terça-feira, 3 de janeiro de 2012

MITOLOGIAS DO CÉU - A LUA (2)


A etimologia de Ártemis foi uma das mais discutidas na mitologia grega. Alguns a aproximam do antigo persa (artha-fernes, artames), dando-lhe uma origem asiática. Outros apontam para a Índia, vendo a origem de Ártemis no vocábulo védico artu, que traduz uma ideia daquilo que periodicamente retorna, que regularmente se faz, como mês, estação etc. Artu vem do tema vart, que, por exemplo, deu em latim verso, vertare, voltar muitas vezes, retornar.

Outras etimologias admitidas e discutidas: artos, urso; artamos, sanguinária; artemis, são e salvo, cada uma delas aceitável parcialmente.O urso, como sabemos, sempre foi considerado um animal lunar, o primeiro companheiro do homem pré-histórico nas cavernas. Parecido com o ser humano, é plantígrado como o homem, anda ereto (Sol no topo da cabeça), seus olhos, ao contrário da maioria dos animais, são direcionados para a frente. O urso lembra em muitas tradições uma criança que nasceu mal formada e que será completada pelas carícias e pelo leite materno. Analogicamente, o urso evoca a criação do mundo e o processo de individuação do ser humano, ambos, cada um a seu modo, nascidos do caos. Nesse sentido, o animal lembra a maleabilidade da matéria, o início da obra alquímica. Os franceses usam a expressão ours mal leché para se referir a uma pessoa rústica, mal formada.


AFRODITE E DIONISO

Quando usavam as outras duas palavras (artamos e artemis) para se referir a Ártemis estavam certamente os gregos pensando nas matanças que a indomável divindade promovia com as suas flechas. Impiedosa com relação às suas ninfas (ursinhas) que cediam a Afrodite, guardava as vias da castidade de tudo o que entrava na vida, pequenos animais, brotos, ervas novas, nascentes, córregos, rebentos, que tinham que passar, fluir vida afora, largar-se das origens sem sem se prender. Nesse sentido, Ártemis destruía também as crias que não sabiam se separar das matrizes. Hipólito, por exemplo, que a cultuava, que lutou para manter a sua castidade, foi por ela recompensado com a imortalidade.

Ártemis, filha de Zeus e de Leto (filha de C
eos e de Febe, ambos titânidas), tem em comum com seu irmão gêmeo Apolo muitas características. É filha da maior das divindades celestes. Por parte de mãe também descende de divindades celestes. Leto é uma hipóstase da noite. Seu pai, Ceos, o oco, o côncavo, representa a curvatura da abóbada celeste; sua mãe, Febe, personifica a luminosidade do céu e foi juntamente com Têmis uma das fundadoras do oráculo de Delfos.


Ártemis nasceu antes de Apolo, ajudando a mãe no parto do irmão. Horrorizada com os sofrimentos maternos, obteve do pai o privilégio da virgindade. Leto percorreu o mundo inteiro para dar à luz os gêmeos. Hera, enciumada, proibira a Terra de acolher Leto. A ilha flutuante e estéril chamada Ortígia, por não estar fixada em lugar nenhum, a recebeu. Agradecido, Apolo, mais tarde, a fixará como centro do mundo, mudando-lhe o nome para Delos, a brilhante, a luminosa.

Ártemis era representada por uma jovem com vestes curtas, pregueadas, joelhos descobertos à maneira espartana. Carregava sempre, como o irmão, como deusa sagitariana, o arco e as flechas. Era conhecida como a
Senhora das Feras (Potnia Theron), como está em Homero. Seu cortejo, como o de Dioniso, era acompanhado por ninfas buliçosas e alegres, das quais exigia castidade absoluta. Percorria os bosques e as florestas com cães muito excitados. Tinha especial preferência pelos animais que se agitavam muito, inquietos, assustadiços, sempre à espera de um ataque, sendo a corça, dentre todos, a predileta. Nas suas festas mais antigas era comum o diasparagmos, o despedaçamento das vítimas. Essa era a Ártemis Agrotera, mais primitiva, cruel, sanguinária, certamente uma réplica de Apolo Nomios. Nesses antigos ritos, havia o sacrifício de animais vivos e consumo de carne crua.

Os atributos de Ártemis eram equivalentes aos de Apolo. Era, como ele, deusa da luz, da luz noturna. Usava, como o irmão, o arco e a flecha, recebendo por isso o apelido de “Apollousa”, a destruidora. Sob o nome de “Iocheaira” se tornava temível pelas flechas que lançava e pelas doenças que enviava para dizimar rebanhos. Como Apolo, era também a deusa da morte súbita, atingindo, nesta condição, sobretudo as mulheres. Honrada, Ártemis era fecunda, trazendo a prosperidade.

Juntamente com Ilithya (fig. esq.), filha de Zeus e de Hera (sua irmã por parte de pai) tinha ação sobre os partos. Ligando-se à família, às origens, à ancestralidade, representava Ártemis uma forma de conhecimento indireto, o que seu lado noturno explicava, pois sua luz vinha do Sol. Tornava-se então passiva, receptiva, fecunda, úmida, tendo a ver com o psiquismo inconsciente, a imaginação, o sonho, a fantasia, o que era influenciável, transitório. Mais ainda: representava o que era herdado, os atavismos, as forças que atuavam regressivamente, as memórias, principalmente onde a alma infantil dominava, a vida pré-egoica, vegetativa, sempre modelo de uma sensibilidade profunda, muitas vezes doentia.

Ártemis, como arquétipo, representava muitas vezes um espírito feminino independente, isto é, a mulher que esc
olhia os seus próprios objetivos. Virgem, como se viu, nunca fora sequestrada ou violentada como Deméter ou Kore. Teve a deusa algumas relações com o mundo masculino, como, por exemplo, o seu caso com o gigante Orion. Nada de sexo, porém. Sua reação foi brutal neste caso. As ninfas que a acompanhavam procuraram sempre se colocar, por sua ordem, fora do alcance e das preferências masculinas. Desacatada a ordem, a punição era terrível. O envolvimento com a natureza que Ártemis sempre propôs nesse sentido era físico, instintivo, nada mental.

Quando o arquétipo Ártemis incita mulheres à independência, podemos ter em alguns casos um comportamento inexplicável. A mulher possuída pelo arquétipo fracassa, não conseguindo manter a sua firmeza. Um exemplo desse lado frágil de Ártemis nós o encontramos numa passagem da Ilíada quando Hera a esbofeteia e espalha suas flechas pelo chão por ela ter repreendido seu irmão. A deusa dirige-se então chorosa a seu pai, Zeus, que a toma no colo e a consola. Este comportamento incompreensível da deusa tipifica o que chamamos de “complexo de Cassandra” (com seu irmão Heitor), ativado astrologicamente por certas posições e relações da Lua num mapa astrológico.


É claro que pessoas não acostumadas a pensar analogicamente não podem fazer estas “leituras”. Mas é espantoso quando vamos à pré-história e podemos perceber que os homens daquele tempo faziam tais leituras intuitivamente. Para eles, a parte era o todo. Daí o caráter de síntese que certas expressões lunares tinham nesse mundo, falando-nos de relações, correspondências, passagens, nuances, matizes. Ao invés de se prenderem ao “por quê”, diziam esses homens “da mesma maneira”, “assim como”. A Lua então se revelava, não era analisada. O universo como revelação. As analogias lunares se mostravam então pelas suas teofanias, suas hierofanias, fixando-se então os símbolos da Lua pelas deusas, pelo urso, pela corça, pela pérola, pela lebre, pela concha, pela madressilva...

O urso, animal das cavernas, aponta para ideias de obscuridade, de trevas. É por essa razão que os alquimistas, como se disse, o usaram para representar o primeiro estágio da matéria, a vida instintiva que pode evoluir, mas que pode, também, perigosamente, involuir. Um animal suscetível de evolução, mas... Ártemis aparecia no mundo grego muitas vezes representada com um urso ao seu lado, recebendo então o epíteto de Brauronia, nome derivado da cidade da Ática onde se realizava o seu culto ursino.



O REI MARCO ENTRE TRISTÃO E ISOLDA

Foi com base no pensamento analógico que uma planta como a madressilva se integrou ao universo lunar para representar o amor, a ternura, vínculos afetivos duradouros como aparece em várias histórias, na de Tristão e Isolda, por exemplo. A madressilva, a caprifolium, a chèvrefeuille, a matrisilva, descobriu-se, era uma epifania lunar e, como tal, deveria ser usada como remédio pelos que eram “atacados” pela Lua, pelos que choram o passado, pelos que lamentam os amores perdidos, pelos nostálgicos. Ela elimina os excessos emocionais, tira a umidade do corpo, é sudorífica, diurética e expectorante. Sua casca é muito útil para as limpezas do sangue.

A madressilva é a planta dos que são vítimas do que chamamos de complexo maternal. Os introvertidos, esquizoides, que buscam universos interiores, refúgios artísticos, paraísos infantis, os que se deixam abater diante do necessário esforço para uma adaptação à realidade. Na arte, os exemplos destes tipos são notáveis, Rainer Maria Rilke, Marcel Proust e Alain Fournier na literatura, Schubert na música, dentre muitos outros. Este último, fortemente marcado por seu ascendente canceriano, tinha um rosto arredondado, era muito sensível, doce, tímido, contemplativo, uma aparência física “ingrata”. Depois da morte da mãe, buscou sempre, com muita dificuldade, os prazeres da intimidade, do conforto familiar, através da proteção de alguns amigos, um ideal de lar, uma casa, um pequeno jardim, flores à janela. As suas 603 canções são um atestado desse seu mundo canceriano, tratado genialmente pelo seu Sol aquariano.

É nos jardins cancerianos, sem dúvida, que crescem as mais belas flores da sensibilidade que a arte nos dá, mas é também nesse terreno, muito propicio a demonstrações de um psiquismo inconsciente, altamente predisposto ao infantilismo, que encontramos naturezas doentias que preferem a obscuridade, a penumbra, prisioneiras do mundo maternal, sempre buscando abrigo, proteção, carinho.

A madressilva aparece sempre associada à aveleira, planta que os druidas usavam para simbolizar a constância, principalmente para lembrar a paciência que se deve cultivar quando se deseja um desenvolvimento através de experiências superiores, místicas. A planta evoca verticalidade, ascensão, busca solar. Com varas retiradas da aveleira, o sacerdote druida localizava mananciais e minérios no ventre da Mãe Terra. Ligada à fertilidade, a aveleira aparecia em ritos nupciais.

Lembro que um dos mais belos poemas sobre o amor, descrito como um sentimento profundo, inexplicado, incondicionado, que invade a alma e que pode devorá-la ou exaltá-la, o Lai de la Chèvrefeuille, foi escrito no séc. XII, por uma mulher que viveu na corte inglesa. Neta de Alienor de Aquitânia, chamava-se essa mulher Marie de France, deixando-nos ela um livro de fábulas esópicas e vários poemas. É no Lai acima referido que a autora nos fala da aveleira e da madressilva.

Fonte de inumeráveis mitos, lendas e cultos, a Lua deu sua imagem, entre os antigos gregos, também à deusa Hécate, na qual estão incorporados certos traços de Ártemis. É considerada Hécate uma divindade infernal, atribuindo-lhe Hesíodo como pais o titã Perses e a titânida Astéria, ambos relacionados com a luminosidade celeste. Esta característica está presente, por exemplo, no fato de ela ter juntamente com Hélio presenciado o rapto de Kore por Hades.

Seu nome parece estar ligado a um dos epítetos de Apolo, hekatos, o que fere à distância. Poderosa nos três mundos, embora titânida de origem, Zeus sempre a honrou, mantendo as suas prerrogativas na ordem olímpica, tratando-a sempre com muita deferência. Hécate é conhecida como a deusa trívia, a deusa de três faces, representando cada uma delas as três fases visíveis da Lua, a crescente, a cheia e a minguante. Primitivamente ligada a ritos de fertilidade, Hécate favorecia a prosperidade material, a pesca, ajudava na obtenção de vitórias nas assembleias populares, fazia prosperar os rebanhos etc.

Aos poucos, seus poderes foram se estendendo ao mundo ctônico, onde se fixou, tornando-se Hécate figura central da magia e protetora dos que se dedicavam aos encantamentos, como feiticeiros e bruxas. Era honrada nas encruzilhadas, onde sua imagem trívia (Hecateia) se associava à de Hermes itifálico, sendo então chamada de Enodia. A encruzilhada, como se sabe, é um lugar de mudanças, de viradas do destino. Entrecruzamento de caminhos, a encruzilhada é o lugar onde solitariamente os caminhantes enfrentam os seus demônios interiores, onde podem se libertar de energias negativas, fazendo escolhas e tomando decisões corretas. Para isso, porém, é preciso reverenciar adequadamente os deuses que a governam, como a temível Hécate e o itifálico Hermes.

A cada vinte e oito dias, na Lua Nova, acompanhada de espectros e de fantasmas, de animais (fêmeas), cadelas (seu animal sagrado), éguas, lobas, animais que tanto apontam para a lubricidade como para a prolificidade (grandes ninhadas), com uma tocha nas mãos, Hécate aparecia nas encruzilhadas. Seus símbolos eram a chave, como carcereira do mundo inferior; o chicote, seu instrumento de punição; e o punhal, emblema de seu poder ritual. No mundo ctônico, era conhecida pelo nome de Prytaneia, uma espécie de magistrada suprema, tendo como função o encaminhamento das almas depois do julgamento, segundo a sentença proferida pelo tribunal que funcionava no Campo da Verdade, para as campinas dos Asfódelos, onde estavam os rios infernais, para o Tártaro ou para os Campos Elísios.

Como deusa das aparições nas encruzilhadas, Hécate destruía aqueles que ficavam paralisados nesses lugares, indecisos, inertes, protelando decisões, atormentando-os até a morte. Para evitar encontros com Hécate, os gregos costumavam deixar junto das imagens da deusa Trívia certas oferendas em alimentos, chamadas de “o almoço de Hécate” popularmente.



Já vimos que as mudanças de forma da Lua são chamadas de fases.Elas provêm da configuração variável, no céu, a cada mês sinódico, de três astros, Sol, Terra e Lua. Mês sinódico, período sinódico (syn, juntamente; hodos, caminho) é o tempo que um astro leva para para fazer conjunção com outro. O período sinódico Sol-Lua é de 29,5 dias. Difere do período sidério (geocêntrico), o tempo que um astro leva para voltar a fazer conjunção com o mesmo astro na eclíptica, depois de uma volta completa no zodíaco. Foi com base nestas constatações e nas suas “traduções” mitológicas que a astrologia pode relacionar a personalidade humana com os oito tipos de lunação.




A mitologia romana jamais alcançou o nível da oriental e da grega em termos de riqueza poética, de amplitude, de elaboração, de complexidade, de detalhismo. A mitologia romana é uma espécie de grande mosaico onde encontramos contribuições etruscas, albanas, sírias, gregas, persas e egípcias. Poucas são em Roma as divindades indígites (endo, dentro, e agere, atuar, agir), os deuses itálicos, autenticamente nacionais. A maioria veio de fora, eram os novensiles, os recém-chegados, importados.

Os romanos, antes da chegada das divindades gregas, possuíam uma primitiva deusa da luz, do dia, senhora das montanhas e dos bosques a quem davam o nome de Diana. Seu templo mais importante ficava às margens do lago Nemi, recebendo por isso Diana o apelido de Tifatina, Diana da montanha Tifata, perto de Roma.

O nome Diana se deriva de dius, céu luminoso, divino, no caso, deusa celeste da luz noturna. Entre os antigos povos do Lácio era chamada de Diana Lucina, não só protetora da virgindade como era também “a que fazia vir à luz”. A partir do séc.II, depois de Roma ter se apoderado do sul da Itália (Magna Grécia), os poetas latinos se encarregaram de dar um outro visual à antiga e rústica Diana, embora ela nunca tivesse deixado de ser a protetora das meninas e dos partos.





Aos poucos, devido às influências gregas, a Diana do romanos vai incorporando aos seus também os traços mais violentos e sanguinários da Ártemis grega, as chamadas características “asiáticas”. Por causa de suas características mais “selvagens”, Diana passou a ser chamada também de Nemorensis, Diana dos Bosques (nemus, bosque sagrado).




REX NEMORENSIS

Na região de Arícia, perto de Roma, praticava-se um estranho rito no seu templo, cujo principal sacerdote era chamado de Rex Nemorensis, o rei do bosque. Este sacerdote era por tradição um escravo fugido. Para ter acesso a esta dignidade, ele deveria ter assassinado seu predecessor, ficando ele, na nova condição, também sujeito a ser assassinado por outro escravo fugitivo que desejasse suplantá-lo.

As interferências da mitologia grega alcançam também a história da Diana romana através de um famoso personagem, que ocupa uma posição importante na tragédia grega. Refiro-e a Hipólito. Como se sabe, o casto filho de Teseu, adepto do culto de Ártemis, perseguido pelo furor erótico de sua madrasta, Fedra, por ela injusta e mentirosamente acusado de tentar violentá-la, tem uma discussão com o pai, que o chamara às falas. Abandonando o palácio, transtornado, o jovem, como está no mito, por obra de Poseidon, pai divino de Teseu, perdeu o controle dos cavalos de seu carro, que se espatifou nos penhascos de uma estrada à beira-mar por onde ia.

Ártemis, então, interveio, pedindo a Asclépio, a grande divindade médica de Epidauro, que o trouxesse de volta à vida. Atendida, a deusa levou o seu jovem cultor, ressuscitado, para o templo de Diana, na Itália, transformando-o em seu acólito. Deu-lhe o nome de Virbius, “o que teve a vida duas vezes”. Os antigos romanos explicavam através desta história a proibição de que nenhum cavalo poderia se aproximar do bosque sagrado.





O culto de Diana recebeu um grande impulso quando o imperador Otávio Augusto fez construir um grande templo em homenagem à deusa, tornando-a protetora da confederação das cidades do Lácio. As festas de Diana eram celebradas em Roma no dia 15 de agosto, data aproveitada depois, pelo cristianismo, para nela celebrar a Assunção da Virgem Maria.

O mais célebre templo de Ártemis-Diana estava situado em Éfeso, cidade da Ásia Menor, na região da Lídia (hoje Turquia) Importante centro comercial na antiguidade. O templo, considerado uma das sete maravilhas do mundo, foi destruído a primeira vez, segundo o mito, por um ataque das amazonas. Reconstruído, mais esplêndido ainda, foi incendiado por Erostrato (personagem cujo nome foi guardado pela História só por este fato) na mesma noite em que Alexandre Magno nascia. O éfeso Erostrato foi condenado à morte e executado (fogueira), sendo proibida a menção de seu nome sob pena de morte. O que sobrou do templo foi inteiramente posto abaixo durante o império de Galiano, em 263.