terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

MITOLOGIAS DO CÉU - NETUNO (I)


Dentre os planetas gigantes do sistema solar, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, este último é o menor deles. Tem dezessete vezes a massa da Terra. Seu diâmetro equatorial é de aproximadamente 50.000 km. Sua rotação (dia) é de pouco mais de 16 h, alcançando a sua inclinação axial cerca de 30º. O passo médio anual de Netuno é de 2º 30´, sendo a sua translação zodiacal de mais ou menos 164 anos (de 12 a 14 anos em cada signo). O ano netuniano equivale a 59.743 dias terrestres.

                                       

A atmosfera de Netuno é composta basicamente de hidrogênio e hélio, com padrões climáticos muito ativos. Ele é conhecido por ser o planeta com os ventos mais fortes do sistema solar, que chegam a alcançar a espantosa velocidade de 2.100 km por hora. Já na sua alta atmosfera encontramos temperaturas de – 218º, sendo um dos mais frios do sistema solar.

Pela sua distância média com relação ao Sol, de 4.480 bilhões de km., é totalmente invisível a olho nu. Observado pelos mais poderosos telescópios, dele só se percebia a sua forma esférica, de um verde desbotado, com regiões polares embaçadas e com uma faixa mais clara em torno do seu equador. Mais detalhadas informações sobre Netuno foram obtidas pelo programa Voyager, criado a partir dos anos 1970. Esse programa, nos anos 90, permitiu inclusive que as sondas do Voyager saíssem da Heliosfera, alcançando a região conhecida por Helioheath, além de Plutão.

                                           
  
Descoberto Urano no final do séc. XVIII, como vimos, a definição de sua órbita se tornou muito difícil, devido às irregularidades que apresentava em sua caminhada pelo zodíaco. Nos primeiros anos da década de 1840, alguns astrônomos chegaram à conclusão de que um planeta invisível deveria ser a causa dessas irregularidades. As perturbações constatadas na marcha de Urano só poderiam ser atribuídas a um vizinho desconhecido. Quem fez os cálculos para se se chegar a essa conclusão foi o astrônomo e matemático francês Urbain Le Verrier. A partir de então outros astrônomos, franceses e ingleses, encontraram Netuno, surgindo uma grande controvérsia (inclusive com lances de roubo de documentos) para se creditar a descoberta a um deles.

O que se tem de concreto, como se constatou, é que Le Verrier, no dia 23 de setembro de 1846, sem avistar o planeta, definiu, através de cálculos, a posição exata de Netuno. Alguns astrônomos sugeriram que o novo astro passasse a ser chamado de Janus; outros optaram pelos nomes de Oceano, Leverrier ou Netuno, adotando-se finalmente esta última designação.

TRITÃO
       No mesmo ano de 1846, poucos dias depois da descoberta de
Netuno, um astrônomo inglês, William Lasswell, descobriu o seu principal satélite, Tritão, com 2.700 km. de diâmetro. Com os dados enviados pelo telescópio espacial Hubble recentemente, sabe-se hoje que Netuno possui anéis e tem 13 satélites (luas)
TRITÃO - FONTE DE ROMA
conhecidos, nove deles já batizados e quatro aguardando confirmação e designação. Como curiosidade, saliente-se que quatro das luas de Netuno têm marcha retrógrada, destacando-se, dentre elas, Tritão, a maior, como se disse.

Sob o ponto de vista astrológico, cada astro que transita por um dos signos zodiacais introduz um dado energético numa infinita rede de relações que se aplica tanto a um tema astral individual como a um tema coletivo, a um país e ao nosso planeta como um todo. Para entender isto é preciso ter em mente que a Astrologia não consiste em se saber algo por acumulação de dados, mas, sim, dentro de um conjunto relações. Os dados que nos são oferecidos, além de inúmeros, incontáveis, modificam-se mutuamente.

Por isso, para que possamos avançar um pouco na prática astrológica torna-se necessário, acima de tudo, entender o que seja o pensamento analógico. Sem ele somos incapazes de perceber a relação de semelhança que há entre coisas ou fatos do universo.

SOL
Assim, é com base no pensamento analógico que podemos entender, por exemplo, que ao astro mais“poderoso” e centro do nosso sistema planetário, o Sol, corresponde no ser humano à função psicológica mais forte, a vontade; a ele, o Sol, corresponde também o defeito de caráter mais forte, o orgulho. O órgão mais “forte” do corpo humano no plano fisiológico, o coração, é representado também pelo Sol. O personagem familiar mais “forte” (ainda?), o pai ou o marido, é simbolizado pelo Sol. Não é por acaso que em todas as tradições religiosas patriarcais, o Sol sempre foi adotado como o grande símbolo da divindade mais “forte”.

                                  
CONSTELAÇÃO DE AQUÁRIO (SÍMBOLO)
 Nesta perspectiva, foi possível se estabelecer um conjunto de analogias simbólicas entre os planetas, os signos zodiacais, os deuses, os elementos, os metais e as suas cores, velocidade, tamanho etc. Assim, Netuno terá relação elementar com a água (é muito úmido e ligeiramente quente, como Vênus), sendo seu domicílio o signo de Peixes e seu exílio o  de Virgem. Sua exaltação e queda estão, respectivamente, em Leão e Aquário. É de se registrar que em algumas tradições astrológicas a exaltação de Netuno se dá em Aquário e a sua queda em Leão.
                                                  
Numa tentativa de resumir a natureza particular de Netuno, apontando as suas possibilidades significativas essenciais, podemos considerá-lo como: sensitivo, fértil, inconstante, estetizante, neurótico, psicótico, eufórico, comatoso, mediúnico, complicado, inspirado, escapista, insidioso, desditoso, mortificante, evasivo, difuso, caótico, infiltrante, permeável, empático e receptivo.

Adicionar legenda
Netuno governa as plantas usadas como tóxicos (maconha,  coca, papoula, erva-do-diabo, peiote etc.), além dos cogumelos alucinógenos. Tem ele a ver também com todas as bebidas enteógenas e, associando-se à Lua, com as ervas e plantas usadas na feitiçaria. São de Netuno ainda os anestésicos e os venenos, além dos anticorpos, o líquido amniótico e a vida fetal.


Netuno tem sintonia natural, com o azul-esverdeado (cores), com
ÁGUA MARINHA
o agridoce (sabores), com nuvens, fumaça, abstrações (formas), com peixes, anfíbios e aves marinhas (animais), com a platina, a água-marinha, o topázio e o petróleo (minerais), com algas, líquens e musgos (vegetais), com os pés (corpo físico). Lembremos que  Leonardo da Vinci, na Última Ceia, representou o sígno de Peixes, governado por Netuno, por Bartolomeu, o de pés iluminados, último à esquerda no famoso afresco.

 
A astralidade netuniana predispõe a uma constituição úmido-fria, aquosa, glandular, delicada. Quanto ao temperamento, temos o linfático, o hipersensível, o mediúnico. Quanto ao caráter, o romântico, o esteta, o utopista, o universalista, o caritativo.

Netuno exerce profundas influências sobre as tendências idealistas do ser humano, impelindo-o à busca de contactos espirituais, ativando a sua imaginação e as suas faculdades paranormais. Inclina-o à investigação mística, à criatividade artística abstrata, sobretudo aquilo que não pode ser traduzido por palavras, razão pela qual é o mais musical dos planetas.

No plano social, é um planeta que concerne mais à coletividade que ao individual. Encarnando a
plasticidade que tende a se exteriorizar em imaginação, intuição, mediunidade ou perturbações psiquicas, incita, num tema pessoal, à transcendência, ao rompimento de limites e ao apagamento das formas e das fronteiras, predispondo às ilusões, às utopias e às miragens. Pode dotar o tipo humano em que é dominante de uma insaciável curiosidade, muitas vezes ilimitada e fecunda em projetos. Predispõe também às viagens, à busca de paraísos artificiais pelo álcool, pela droga ou por transportes artísticos e místicos.


ÍNDIA: JAINISTAS
Com Netuno, a sensibilidade tende sempre ao hiper, caracterizando-se ela muitas vezes por umatendência à fusão que pode levar à confusão, à perda de identidade. Esses estados se traduzem sempre pelo gosto do inominável, do indescritível, do infinito, predispondo espontaneamente a uma natureza artística e/ou espiritual. Nos tipos humanos mais espiritualizados pode levar a um natural movimento de libertação do ego para que seja possível a sua adesão a estados de participação mística.


VÊNUS
Embora os princípios de Netuno já fossem conhecidos através da mitologia, a sua descoberta permitiu que as suas influências passassem a ser percebidas arquetipicamente. Em primeiro lugar, porque logo se constatou que Netuno era a oitava mais elevada de Vênus, cujas emanações diziam respeito à reciprocidade na vida afetiva. Vênus fala de união, do equilíbrio dos elementos masculinos e femininos em toda a criação. Vênus pede trocas, dá seu coração, mas quer o do outro. Já Netuno não ama de um ponto de vista pessoal, mas a partir da plena doação. Com Netuno não há exigências de recompensas nem cobranças na vida afetiva. Há sempre uma ideia de generosidade que pode se traduzir em compaixão, mecenato, patrocínio incondicional, caridade indiscriminada.

Lembre-se que Júpiter é o segundo regente do signo de Peixes, o chamado regente noturno, um planeta quase tão fértil como Netuno. Júpiter é expansão, dilatação, extroversão otimista; nos tipos superiores aponta para uma inserção do ego em planos superiores de existência através de valores culturais, legais ou religiosos. Netuno, por sua vez, vai além, fala muitas vezes da perda da individualidade, da abolição de fronteiras individuais, de participação comunitária compassiva e anônima, dissolvendo ou dilatando o ego ao extremo a ponto de ele desaparecer.

É pelo exposto acima que defendemos a exaltação de Netuno em Leão, pois o amor sacrificial que ele propõe é muito diferente do amor solar ligado à quinta casa (Leão). Netuno fala de um amor oblativo (oblativus, em latim, o que se oferece espontaneamente). Oblato, lembre-se, é o leigo que se oferece voluntariamente para trabalhar numa ordem religiosa, entregando-lhe muitas vezes os seus bens.
                                             
MERCÚRIO

 A fusão netuniana não é mensurável nem lógica, razão pela qual Mercúrio, símbolo da inteligência aplicável à vida quotidiana e aos instrumentos e técnicas nela usados, está exilado no signo de Peixes, governado por Netuno. Por isso, para o homem comum, os místicos e os adeptos são loucos.

A maior parte das pessoas que tem um Netuno dominante em seus temas não consegue, contudo, viver no plano do amor-doação como ele propõe. Daí a influência netuniana ser sentida como sacrifício, mortificação, confusão, caos, pois falta invariavelmente às pessoas que o experimentam dessa forma uma vontade firme e vigorosa para vivê-lo superiormente. Por isso, para a maioria, não há outro caminho senão o escapismo, a evasão, a fuga das responsabilidades terrestres, a tentação do mergulho no álcool e nas drogas. Ou então o cultivo das fantasias, a tentação dos disfarces, a fraude e a autoindulgência.

A grande plasticidade psíquica dos netunianos pode empurrá-los para uma fusão com a humanidade, uma fusão que os leve a viver muitas vezes de modo mais idealista que com os pés na realidade. Sempre presente quando essas tendências se impõem o perigo do mutante, do insidioso, do incerto, deixando a alma inquieta, convidando à busca de outra aventura, de outras terras, de outras ilhas, do que está mais distante,  um impulso  sempre curioso, experimental e transcendente que costuma se perverter facilmente.

Netuno tem muito a ver com o gênio artístico, a fé, a religiosidade e o misticismo. Enquanto Júpiter nos propõe longas viagens físicas, mentais ou espirituais, Netuno também no-las oferece, mas só que em nível psíquico e emocional. Muitos, quase sempre, experimentam a força de Netuno com  resignação, vivendo-o como destino, como uma rendição masoquista ao destino.

EREMITA
Netuno associa-se a ideias de reclusão, isolamento e privacidade (as ilhas, os continentes perdidos são dele); é enigmático, muitas vezes labiríntico, decepcionante. Ele mostra geralmente o lugar onde corremos o risco de nos enganar e onde podemos ficar sozinhos, muitas vezes perdidos, o lugar em que um grande sacrifício pode ser exigido de nós. Por isso, toda submissão voluntária e inteligente, consciente, pode ser considerada como um hino de louvor a Netuno. Não é por acaso que em algumas tradições astrológicas de fundo religioso o lema netuniano é: “Servir ou sofrer”.

Numa tentativa de resumir a natureza particular de Netuno, apontando as suas possibilidades significativas essenciais, podemos considerá-lo como: sensitivo, fértil, inconstante, estetizante, neurótico, psicótico, eufórico, comatoso, mediúnico, complicado, inspirado, escapista, insidioso, traiçoeiro, desditoso, mortificante, evasivo, difuso, caótico, infiltrante, permeável, empático, receptivo.

A descoberta de Netuno em meados do séc. XIX trouxe para o primeiro plano das discussões políticas a questão social. É certo que até então sempre havíamos tido pobres e ricos e que o sofrimento dos desfavorecidos tocara muitos corações bondosos. Mas é no séc. XIX que o sofrimento dos humildes toma um sentido diferente, principalmente depois do nascimento da grande indústria, produto de novas tecnologias implantadas a partir do final do séc. XVIII (descoberta de Urano).

                                      
                                         
Foi em meados do séc. XIX que a Europa ocidental, em razão de uma produção industrial desorganizada, de uma concorrência anárquica, do trabalho escravo de mulheres e crianças, da fome e das doenças que grassavam nos meios urbanos proletarizados e das péssimas condições de vida das classes operárias, que se colocam questões sociais até então desconhecidas.


A grande concentração de operários em oficinas e fábricas, texteis e
EMILE ZOLA
metalúrgicas sobretudo, recebendo um salário de fome, tornava a vida desses grandes contingentes extremamente penosa e sofrida. Em 1830, por exemplo, a pedido de um Comitê de Bem-Estar quer procurava aliviar a vida de milhares de operários reduzidos à miséria em Rouen, o grande poeta Victor Hugo escreveu um poema, Para Os Pobres, que era quase uma parábola evangélica. Émile Zola, em Germinal, e outros escritores irão mais longe; falarão de reivindicações violentas.


Traduzida em movimentos políticos, diante, como sempre do silêncio das
TRABALHO INFANTIL
elites, esta literatura levou à criação de organizações como a Associação Internacional dos Trabalhadores, a primeira no gênero. Só em 1874 seriam baixadas leis para interditar o trabalho de menores de doze anos, para fixar em doze horas diárias a jornada de trabalho de menores (12-16 anos) e em onze o trabalho de operárias nas fábricas. A jornada dos homens continuaria fixada em doze horas diárias. Não havia descanso semanal remunerado (só em 1906 foi obtido um descanso remunerado, de quinze em quinze dias). De um modo geral, estes dados (franceses) eram os mesmos, com números ligeiramente melhores na Inglaterra e na Alemanha, os países mais industrializados da Europa.

Foi nesse cenário que surgiram as chamadas doutrinas socialistas, de forte inspiração netuniana, como se pode constatar diante do exposto, doutrinas que tinham por objetivo a reforma das sociedades humanas, propondo, no que diz respeito à vida econômica, a coletivização dos meios de produção e da distribuição, mediante supressão da propriedade privada e das classes sociais. Dentre as mais importantes correntes dessas doutrinas apontamos a utópica, a revolucionária, a científica, a marxista, a anárquica e a religiosa. O ano de 1846, por exemplo, se caracterizou por alguns “avanços” netunianos sob o ponto de vista político-social: supressão da pena de morte por razões políticas; supressão da escravidão nas colônias; instituição do sufrágio universal.

Entre os anos de 1860-1865, aparece um movimento artístico que trazia propostas também claramente “netunianas”. Levar o pintor para fora dos ateliês, fazendo-o entrar em contacto direto com o exterior, principalmente com o litoral atlântico (Normandie, praias etc.) foi uma delas. Outra foi a de libertar a pintura da tirania do “Salão”, a única possibilidade de reconhecimento oficial para um pintor. O Salão, como se sabe, determinava os motivos pictóricos “aceitáveis”, recusando sumariamente qualquer desvio do que fosse por ele fixado. A nova proposta desse movimento renovador apontava para uma visão mais espontânea da natureza. Em 1863, os rebeldes se organizam e promovem, com grande escândalo, o Salão dos Recusados.

SALÃO DO RECUSADOS
 A água (mares, oceanos, lagos, rios etc.), as nuvens, as flores, são eleitos como temas privilegiados nas artes plásticas (pintura), ao lado da figura humana, até então a única admitida. As formas se tornaram evanescentes, o contorno rígido do desenho foi rompido, tornando-se impreciso. Um jornalista (Louis Leroy), inspirando-se numa tela de Monet (Impressão, Sol Nascente) qualificou o estilo de Impressionismo.
                                   
IMPRESSION SOLEIL LEVANT
 Em que pesem as diferenças entre os vários pintores que aderiram ao movimento, todos, de um modo ou de outro, procuraram pintar a natureza na sua verdade mutável segundo a luz, utilizando-se para tanto de novas técnicas de pincelada. A ideia era a de captar todas as nuances possíveis numa mistura ótica de cores que o olho do espectador reconstituía. Aceitando a arte oriental, sob o nome de japonismo, os pintores passaram a utilizar todo o espaço da tela, suprimindo o cerne do claro-escuro e a perspectiva linear. O interesse pictórico se concentrou na busca dos efeitos fugazes da luz e do movimento, na despreocupação com relação aos contornos, na aversão aos tons sombrios e no uso de enquadramentos originais.
                                      
Estas ideias alcançaram a música, influenciando bastante o estilo das composições desenvolvido sobretudo por compositores como Debussy, Ravel, Satie, Roussel e outros. No fundo, uma tendência de usar os sons como cores, empregar formas de caráter deliberadamente nebuloso, evitando a precisão nos ritmos e nas harmonias.

Na literatura, as novas ideias dão substância a um movimento, sobretudo poético, que tomou o nome de Simbolismo. Escritores belgas e franceses, principalmente, agrupados em comunidades de caráter esotérico, divulgaram suas obras com certo sucesso, fazendo chegar a nova estética, com forte acento musical, aos demais países europeus e às Américas. O ideario simbolista é de caráter idealista: um poema deve traduzir as “ideias primordiais”, não sendo os fenômenos concreto mais que manifestações exteriores e superficiais. O poema deve se constituir, com a ajuda do símbolo, num ponto de junção entre a Ideia e o mundo. O Simbolismo se coloca assim sob a égide da filosofia idealista alemã e, em particular de Schopenhauer, que concebe o mundo como “representação”, ou seja, segundo a visão subjetiva do agente que o percebe.
 
A água é fonte e símbolo da vida, encontrando-se o seu culto em todas as mitologias. Enquanto as águas submarinas simbolizam o subconsciente, a água gelada, o gelo, representa a estagnação psíquica no seu mais elevado grau.

Divinizadas por todos povos da antiguidade como fonte da vida, a noção das águas primordiais e do oceano como fonte de tudo que emergiu estão presentes em todas as tradições. Em todas também a visão simbólica do elemento líquido como origem, purificação ou regeneração.

Em todas as cosmogonias, a água é a essência do poder feminino, passivo, sendo o mais fértil dos elementos, base de toda a criação. É, como tal, o mais usado dos elementos como meio de purificação e de regeneração física ou espiritual. A água benta, por exemplo, é um símbolo das águas primordiais que expulsa os demônios e permite a regeneração da forma a cada vez que penetramos num lugar santificado. A água batismal, vertida sobre a cabeça do infante, purifica-o e o admite na cristandade.

BATISMO COLETIVO
Entre os essênios, o rito do batismo (eu mergulho, em grego) era praticado muitas vezes ao longo da vida, inclusive num nível cósmico. As pias batismais tinham doze lados, à imagem do zodíaco, onde se alinhavam doze touros que evocavam ao mesmo tempo o mar de bronze do templo de Jerusalém e o cosmos em sua onipotência.

    Ainda simbolicamente, lembremos que a água representa a purificação dos desejos até a sua forma mais sublime, a bondade. De outro lado, as águas subterrâneas e submarinas simbolizam o subconsciente; é neste sentido que as águas que perderam a sua fluidez ou a sua movimentação identificam-se com os charcos, os pântanos, as geleiras, sempre lembrando estagnação psíquica, estados passionais, idéias fixas, obsessões e até a morte.

SOLUTIO
A água associada a Netuno tem íntima relação com a solutio alquímica, operação pela qual a matéria que tomou forma retornará à prima materia. Na psicoterapia, por exemplo, a solutio indica a destruição dos aspectos fixos e estáticos de uma personalidade para que seja possível alguma mudança, reorganizá-la de uma outra forma.

Em nível cósmico, as águas de Netuno têm relação com o signo de Peixes. Quando o Sol transita por esta constelação, entre fevereiro e março, estamos, com relação ao hemisfério norte, no último mês do inverno, mês do degelo, período do ano em que tudo o que tomou forma a perderá.

O simbolismo do signo de Peixes é inseparável do da água ao evocar sempre a renovação da natureza. É por essa razão que o signo  tem relação com todas as formas de renascimentos religiosos, sendo o peixe um símbolo natural do batismo. Não é por outra razão que os primeiros cristãos “sentiam” a presença invisível de Cristo nas águas das pias batismais.


                                                                                                                                                       
 Nos sonhos, o peixe é um intermediário entre as camadas profundas do psiquismo e um aspecto do inconsciente tornado acessível. Os grandes peixes como a baleia representam invariavelmente o risco da absorção das forças conscientes pelas energias profundamente entranhadas no inconsciente.