da Água), deus da sabedoria, da cidade de Eridu (a primeira cidade a emergir do mar), uma espécie de Poseidon mesopotâmico. 

Ea era deus dos oráculos, sendo representado muitas vezes como um cabrito montês com cauda de peixe. Adapa foi talvez o primeiro rei de Eridu; era pescador. Seu barco, um dia, foi atacado por Ninlil, deus do vento sul. Vingando-se, quebrou as asas do deus. Chamado a se explicar perante Anu, o maior dos deuses, foi aconselhado pelo pai a nada ingerir (bebida ou comida) enquanto estivesse no céu, pois morreria. Com sinceridade, narrou o que lhe aconteceu; Anu ficou impressionado, oferecendo-lhe, ao invés de comida, a imortalidade, por ele rejeitada. Depois, tornou-se Adapa religioso e exorcista. Quando de sua morte, os deuses lhe deram um lugar entre os sete sábios, tendo recebido o nome de Apkalu (Grande Homem da Água). Além de representado numa forma capricorniana, Ea assumia às vezes uma forma humana, de cujos ombros fluíam correntes de água; noutras representações, vinha como um aguadeiro, trazendo nas mãos um enorme vaso cheio de água, que despejava sobre a terra em determinadas épocas do ano. Ea, como se pode perceber, “dominava” o quarto quadrante zodiacal, reunindo as representações dos seus três últimos signos, uma indicação, talvez, de que as fronteiras das referidas três constelações, àquele tempo, ainda não haviam sido definidas.

ADAPA
Outra figura mítica que nos vem da Babilônia, ligada a Peixes, é a de Oannes. Quem nos dá notícias sobre esse personagem é Beroso, séc. III aC., considerado como o primeiro nome da astrologia grega. Beroso era mesopotâmio, caldeu (sinônimo de astrólogo), sacerdote dos cultos de Marduk. Trouxe para o mundo grego a ideia de que a astrologia era uma ciência esotérica. Foi ele que divulgou no mundo mediterrâneo a história de um ser mítico, Oannes, um educador da humanidade. Descreve-o como sendo um homem-peixe que um dia, saindo das águas do golfo pérsico, alcançou a terra para transmitir aos humanos a escrita, a
OANNES
ciência e as artes em geral, uma espécie de divindade civilizadora. Para muitos, Oannes seria uma personificação do deus Ea. As ligações entre Adapa e, principalmente, Oannes com Matsya, o primeiro avatar do deus Vishnu, na forma de peixe, são possíveis, se lembrarmos que nas histórias o caráter soteriológico é o que mais se destaca. 

MATSYA
A história de Matsya, entre os hindus, se liga ao tema do dilúvio. Vishnu, como Matsya, apareceu na forma de um pequenino peixe para salvar Manu, homem mítico, fundador da atual humanidade. Manu encontrou na água que usava para as suas abluções um pequenino peixe que, escorregando das suas mãos, lhe pediu proteção. Disse-lhe também Matsya que o salvaria quando viesse o dilúvio que destruiria a humanidade. Matsya foi crescendo tanto que Manu foi obrigado a levá-lo para o oceano. Foi nesse momento que o avatar se manifestou. Recomendou a Manu que construísse um grande barco e que para ele levasse os sábios, os animais e as plantas que pudesse. Manu prendeu a embarcação a Matsya com o corpo da serpente Shesha ou Ananta conseguindo se salvar. No mito, quando Vishnu, o aspecto mantenedor da trimurti hinduísta, dorme, o universo se transforma então num grande oceano. O deus repousa então sobre o corpo da grande serpente.


PHILON
A presença da mitologia mesopotâmica na religião judaica é marcante. Os judeus parecem ter herdado dos mesopotâmicos um personagem que usaram para dar nome ao signo de Peixes. No antigo testamento há algumas referências (em José e Samuel) a
DAGON
Dagon, deus semita da fertilidade e da pesca abundante. Quem nos dá também informações sobre Dagon é Philon (fim do séc. I dC), filósofo grego de origem judaica, que, com base num misterioso escritor fenício, se propôs a demonstrar que toda a mitologia grega tinha por base a mitologia fenícia, que explicaria inclusive as primeiras gerações dos seres humanos na terra.


DAGIM
Os judeus dão o nome de Dagim, ao signo de Peixes (dag, em hebraico, é peixe), sendo o mês chamado de Adar. No corpo, a correspondência é com o baço, órgão associado às emoções, ao riso e a paixões sexuais (gargalhadas podem ser sinal de mau funcionamento, de dilatação do baço). A festa mais importante do período é a do Purim, nome persa, que, em hebraico, quer dizer lançar a sorte. O clima é de festa, há representações teatrais, pratica-se a caridade. 

O mês de Adar marca o fim do inverno, opondo-se a Elul, fim do verão. Segundo a astrologia judaica, os piscianos têm uma personalidade muito flexível, adaptam-se facilmente às mudanças, tendo algo neles de teatral. Isto se deve, dizem os judeus, ao fato de ser Peixes o último signo, o que representa a possibilidade, nos do signo, de ser atingido o mais alto nível de desenvolvimento de sua personalidade. Isto se deve ao fato de não se sentirem eles constrangidos por nada materialmente, o que os leva a se adaptar ou mudar com facilidade. 

O mês de Adar simboliza tanto a nação de Israel como a própria Torá. Esta, a Torá, e a nação israelita formam uma analogia: o peixe está em casa na água. O judeu só poderá se sentir bem, como o peixe na água, se observar a Torá. Os dois peixes do símbolo, aliás, correspondem aos dois aspectos da Torá, a escrita e a oral, associando-se ela, neste aspecto, a Gêmeos (Sivan), cuja duplicidade tem o mesmo significado. A água, elemento do signo, é símbolo da Torá, que flui como a água corrente.

Uma das principais características dos nascidos neste mês é a da imitação, uma facilidade para o teatro, para a pantomima, sendo esta uma das razões pelas quais os que participam do Purim usam fantasias e máscaras. Alegria e risadas, proibidas em outras cerimônias são excepcionalmente permitidas neste período. 


ESTER   E   MORDECHAI  ,  1685  ( ARENT DE GELDER )

De acordo com a astrologia judaica, os piscianos são muito flexíveis, adaptáveis. É isto que os leva, com facilidade, a se associar a outras pessoas, transformando-se muitas vezes em atores. No judaísmo, o grande poder do signo se manifesta, como se disse, na festa do Purim. Duas figuras se destacam dentro deste signo, Esther e Mordechai. A primeira era uma jovem viúva, “bela de se olhar”, com está na Bíblia, que desposou o rei persa Xerxes, salvando os judeus do extermínio, juntamente com seu tutor Mordechai. A festa do Purim foi instituída, nos dias 14 e 15 de Adar, para comemorar essa vitória. O período marca também a aceitação, pelos judeus, da Torá em toda a sua plenitude, fato que proporcionou, desde então, nesse mês, o crescimento do poder espiritual e da santidade do povo judaico.   

É neste mês, dizem os astrólogos judeus, que o homem, através dos poderes de sua alma, pode transcender o seu nível corpóreo, escapar do plano material. Negativamente, esta tendência pode levar ao alcoolismo e às drogas. A tendência à despersonalização pode, por isso, levar o pisciano à mentira e à ignorância das suas responsabilidades materiais. 

ASTROLOGIA  HEBRAICA
Os astrólogos judeus nos explicam também que enquanto um dos peixes do signo olha para Aquário o outro se volta para Áries. O primeiro representa a totalidade do plano físico, o segundo diz respeito à eternidade da energia (alma). Representam também os dois peixes, como se disse, Esther e Mordechai que, através de sua retidão e pureza, muito contribuíram para manter a unidade do povo judeu. Os judeus relacionam ainda os signos de Adar e Sivan, Peixes e Gêmeos, duplos, através, respectivamente, de Esther e  Mordechai o primeiro, e de Moisés e Aaron, o segundo, que libertaram os judeus dos egípcios.


MIRRA
O membro do corpo associado ao signo de Peixes é o pé no que ele tem de mais extremo, de último, a parte que assenta no chão, a mais sensível, lugar das cócegas, de gargalhadas, na sua expressão mais frívola. Outro órgão regido por Peixes, segundo os judeus, é o nariz, onde está sediado o olfato.
MIRTO
Esta relação é estabelecida através de Esther e de Mordechai na medida em que eles se associam a especiariam doces. O último tem relação com a mirra (
mordror, em hebreu) e Esther, por seu turno, é chamada de Hadassa, o mirto. A primeira é uma planta da qual se extrai uma resina aromática usada desde a antiguidade como incenso e na medicina, considerada então como muito valiosa. O mirto é planta que dá flores e pequenos frutos aromáticos, usados em geleias. Entre os gregos era usado como símbolo de Afrodite. O olfato é tido como o mais espiritual dos sentidos, pois dá prazer à alma. 

A tribo associada a Adar é a de Neftali., o Combatente, sexto filho de Jacó, nascido da serva Bilha; a tribo vivia a oeste do rio Jordão e do lago de Genesareth. Os judeus fazem uma outra associação, relacionando duas outras tribos com o signo, a de Efraim com um dos peixes e a de Menaseh com o outro. O primeiro é o segundo filho de José, que o patriarca Jacó adotou no momento de morrer, colocando-o, embora mais novo que Menaseh, na situação de primogênito. 


CHANUKAH
Entre os judeus,  planeta que rege Peixes é Júpiter (Tsadik, o probo, o justo), que governa também Sagitário (Kislev). Os sábios judeus instituíram duas festas nestes meses, Chanukah e Purim, períodos em que os poderes do engano e do mal, que caracterizavam os persas e os amalecitas, foram derrotados. O planeta Júpiter associa-se tanto à probidade quanto com a caridade. Segundo a tradição astrológica, no simbolismo do corpo humano, as influências das pernas, que começaram em Kislev, se completam em Adar. Se a letra Kuf “criou” Peixes, Júpiter foi “criado” por Guimel, letra que significa compartilhar. A letra Kuf é a única no alfabeto hebraico que se estende abaixo da linha da escrita, significando isso que ela é dupla, tendo ligações com o mundo das ilusões, da vida subconsciente. Se o fator de correção (tikum, eixo dos nós lunares) de um mapa estiver em Peixes isso pode significar apego demasiado à lógica, a racionalizações em vidas anteriores. O tikum em Peixes sugere que, além da razão, há outro modo, talvez mais importante, de apreender a vida. Há que se deixar de lado, um pouco ou muito, só as explicações racionais.   

A constelação de Peixes estende-se hoje de 15º de Peixes a 26º de Áries. Não há estrelas brilhantes nesta constelação. A única a considerar astrologicamente é Al Rescha, que marca o nó dos cordões que unem os peixes, uma estrela de quarta magnitude, a 28º41´ deÁries. Ptolomeu atribuía-lhe influências marcianas e mercurianas, estas bem moderadas O simbolismo do nó ajuda-nos a interpretar Al Rescha. Onde a tivermos, ali procuraremos unir conceitos, trabalhar com a ideia de aproximar para ampliar a nossa compreensão, para buscar uma visão mais abrangente. Quadrantes em que estiver e planetas em aspecto com ela influenciarão também dessa maneira. Negativamente, o nó é maléfico quando funciona como obstáculo, perturbação da ordem natural das coisas, lugar em que algo pára, um ponto de coagulação. Positivamente, o nó é
CARL  GUSTAV  JUNG
proteção, meio de defesa contra inimigos, grau de iniciação. Um mapa que poderá ser estudado para uma maior compreensão do que Al Rescha  pode significar é o de Carl Gustav Jung, que procurou integrar várias formas de conhecimento na sua psicologia profunda.