sábado, 25 de fevereiro de 2012

OS COMETAS*

Etimologicamente, cometa quer dizer astro cabeludo. A palavra vem de kome (grego) ou coma (latim), significando cabeleira. Desde a antiguidade que o aparecimento de cometas se associou a ideia de infortúnio, de luto, de desgraça, de acontecimentos funestos. A imagem era a de uma mulher desgrenhada, descabelada, sem cabeça para se compor, para se arrumar, por causa, exatamente, da ideia de luto. Uma dor tão grande que a impedia de se pentear. Daí a designação de cometa (cabeleira) e a conotação de desastre.


Desde a pré-história, sabia-se que a regularidade do movimento dos corpos celestes era perturbada algumas vezes por certos acontecimentos excepcionais, imprevisíveis, irregulares, sempre interpretados, por isso, como perigosos. Eclipses, cometas, meteoros, estrelas cadentes e alguns bólidos eram os sinais da desordem num mundo que se achava sempre caracterizado pela ordem e pela perfeição. Foram os chineses, no ano 240 aC, os primeiros a nos deixar registros sobre a passagem desses astros.

Dentre os vários sinais celestes apontados, os cometas alinharam-se entre os mais ameaçadores. Plínio, o Velho, em sua História Natural, já dizia que eles semeavam o terror. Muitos acontecimentos históricos foram marcados pelo aparecimento deles, todos no geral de funesto presságio, ligados à morte de pessoas poderosas, de reis, de potentados. Uma exceção nesse cenário de pavor foi a atitude do imperador Augusto (fig.dir.) que os considerou de bom augúrio. Este entendimento se deveu ao fato de um cometa ter aparecido durante os jogos organizados em homenagem ao imperador Júlio Cesar logo depois de sua morte. Augusto entendeu que tal aparecimento anunciava que a alma do falecido imperador havia sido recebida entre as potências divinas. Acontecimentos semelhantes se sucederam. No ano de 66 dC, um cometa prenunciou a destruição do templo de Jerusalém, no ano de 70. A ascensão de Nero ao poder coincidiu com a passagem de um cometa pelos céus da Itália. A prisão e a morte do rei inca Atahualpa por Pizarro foram, para muitos, anunciadas por um cometa no ano de 1533.


ADORAÇÃO DOS REIS MAGOS (GIOTTO)

Em tempos mais recuados encontramos também alguns registros artísticos da passagem desses corpos celestes, sob a forma de imagens. Em 1301, Giotto, célebre pintor pré-renascentista italiano, em sua Adoração dos Reis Magos, deixou a sua visão de um deles. Na famosa tapeçaria de Bayeux, chamada também da rainha Matilde, no início do milênio, temos um registro semelhante.


TAPEÇARIA DE BAYEUX


                Em fins de 1644, a passagem de um cometa pela constelação da Hydra foi registrada por artistas.
Até a Renascença os cometas foram explicados pelas teses de Aristóteles, para quem o mundo estava hierarquizado pela ordem dos quatro elementos: primeiro a terra, depois a água, envolvendo-a, e a seguir o ar e o fogo. Isto, segundo Aristóteles, formava o mundo sublunar, o mundo humano. Além deste mundo, ficavam as esferas invisíveis onde se fixavam os astros luminosos. Era o éter, a quintessência do universo. Os cometas seriam exalações da Terra, gases secos e quentes que se inflamavam em contacto com o fogo. Sua aparição, ainda segundo a tese aristotélica, indicaria ventos e secura, além de
 outras calamidades.


Em 1543, Copérnico reviu a cosmologia do universo. Quanto aos cometas, é certo que, embora a tradição aristotélica tivesse prevalecido até a Renascença, Sêneca, por volta de 50 d.C., já havia afirmado que eles se moviam regularmente em órbitas prescritas pela Natureza. Mas foi só com Tycho-Brahe, em fins do séc. XVI, que tivemos uma revisão desse asssunto. Vieram a seguir Galileu, Kepler, Newton e, por fim, Halley, cada um deles acresentando algo à matéria.

Foi no séc.XVI que os vários documentos existentes sobre os cometas acabaram sendo reunidos em obras que receberam o nome de Cometografias. O mais importante desses trabalhos foi o Theatrum Cometicum. Pelo título, a ideia era a de que esses compêndios funcionariam como teatros (etimologicamente, do grego, theatron, lugar onde se vê alguma coisa, de theasthai, olhar, ver), de Johan Stanilas Lubienietz, publicado na Holanda em 1667.

Halley (etimologicamente, do antigo inglês, floresta do estreito vale) era um tipo curioso, meio aventureiro, que curtia a boa vida, filho de pai rico. Aos 19 anos já pesquisava os céus; era um autodidata. Flamsteed, astrônomo real da época, dizia que Edmund Halley “falava, transpirava e bebia como um capitão de longo curso”. Valendo-se das descobertas de Newton, seu amigo, Halley faz as suas previsões e apontou o retorno do astro que acabaria por receber o seu nome.

Para os antigos, os cometas apareciam como círculos indistintos de luz, de contorno indefinido. Os maometanos, por exemplo, lhes atribuiam a forma de espadas (armas cristãs) e os cristãos os viam como adagas (armas maometanas). Para outros povos, seriam os cometas tochas ardentes, lanças, cabeças ensanguentadas etc. Quanto à coloração, se o cometa tendesse para o verde, teria um fundo saturnino e, neste caso, seria um significador de mortes, peste, gelo, fome. Se tendesse para o branco, se revestiria de características jupiterianas, sendo indício de morte de reis ou potentados.



As interpretações sobre a forma dos cometas acabaram se tornando puro delírio. No imaginário popular, cometas eram sempre coisa do Diabo; procurava-se ver a região celeste para a qual eles se dirigiam, a estrela que mais os influenciava, a forma que eles podiam tomar. Se o cometa tomasse uma forma alongada, como um caniço, lembrando uma flauta, era preciso prestar atenção aos assuntos da arte musical. Se um cometa passasse pelas “vergonhas” da imagem de uma constelação, era de se esperar um grande aumento no desregramento dos costumes, na degradação da vida social.



Basicamente, pelo que sabemos até agora, os cometas têm um núcleo relativamente pequeno (uns poucos quilômetros de diâmetro), rochoso, formado por neve congelada e poeira cósmica. Uma bola de neve suja. Na sua passagem, vão absorvendo alguma poeira, sendo por isso chamados de lixeiros cósmicos. No seu afélio são pequenos. À medida, porém, que se aproximam do Sol, ganham tamanho devido à sublimação do núcleo, que se reveste de um belo halo luminoso, formando-se a coma, a cabeleira, uma espécie de cauda bifurcada, luminosa, de milhões de km. muitas vezes. Formada por partículas ionizadas, esta cauda apresenta sempre uma posição contrária ao Sol. É o chamado vento solar que provoca esse fenômeno.



A sublimação (esquentamento), passagem do sólido ao gasoso, sem haver passagem pelo líquido, significa perda de substância, pois o material se espalha sempre de algum modo. Por isso, a cada volta, apesar das possíveis incorporações de poeira, os cometas estão menos espetaculares. O Biela, por exemplo, já sumiu; o Encke volta sempre menos espetacular; o Kohoutek que, em dezembro de 1973, prometia um “show” sem precedentes, uma cauda do tamanho da lua cheia, perdeu muito da sua magnitude e acabou não sendo visto.

A sublimação, como se sabe, tem hoje lugar destacado na psicanálise freudiana como uma modificação da orientação originalmente sexual de um impulso ou de sua energia de maneira a levá-los a um outro ato, aceito e valorizado pela sociedade. Ou seja, a transformação de um motivo primitivo violento e/ou de caráter antissocial e a sua substituição por outro, considerado mais elevado, de valor superior.


Com relação ao Sol, os cometas têm afélio (ponto mais distante do Sol) e periélio (ponto mais próximo do Sol). A periodicidade pode ser curta (menos de 200 anos) ou longa. Alguns têm trajetória parabólica, entrando apenas uma vez no sistema solar e não mais retornando. Centenas de cometas, cerca de 900, entram no sistema solar, segundo a teoria mais aceita; provêm eles de uma nuvem situada a uma distância de alguns anos-luz do sistema solar. É a chamada nuvem de Oort (Jan Hendrick Oort, cientista que formulou a hipótese, fig. dir.), um anel contendo bilhões de cometas.



Apesar de mais bem conhecidos e estudados hoje, os cometas continuam como anomalia dentro do sistema solar. São extravagantes, variáveis, não seguem uma trajetória uniforme, como os demais astros do sistema solar. São mesmo o oposto de toda a previsibilidade que o sistema solar possa apresentar. Grandes viajantes, mudam de tamanho, de grandeza, sofrem interferências nos seus deslocamentos. Além disso, podem morrer, havendo até casos de suicídio, quando mergulham no Sol. Os cometas, enfim, são astros que se curvam diante do Sol, como todos os demais do sistema solar.


HALLEY - 1835

Em outubro de 1982, o cometa Halley foi captado pelo olho gigante de Palomar . Estava além de Saturno, na constelação do Cão Menor. Os astrônomos o consideram hoje como parte da memória gelada do universo, contemporâneo do Sol, contendo as chamadas células mãe, matéria original da formação universal.


IMAGEM DE 1557

O Halley vem dos confins do sistema solar, pois tem o seu afélio entre as órbitas e Netuno e Plutão. Lá não passa de uma bola de mais ou menos 3 km. de diâmetro, com uma velocidade de 3.600 km/h. Esta velocidade irá aumentando ao se aproximar ele do Sol, podendo chegar até a 200.000 km/h. Em novembro de 1985, estava a 90 milhões de km. da Terra, liberando gases, jatos de água gelada, cianogênio. A 9 de fevereiro de 1986 alcançou a maior proximidade do Sol, cerca de 85 milhões de km., no periélio, estando o Sol em Aquário. Em abril desse ano teremos a melhor oportunidade de vê-lo. Depois do dia 23 de abril ultrapassará Marte e não mais será visto. Sua cauda deverá apresentar alguns milhões de km., mas não como a que apresentou em 1843, quando atingiu 320 milhões de km. Depois desta passagem, a segunda no século (a anterior foi a de 1910, quando passou bem mais próximo da Terra do que atualmente), restará aguardar o seu retorno, a ocorrer provavelmente em 2061, num período variável entre 74 e 79 anos. As pesquisas nos mostram que o Halley, entre 240 aC e 1910, foi visto vinte e oito vezes.

Apesar de todo o alvoroço, a ciência oficial procura banalizar esta visita (1986), reduzindo-a apenas a um fato astronômico. Alguns programas foram montados para estudá-lo. Japoneses, russos, americanos e outros países europeus tentam dele se aproximar. O programa mais audacioso é o da nave Giotto, de um consórcio europeu. Um programa kamikaze. A nave procurará entrar na intimidade do núcleo do cometa, aproximando-se dele cerca de 500 km., e, por isso, deverá desaparecer, depois de nos ter enviado os dados previstos.



NAVE GIOTTO

Os mercadores do templo, por outro lado, como sempre, já investiram centenas de milhões de dólares na exploração comercial do acontecimento. É o Halley’s money. Nesta onda de exploração, na Europa e nos USA, especialmente neste, temos as camisas, lenços, vinhos, chapéus, chaveiros, pílulas, sem falar dos aparelhos e instrumentos. Cerca de 10 mil americanos deverão se deslocar para o hemisfério sul a fim de ver melhor o cometa, numa vastíssima operação turística marítima e aérea.

Sob um ponto de vista astrológico está claro que os cometas têm uma natureza aquariana: são extravagantes, imprevisiveis, irregulares, catastróficos até, como alguns aquarianos. Eles se opõem ao sistema solar como um todo, que é de natureza leonina. Em outros termos, esta visita do Halley nos faz pensar na oposição Aquário-Leão e na sua respectiva complementaridade, pois, como sabemos, os signos são opostos e complementares.


Além dessa cogitação, entendo que o Halley nos remete a uma outra. Não nos esqueçamos que ele vem dos confins do sistema solar. A energia que ele nos traz dessa região é muito sutil. Na sua trajetória do afélio ao periélio forma-se como que um canal, um nadi, digamos, para a energização do centro do nosso sistema e de suas regiões vizinhas, numa das quais está o nosso planeta. Nadi é uma palavra que em sânscrito significa rio e também canal do corpo sutil, canal de energia. Os nadis do Yoga não são artérias ou veias, mas canais que veiculam os sopros vitais e a energia básica, enrolada serpentinamente, na base da coluna vertebral, isto é, kundalini, elevandos-os, para que possamos atingir níveis superiores de existência.


Mais exatamente o Halley vem de uma região netuniana, região através da qual o nosso sistema entra em contacto com as forças da galáxia, região que nos aponta para o Grande Todo, o Brahman dos hindus. Netuno é a porta de entrada dessas energias. Netuno, no corpo humano governa a pineal, pequena glândula situada no centro do cérebro. No Yoga a pineal está associada ao sétimo chakra, o Brahmarandra, a porta que se abre para o Brahma, ou o Sahasrara-padma, o lótus de mil pétalas. O Halley transita assim por um grande canal, algo semelhante ao que se encontra junto da nossa coluna vertebral, o grande Nadi, que na geografia sagrada da Índia recebe o nome de rio Sarasvati.







NAS IMAGENS ACIMA, A PINEAL, A HIPÓFISE E O TIMO


A pineal, para a maior parte da humanidade, assustadoramente, ainda está fora de função. O ser humano comum só tem plenamente ativadas, como se sabe, as gônadas, as suprarrenais, o pâncreas, a tireóide, as glândulas que justamente correspondem ao seu eu inferior, animal. A hipófise ou pituitária só recentemente, com a descoberta de Urano em fins do séc. XVIII, começou a ser ativada, mas ainda há um longo para se aprender a usá-la superiomente. Quanto ao timo e à pineal, que na Astrologia têm relação respectivamente, com planeta Vênus e à sua oitava superior, Netuno, poucos seres humanos os possuem ativados.

A pequenina pineal ou epífese ocupa o centro da massa cerebral; desenvolvida, ela pode tornar o ser humano apto a receber a energia cósmica e a transmiti-la através de suas ideias, pensamentos e ações até sem necessidade do uso de palavras. Evidentemente, isto não significa que a pineal possa trabalhar sozinha, pois nenhum órgão do corpo humano trabalha isoladamente, devendo a atividade de cada um completar a ação do outro.



Para efeitos mais exotéricos, contudo, acredito ser necessário ressaltar mais, nesta visita do Halley, as aproximações entre Leão e Aquário, o signo em direção do qual o Sol caminha hoje rapidamente. Estamos no final da era de Peixes, era que teve seu início no ano de 498 d.C.. Peixes é água, elemento que se liga à emoção, à sensibilidade, à imaginação. Estamos passando da água para o ar (elemento de Aquário), que é intelecto, movimento, flexibilidade, inventividade. Estamos passando do crer para o conhecer. Mas será que isso nos basta?


AQUÁRIO

Na proporção em que nos aproximamos de Aquário crescem as influências deste signo sobre a humanidade. A rigor, as influências aquarianas começaram a se fazer sentir principalmente com a descoberta de Urano, regente do signo, em 1781, como se disse. E desde então temos nos preocupado muito mais com o lado técnico de Aquário do que realmente com as suas propostas humanitárias e altruistas. Passamos pelo século XX e entramos no XXI com uma grande ânsia de reduzir as distâncias, de aproximar os seres humanos. Contudo, depois de tanto progresso (?), parece que nunca nos sentimos tão sós como hoje.

A era da Comunicação, na qual estamos entrando, de características marcadamente aquarianas, se apoia na transmissão de sinais e na sua acelerada multiplicação. Os satélites tribalizaram a Terra, criando o que alguns técnicos chamaram de aldeia global. A comunicação é hoje praticamente instantânea, unificadora. Todavia, a solidão parece aumentar na medida em que nos tornamos mais velozes, mais rápidos.


Esquecemos que Aquário é fraternidade, altruísmo, aversão a quaisquer forma de segregação, política, social, econômica, racial. Uma parte da juventude se lembrou há alguns anos destas propostas, é certo, mas o sonho aquariano de fazer da Terra um paraíso para o gênero humano não prospera porque esquecemos exatamente de que Aquário e Leão precisam trabalhar juntos.

Aquário é anti-convencional, anti-rotineiro, abre-se para o futuro, para a invenção, numa tentativa de antecipar os limites do horizonte. Esta ânsia de antecipar, de chegar logo, sem um controle, sem um comando, é que está nos desequilibrando, acentuando exageradamente o individualismo aquariano, apesar dos discursos comunitários aquarianos, muito mais teóricos que práticos.

O movimento hippie e os seus componentes (droga, escapismo, álcool, música, Woodstock etc.) se constituíram num exemplo claro do que acabamos de dizer. A origem deste movimento que consagrou a fórmula paz e amor, que protestou contra as guerras e a violência, que procurou se aproximar das fontes espirituais do oriente, pode ser encontrada, astrologicamente, na entrada de Netuno em Libra, o que ocorreu em 1942. Netuno ficou nessa posição até 1957. As gerações nascidas nesse período têm Netuno em Libra e, dependendo dos seus mapas, serão tocadas mais ou menos intensamente por essas forças. Urano em 1942 entrou em Gêmeos, formando um trígono com os planetas alojados em Libra, Netuno no caso.

Entre 1952 e 1956 (Urano em Câncer e Netuno em Libra) os dois astros formaram uma quadratura, que sugere rebeldia, mas algo difuso, impreciso; rejeição das tradições sociais, das obrigações, e também uma tendência a deixar as coisas acontecerem, à não participação. O emocional, com esse aspecto, se canalizou para alguma forma de arte, de música ou de pseudo-religiões. Nos mapas malogrados, a quadratura apontada fez agrandes estragos: bebida, droga, sexo, neuroses, embora muitas vezes as intenções tivessem sido elevadas.

A volta do Halley nos faz pensar em tudo isto, nestes tempos em que encontramos muita dificuldade para estabelecer o justo equilíbrio entre todas estas forças. Se o movimento hippie representou num momento uma reação contra a hipocrisia, contra o farisaísmo, contra a caretice, acabou ele, porque desvinculado de Leão, caindo no oposto, no descontrole e na dispersão.

Daí a reação que se segue: a ameaça de se partir para os excessos leoninos, caracterizados pelas ditaduras, pelos governos autoritários, despóticos, pelo centralismo exagerado, sempre perigosos. São as tentativas de leonização do universalismo aquariano. No bojo destes movimentos, de natureza centrípeta, há sempre uma procura de síntese em termos nacionais, valorização do passado, ufanismo, controle, ordem, estruturas fechadas, colonialismo através dos recursos aquarianos (tecnologia). A História está repleta de exemplos sugestivos: o governo Reagan, nos USA, é bem uma reação leonina aos desequilíbrios aquarianos anteriores. Não é por acaso que Reagan aparece como uma espécie de “sheriff” na politica mundial e que os heróis americanos atualmente são símbolos da força bruta, da energia e da boçalidade. Rambo (fig.dir.) é o nome da fera, aquele que vai restabelecer a honra perdida no Vietnã. Não é por acaso também que as atividades guerreiras estão sendo levadas aos céus, região uraniana, através do belicista programa Guerra nas Estrelas (Não fosse Reagan um aquariano !). Mas o Halley está aí, entre nós, bem próximo, anunciando que, façam o que fizerem os poderosos, entraremos inevitavelmente em Aquário, algo a ser conquistado pelo nosso trabalho, pela nossa fé. Não aquele paraíso que receberíamos de graça, sem qualquer esforço, uma visão idiota da tecnologia. A destruição da nave Challenger, um acontecimento nacional, presenciado por toda a nação pela TV, já não será uma “reação” aquariana aos excessos leoninos? À tentativa de se levar a guerra ao cosmos?

Daí a pergunta: até que ponto a passagem dos cometas pela Terra pode ser associada a desastres? Será que os antigos não chegaram a perceber alguma relação mais profunda nesses acontecimentos? Algo que hoje nos escapa? Estamos ainda procurando decifrar os diversos significados da passagem desses astros. Que não se constituem em simples acontecimentos físicos, como pretendem os astrônomos e os desinformados. Desafiados por reis, excomungados por papas, a lição, no fundo, é a mesma, integrar Aquário e Leão.

Estamos hoje nos últimos graus da era de Peixes. Matematicamente, só entraremos em Aquário no ano de 2658. Tudo o que o homem descobriu e criou até agora ainda está impregnado de influências piscianas, já que os campos magnéticos dos dois signos se interpenetram. Precisamos ter uma consciência clara de tudo isto. Quando entrarmos de fato na era de Aquário será que as barreiras entre os países desaparecerão, o mundo viverá numa comunidade, teremos um governo mundial, um só padrão monetário, uma língua universal? Nada de reis, potentados, países dominadores ditando regras para o mundo. O homem viajará pelo espaço cósmico, visitará os outros planetas (aventuras colonialistas?), irá às outras galáxias. Estará ele preparado para essa grande aventura?


*Este texto, agora revisto, foi escrito entre 1985/6 quando o cometa Halley estava para ser visto nos céus brasileiros (promessa de um grande espetáculo que não aconteceu). Eu o dedico à memória do prof. Waldyr Bonadei Fücher, recentemente falecido. Ele e eu, nesse já longínquo ano de 1986, participamos, por iniciativa dele, de um grupo que estudou o acontecimento e procurou ver o Halley mais de perto, usando para tanto aviões e fazendo observações em lugares elevados com telescópios, lunetas etc. Para esse grupo e convidados, fiz, no referido ano, num fim de semana, no Hotel Leão da Montanha (!), em Campos do Jordão, a palestra ora transformada neste texto.