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A LUA ( TARSILA DO AMARAL , 1886 - 1973 ), MOMA, NY |
Em razão de sua rápida movimentação e das transformações periódicas pelas quais passa na sua trajetória celeste, a Lua, em todas as culturas, sempre apareceu associada aos valores da mudança, da inconstância, da mobilidade. No ser humano, ela rege a vida infantil, arcaica, anímica, tendo relação com a zona noturna da sua personalidade como matéria constitutiva da própria anima, do princípio feminino passivo, maternal, e das trevas do inconsciente. É deste modo que o astro lunar, quando pensamos no ser humano, tem relação com os temperamentos linfáticos, digestivos, dilatados, que caracterizam o chamado complexo maternal, que se traduz por uma sensibilidade crepuscular, voltada para a vida vegetativa, temperamentos fortemente marcados pelo instinto de conservação, pela prudência, pela propensão à calma e ao repouso. Seres que, ao invés de adquirir uma forma, de conquistar uma individualidade, sempre nos dão a impressão de tomados por um forte desejo de se demorar na infância, de prolongá-la, de preferirem o interior ao exterior, de viverem dentro de uma concha, de se refugiarem no passado.
O comportamento lunar apresenta, como tal, relação com a vida instintiva, anímica, infantil, caprichosa, inconstante, quimérica, sonhadora, inconsciente, noturna, por oposição à vida solar, racional, adulta, firme, brilhante, que se pretende constante, afirmativa e consciente. Sentimental e imaginativo, o lunático é o que sofre influência da Lua, sempre um indivíduo de humor inconstante, incoerente, excêntrico, muitas vezes idiossincrático ao extremo. Lunaticus era o adjetivo que os escritores romanos usavam para designar tanto o maníaco como o epiléptico, males sempre atribuídos a influências lunares.
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LUIGI PIRANDELLO
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MALE DI LUNA |
Em 1913, Luigi Pirandello publicou uma novela chamada Male di Luna, que nos descreve um personagem que nas noites de Lua cheia apresentava mudanças no seu comportamento. Esta história, com outras quatro do mesmo escritor, foram filmadas pelos irmãos Taviani em l983. O filme, chamado pelos seus autores de Kaos, teve o seu nome retirado, segundo explicações deixadas pelo próprio Pirandello, que nasceu em 1867, num local chamado Càvusu, na língua regional, próximo de Agrigento, ao sul da Sicília. Depois o nome do lugar foi abreviado para Càusu, palavra derivada do grego kaos.
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VITTORIO (1929-2018) E PAOLO TAVIANI (1931) |
Male di luna, no filme dos Taviani, nos conta que Sidora, três dias depois de sua lua-de-mel, descobre que, durante a Lua cheia, seu marido, Batà, fora de casa, passava a noite uivando como um lobo, arranhando a porta e janelas da casa. Batà tentou salvar o seu casamento permitindo que o belo Saro passasse as noites dentro de sua casa, com a sua mulher, para protegê-la,
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NA ILHA DE LIPARI |
O filme é todo de inspiração lunar. O seu epílogo, uma história chamada Colloquio con la madre (Conversa com a Mãe) descreve o próprio Pirandello fazendo uma visita ao seu lar na Sicília, muitos anos depois de sua mãe ter morrido. Na conversa que mantém com ela, o personagem lhe pede que conte a história de uma viagem que fez quando criança, à ilha de Malta, aonde foram visitar seu pai, lá exilado. A sequência final nos mostra crianças escorregando em direção do mar na ilha de Lipari.
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KAOS |
Os contos de Pirandello que dão origem ao belo filme dos Taviani têm relação com a sofrida vida camponesa, gente que trabalhava no campo, muitos permanentemente tomados pela ideia de emigrar. Interessante destacar que Pirandello chegou a afirmar algumas vezes que, a rigor, as histórias de Kaos não haviam sido escritas por ele; eram histórias que ele ouvira de Maristella, uma camponesa de Agrigento, sua ama, que dele cuidava e, à escondida dos pais, o levava à missa, sempre a lhe contar histórias da gente siciliana, histórias de vida e morte, de amor, de licantropia, de crendices e superstições.
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NOVO MUNDO |
A esta altura, não é possível deixar de se aproximar este grande filme dos irmãos Taviani de Novo Mundo (Nuovomondo), de 2006, da bela e politicamente engajada obra de Emanuele Crialese (direção e roteiro). Este filme, que complementa aquele de outro modo, retrata as enormes dificuldades de muitos sicilianos que, com crianças, mães e velhas avós, no início do século XX, tentaram entrar nos USA como emigrantes.
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PROUST E SUA MÃE |
Com um pouco de leituras e atenção, não precisamos fazer muito esforço para descobrir na literatura o escritor que talvez tenha vivido como ninguém o chamado complexo lunar em toda a sua amplitude. Referimo-nos a Marcel Proust (1871-1922). A mãe chamava-se Jeanne Weil, de uma família judaica, a quem o menino se ligou desde os primeiros meses de vida com uma ternura doentia, extravagante, quase morbosa, alimentada por Jeanne. Tomado por esse amor maternal exagerado, o pequeno Marcel, desde cedo, mimado como poucos, foi se entregando a uma ansiedade incontrolável, com relação à mãe, causadora de muitos de seus distúrbios psicossomáticos.
Num dia em que, retornando de um passeio, teve a sua primeira crise de falta de ar, a vida do menino Marcel mudou drasticamente. Esta situação se agravou dias depois quando, antes dos seus dez anos, numa noite, sozinho no seu quarto, posto para dormir, ele voltou a ter outra crise, muito pior do que a primeira. Em baixo, os pais recebiam convidados no salão de festas da casa (uma reunião só para adultos) e a mãe não subira (esquecera-se?) para acariciá-lo, como sempre fazia nessas ocasiões. Nos dias seguintes, o diagnóstico médico veio: asma, uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias aéreas. No caso de Proust, uma afecção também geradora de muita angústia, sempre um apelo à proteção e à ternura, como concluiu André Maurois.
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ROBERT DE MONTESQUIOU
( GIOVANNI BOLDINI , 1842 - 1931 ) |
Charles Briand nos revela (Le Secret de Marcel Proust) que, ao aceitar e cultivar a doença, Proust parece tê-la achado muito melhor, bem mais aprazível “vivê-la” do que enfrentar a vida real, com as suas inúmeras, constantes e aborrecidas dificuldades. Escapismo, evasão e sonho, de um lado, levaram-no à literatura, para uma realização literária genial e única. De outro, antes mesmo de chegar à puberdade, um crescente envolvimento com o que chamou de “pântano dos prazeres”, cultivado por sua exigente sensualidade, seu confuso erotismo e uma filosofia de vida hedonista de jovem burguês rico, com fumaças aristocráticas, inspiradas pelo conde Robert de Montesquiou, modelo do seu personagem Charlus.
Em 1906, Proust foi morar num apartamento do boulevard Haussmann, mandando revestir de cortiça o seu quarto para se proteger dos ruídos das ruas. Nesse endereço, isolado do mundo, escreveu À La Recheche Du Temps Perdu, talvez o melhor romance da literatura moderna.
A Proust, um canceriano de nascimento, aplicam-se exemplarmente alguns dos traços que descrevem o que chamamos aqui de comportamento lunar maternal: interiormente, a pessoa, embora adulta, parece se conservar sempre uma delicada e sensível criança em cuja vida terão lugar mais importante, sempre com lacrimejante emoção, as memórias, as reminiscências, os lugares da infância, a nostalgia, objetos do passado, cenários em que a figura materna se destacará sempre. Um universo interior que, na maioria dos casos, passa a substituir o mundo exterior.
A Psicologia junguiana, ao falar do complexo materno descreve como suas principais características uma grande necessidade de seduzir, a homossexualidade e a impotência, o que leva aquele que por ele é tomado a desenvolver também uma personalidade puer. Puer, pueris, em latim, é criança. Na Psicologia a palavra foi usada para descrever o comportamento da criança, do pré-adolescente ou mesmo do adolescente que se recusa a “crescer, que não amadurece, desligado da realidade, dela descomprometido, sempre procurando proteção materna e preso geralmente às lembranças do passado, juntando objetos, muito mais fixado no seu valor emocional do que no seu valor econômico.
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PEDROLINO
( GIOVANNI PELLESINI ) |
Atraente, fascinante e ao mesmo tempo temível, o mundo lunar dá origem a muitos personagens na arte, na literatura, na música e no cinema. Um deles, por exemplo, é o Pierrô. Sonhador, poeta, que vive no “mundo da Lua”; ele usa uma espécie de caftã branco aperolado. Oriundo da Commedia dell ́Arte, como o Arlequin, tem nela o nome italiano de Pedrolino. Apareceu em Paris no século XVI, de onde saltou para os teatros de feira, para a Ópera Cômica francesa e para o resto do mundo, inclusive para o carnaval brasileiro.
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JEAN-LOUIS BARRAULT , 1910 - 1994 |
Mestre da pantomima, Pierrô não consegue falar, apenas sente. Ingênuo e sentimental, com sua roupa enfeitada de pompons e gola grande franzida; ama Colombina, também personagem da Commedia dell ́Arte, que não o ama, uma espécie de Afrodite Pandemia, sedutora, volúvel, esperta. O Pierrô foi imortalizado por um dos maiores atores do teatro e do cinema de todos os tempos, Jean-Louis Barrault. Como Baptiste (no papel de um mímico), o filme, Les Enfants Du Paradis, de 1945, aqui exibido com o título de Boulevard do Crime, tem a direção de Marcel Carné (1945) e roteiro de Jacques Prévert, obra considerada como uma dos melhores da história cinematográfica. Dela participaram, além de Barrault, Arletty, Pierre Brasseur e Maria Casarès, três figuras inesquecíveis do cinema francês.
Jean-Luc Godard, em 1965, realizou seu décimo filme, sobre um jovem professor que se cansara da monotonia e do absurdo de sua vida profissional e familiar. O filme teve por base uma história do escritor norte-americano Lionel White e ficou conhecido por dois títulos de Demônio das Onze Horas e Pierrot Le Fou, um road-movie, cheio de peripécias, crimes e banhos de sangue.
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PIERROT , LE FOU |
Os principais personagens do filme, vividos por Jean-Paul Belmondo e Anna Karina. Ele um professor casado, com filhos, e ela uma babá, sua antiga amante, parecem tentar provar que o amor é a única salvação num mundo totalmente alienado (estamos na década de 1960!). Todavia, o que o filme nos mostra realmente, no qual os personagens se movimentam bastante, é um mundo anárquico, fragmentado, ilógico, assumindo o seu personagem principal o papel de um anti-herói. Sua companheira, a babá Marianne, num momento do filme, diante do seu comportamento, o chama de Pierrot, o Louco.
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GILLES ( ANTOINE WATEAU ) |
Nas artes plásticas, Antoine Watteau (1684-1721) utilizou o personagem na tela chamada Pierrot ou Gilles, nome que no séc. XVII designava um bufão de feira, ingênuo, simplório e tristonho. A obra pictórica de Watteau se inscreve na estética do rococó, uma derivação e, ao mesmo tempo, uma reação à suntuosidade e ao exibicionismo do barroco. Rococó é palavra de origem francesa, proveniente de rocaille, literalmente, rocha artificial. Rocaille, como termo arquitetônico, indicava ornamentação de grutas e jardins com o motivo das conchas de vieira (símbolo de Afrodite) e outros deste derivados.
As grutas são simbolicamente verdadeiros reservatórios de energia e de lembranças, de complexos, de sentimentos e emoções que muitas vezes se agitam inexplicável e confusamente na interioridade do ser humano, perturbando a sua vida consciente. Antigos lugares de culto da humanidade, ornados de pinturas e gravuras, como nos mitos de gênese de antigos povos, desde recuados períodos, consideradas como um lugar materno, por excelência, as grutas sempre apareceram associadas aos órgãos genitais femininos e, como tal, à fertilidade. Vários povos, como sabemos, relacionaram num mesmo contexto simbólico a caverna, a mulher, a chuva e a Lua.
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ROCOCÓ |
O rococó, além da França, ganhou muito destaque no sul da Alemanha e na Áustria. O rococó, voltado principalmente para os interiores, procurou o que os latinos chamaram de bellum, às vezes pejorativamente, expresso através do agradável, do delicado, do sutilmente sensual, do requinte que beirava o afetado, da graça, da brincadeira, mesmo na arquitetura. Para designar o barroco e suas manifestações artísticas, usavam-se qualificativos como belo, íntegro, grandioso, palaciano, imponente, que os latinos procuraram sintetizar através do conceito de pulchrum, feito sobretudo para espantar, atrair e submeter.
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CHINOISERIES |
Watteau participou de um grupo de pintores que se destacou na decoração de interiores, tornando-se muito requisitado para pintar arabescos e desenhos nas residências de nobres e aristocratas. Muito sucesso alcançou Watteau ao introduzir na pintura que fazia nessas residências, além de temas mitológicos e bucólicos, o que então foi chamado chinoiseries e singeries, pequenos motivos chineses e simiescos, que se tornaram muito afamados em toda a Europa.
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PIERRE-AUGUSTE RENOIR
( 1841 - 1919 ) |
No fim da vida, no seu último ano de existência, certamente cansado e desiludido, passou de excepcional pintor a gênio, indo muito além de tudo o que fizera; deixou-nos, como legado maior de sua arte, a obra-prima que é Pierrot ou Gilles, algo muito diferente das suas fêtes galantes e das suas badinages. Sem nenhum bem, morreu pobremente, assistido por um único amigo em julho de 1721. Dentre muitos dos grandes das artes plásticas, como Renoir, Cézanne, Monet e outros, que, indo à commedia dell’arte, se valeram do lunar Pierrot, o mais impressionante é, sem dúvida, o de Watteau.
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PIERROT LUNAIRE |
Já na música, quem se valeu do lunar personagem foi Arnold Schoenberg para o seu melodrama lírico (quatro instrumentos e voz), com base num poema de A.Giraud, chamado Pierrot lunaire (1912). Revolucionária, esta obra utiliza o chamado Sprechgesang, o canto falado, que permite à voz a liberdade de fazer inflexões entre as notas. Esta obra exerceu grande influência sobre a música erudita do séc. XX.
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PIERROT LUNAIRE |
Para compor a sua obra, Schoenberg se valeu de um ciclo de cincoenta poemas publicado em 1884 pelo poeta belga Albert Giraud, que geralmente aparece associado tanto ao movimento Simbolista como ao Decadentismo. O protagonista do ciclo é o lunar Pierrot, o servo cômico da Commedia dell'Arte francesa e, mais tarde, da pantomima da avenida parisiense.
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LICANTROPIA |
Para designar o modo pelo qual a claridade da Lua afetava certas pessoas os gregos criaram o verbo selenediazein, do nome Selene, pelo qual o astro noturno era conhecido. Sempre associada a um mundo perigoso, incompreensível, maléfico muitas vezes, doentio (licantropia; veja Mal da Lua, conto de Kaos), a Lua tornava lunáticos os seres por ela “feridos”, seres que se tornavam hipersensíveis, incoerentes, inadaptados para uma vida normal. Do verbo acima, para designar tais pessoas, saiu o substantivo seleniadzomenus, que no cristianismo (São Mateus) incorporou também o sentido de epilético.
No mundo da arte, como estamos a expor, encontramos um grande número de “feridos” mais ou menos profundamente pela Lua, artistas que embora por ela “atacados” e/ou justamente por causa dela, nos deixaram uma produção de excepcional valor, um Schubert e um Debussy na Música, um Amedeo Modigliani na Pintura, Rousseau e Montaigne na Filosofia, Proust na Literatura etc. Dentre todos estes, aquele que talvez tenha sido um seleniadzomenus dos mais “feridos” pela Lua tenha sido o poeta francês Jules Laforgue, tanto pela participação da Lua em sua obra como pelo tipo de vida que levou.
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JULES LAFORGUE E LEAH LEE |
Jules Laforgue (1860-1887) nasceu no Uruguai (Montevideo) onde o pai trabalhava como professor. Em 1876, a família, de origem bretã (o pai, a mãe e nove filhos) voltou à França, ficando Jules e um de seus irmãos, por razões de dificuldades financeiras, na casa de um tio, em Tarbes. Tentando completar seus estudos regulares, Jules, que nunca foi um bom aluno, não o conseguiu. Morrendo a mãe em 1877, Jules, já em Paris, tendo abandonado a escola, entregou-se à leitura de autores franceses (poetas principalmente) e a perambular por museus, onde adquiriu certa cultura artística. Protegido por Paul Bourget, editor, e por Charles Ephrussi, rico colecionador de obras de arte, publicou o seu primeiro poema em 1879.
Entre 1881 e 1886, Laforgue morou em Berlin, trabalhando como leitor e conselheiro cultural da Imperatriz Augusta. Em 1885, publicou L’Imitation de Notre-Dame La Lune, por muitos considerada a sua melhor obra. Retornando à França em 1886, casou-se com a inglesa Leah Lee, morrendo no ano seguinte, vitimado pela tuberculose.
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LITANIAS DA LUA |
Foi influenciado por Walt Whitman na poesia e, de modo especial, no plano das ideias (filosofia), por Schopenhauer e por Von Hartman. Cultivou, em especial, nos seus poemas, por influência maior do primeiro, do qual foi grande leitor, dois veios carregados de melancolia e de spleen. Um dos primeiros poetas na França a aderir ao verso livre, à linguagem coloquial, influenciou bastante Ezra Pound, Marcel Duchamp e o jovem T.S. Eliot. Entre nós, além de outros, foram tocados por ele de algum modo Pedro Kilkerry, Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Seus versos foram aqui traduzidos, com destaque para Litanias da Lua (tradução e organização de Regis Bonvicino, Edit. Iluminuras) e Os Últimos Poemas do Pierrô Lunar (tradução de Luiz Carlos de B. Rezende, Edit. 7 Letras).