sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

PEIXES (4)


AFRODITE  E  EROS  ( DAVID  TENIERS, 1610 - 1690 )

Em algumas versões gregas, a origem do signo de Peixes é explicada por uma história que tem como personagens Eros e Afrodite, perseguidos por Tifon, o maior dos monstros e pai de tantos outros. Não vendo saída diante da tenaz perseguição que
Tifon movia contra ambos, Eros e Afrodite se lançaram ao mar. Poseidon, a grande divindade dos oceanos, resolveu intervir, salvando-os. Para tanto, enviou dois maravilhosos golfinhos que os levaram para bem longe de Tifon. Em sinal de agradecimento, Afrodite colocou os dois delfins no céu, no zodíaco, entre Aquário e Áries. 

Contrariamente à aventura de Derceto, o mergulho de Eros e de Afrodite no mar constitui um ato de fé, uma manifestação de confiança na providência divina. Confiaram em algo que ignoravam e foram salvos. Ou, se quisermos, acreditaram e sobreviveram. Derceto não tinha fé em sua natureza de mulher nem na providência, ao contrário de Eros e de Afrodite, que se abandonaram a ela. Este duplo movimento é central no signo, cujos nativos, excedendo-se mesmo algumas vezes, se entregam ao Céu, à Providência, sem procurar conhecer melhor a realidade em que vivem. Complexo de fuga, escapismo? Procuram, por isso, muitas vezes, por todos os meios, subterfúgios e táticas, escapar do mundo real, contra toda lógica, toda evidência, razão pela qual acredito que fazem parte do signo de Peixes, nele coexistindo, toda a sabedoria e toda a inconsciência do mundo.



Na antiguidade, como sabemos, o cristianismo adotou o peixe como símbolo, associando seu nome em grego, ikhthus, a um acróstico formado com as iniciais das palavras que formam a locução Iesos Christos Theou Uios Soter (Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador). O peixe como símbolo cristão está relacionado com as primeiras pias batismais, chamadas à época de piscinas, literalmente recipientes para peixes. É de se notar também que os peixes aparecem como alimento no milagre da multiplicação
MULTIPLICAÇÃO DOS PEIXES
E DOS PÃES ( ÍCONE )

dos pães (evangelho de Lucas), depreendendo-se deste acontecimento que, nele, Cristo aparece sob duas referidas formas, o peixe e o pão. Lucas relata que, tendo ressuscitado, Cristo comeu um pedaço de peixe assado, tendo-lhe oferecido também os apóstolos um favo de mel. O peixe, desde então tornou-se um símbolo da refeição eucarística, aparecendo amiúde ao lado do pão, alimento sagrado em muitas tradições, como a mitraísta, dos persas. 

TERTULIANO
Escritores cristãos como Tertuliano (150-230) chamavam os primeiros convertidos ao cristianismo de pisciulli (peixinhos). Lembravam esses mesmos escritores que quando do dilúvio original, o peixe foi preservado com relação à cólera divina, já se prenunciando o papel simbólico que ele viria a desempenhar no cristianismo. Não é por outra razão que muitos santos da igreja católica têm relação com peixes, santos como André, Antonio de Pádua e outros. André, como se sabe, natural da Galileia, foi pescador em Betsaida, tendo sido o primeiro a ser chamado por Cristo, a quem apresentou seu irmão Simão, depois chamado de Pedro. Antonio de Pádua, nascido em Lisboa, em 1195, possuidor do dom da oratória, fez pregações aos peixes.

Se nos voltarmos para o novo testamento, veremos que os milagres de Cristo têm, na sua maioria, uma estreita ligação com os símbolos que encontramos no signo de Peixes. Comecemos pela água, elemento do signo, como já se explicou. Simbolicamente, a água é regeneração e, como tal, é um poder cósmico. Ela purifica e regenera: imergir na água é retornar às fontes, entrar em contacto com o seu imenso potencial renovador. Não é outra a finalidade do batismo: a água batismal apaga (lava) o pecado original e leva a um novo nascimento. 


BATISMO  DE  CRISTO (ANDREA DEL VERROCHIO , 1435-1488)

Nas escrituras cristãs, com o batismo de Cristo por João Batista começam os três anos do seu ministério. João Batista era um típico representante do signo de Aquário já que é através dele que é feita a ligação do homem com a consciência universal (Peixes). O rito do batismo não só purifica como simboliza a mudança que vai significar o abandono do ego pessoalmente orientado para a realização de um destino universal. Esta passagem é representada no evangelho de João por Cristo: Em verdade, em verdade, vos digo: quem não nascer de novo não poderá ver o reino de Deus.

NICODEMOS
(BOM JESUS DE BRAGA
Nicodemos, no evangelho de João, fariseu que mais tarde se tornaria discípulo de Jesus e ajudaria José de Arimateia a sepultá-lo, perguntou então: Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?” Respondeu-lhe então Jesus: Em verdade, em verdade, vos digo: quem não nascer da água e do espírito não poderá entrar no reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do espírito é espírito.

O que temos aqui é uma ilustração da ideia da morte do ego. Morte que, libertando a alma, permite que ela retorne ao todo, que renasça em espírito. Morrer, nestes termos, implicaria assim a libertação do ego da prisão corpórea para que alma voltasse ao todo. Estas ideias, lembremos, expostas desta maneira, já estavam presentes, por exemplo, no mundo védico e na doutrina dos órficos. 

Origem e veículo da vida, a água nas tradições orientais sempre significou sabedoria, graça e virtude, além de, como já se viu, símbolo de fertilidade e de fecundidade. Estes mesmos temas são encontrados no Corão e na tradição judaico-cristã, nas quais, perto de fontes e poços, é que se dão os “encontros essenciais”. No Gênese, “o sopro de Deus de Deus cobria a superfície das águas.” Se as águas calmas, na Bíblia, significam paz e ordem, a água que fecunda as terras, mas que alaga e afoga, é “fonte de morte”. As “grandes águas”, como está na Bíblia são sempre sinônimo de grandes provações; o descontrole das águas é anúncio de calamidades. 


PESCA  MILAGROSA ( PETER PAUL RUBENS , 1557 - 1640 )

Depois de ser batizado por João Batista, Jesus passou a procurar homens que pudessem ajudá-lo a propagar a sua doutrina. Escolheu doze discípulos entres os pescadores e lhes disse: Não tenhais medo! Doravante sereis pescadores de homens, com está em Lucas. Na tradição cristã, o pescador é aquele que captura as almas, o prosélito. No judaísmo, prosélito era o indivíduo recém-convertido. O pescador era o catequista (catequese: ação de instruir oralmente), o apóstolo (o enviado). Os peixes eram os infiéis a converter. Na psicanálise, lembro, a “pescaria” é usada na técnica da livre-associação, método privilegiado de investigação do inconsciente. O paciente deve exprimir todos os seus pensamentos, ideias, imagens e emoções, tais como se apresentam a ele, sem seleção e restrição, mesmo que tal material lhe pareça incoerente, impudico, impertinente ou desprovido de interesse. Tais associações podem
TRIDENTE
ser induzidas por uma palavra, um elemento de sonho ou qualquer outro objeto de pensamento espontâneo. O terapeuta, bem treinado, mestre na sua arte, “pescará” então nesse mar de palavras aquilo que lhe parecer mais interessante. Para isso, simbolicamente, estará usando o tridente de Poseidon, instrumento de pesca juntamente com a rede, símbolo astrológico do planeta Netuno, regente do signo de Peixes.


JESUS ANDANDO SOBRE O MAR
( GUSTAVO  DORÉ , 1832 - 1883 )
Ainda com relação ao cristianismo, podemos citar a questão dos “milagres”. Cristo seduziu os seus discípulos com um “milagre” que temos que analisar no contexto pisciano: João relata em seu evangelho (capítulo VI) que os discípulos viram Jesus andando sobre o mar. Como interpretar este “milagre”? A água, como venho colocando, está relacionada com o mundo das emoções, do movimento. Emocionar é ato de deslocar, impressionar, comover. É algo que nos põe em movimento, um fenômeno afetivo que tem origem fora de nós (ação do exterior) ou interna (memórias, lembranças), que nos inclina em várias direções (tendência, sentimento, simpatia, antipatia, paixão etc.). A emoção tem um caráter espontâneo, não a comandamos, é reativa, um modo de reagir. Impondo-se, as emoções, dependendo da sua intensidade sobre nós, podem (sempre) nos tornar vítimas. 

Ora, parece-me que esta passagem bíblica, escoimada do maravilhoso, que é comum neste tipo de literatura, tinha (tem) uma mensagem clara: o homem deve se situar acima das suas emoções, das suas superstições, das suas fobias, dos seus medos. Isto é, deve “andar sobre a água” para se tornar um mestre de si mesmo, um discurso muito semelhante ao que encontramos em Buda, no Taoísmo, no Budismo Zen e em outras tradições. O corpo emocional mais o corpo físico e o corpo do mental inferior, como nos revelaram os mestres védicos há muito tempo, são responsáveis pela nossa perda de liberdade. Podem nos escravizar, impedindo-nos de agir livremente. 

SIGMUND  FREUD
Dentre alguns mitos que podemos associar ao signo de Peixes (signo que tem, no corpo físico do homem, relação com os pés) há um que, parece-me, se destaca bastante, o de infeliz herói tebano Édipo, “o de pés inchados”. Valho-me de Freud para entrar nessa história. Segundo o mestre austríaco, Édipo é o exemplo de alguém que vive a sua vida sempre fora do tempo, defasado. O nosso herói toma consciência da realidade sempre um pouco tarde, incapaz de dominar os acontecimentos de sua vida, que sempre parecem lhe escapar. Aliás, a etimologia do seu nome, “o de pés inchados” parece sugerir esse descompasso com a vida. 


LAIO  E  CRISIPO
( CERÂMICA  ANTIGA  GREGA )
Édipo é um descendente da família dos labdácidas, família real de Tebas. Com a morte de Lábdaco, despedaçado pelas mênades por ter se oposto à entrada do culto de Dioniso na pólis tebana, Laio, seu filho, assumiu o trono, com a regência do tio, Lico. Este foi assassinado e Laio, temendo destino igual, fugiu, refugiando-se na corte de Pélops. Bem recebido, trai, contudo, as regras da hospitalidade; sentindo forte atração sexual por Crisipo, jovem filho de Pélops, que o acolhera, raptou-o.

JOCASTA
(LILLAH MAC CARTHY,1875-1960 
Morrendo os usurpadores, Laio reassumiu o trono de Tebas, levando consigo Crisipo. Pélops amaldiçoou publicamente a Laio e a deusa Hera, a protetora dos amores legítimos, anatematizou a ambos. Crisipo,que correspondera à paixão de Laio, envergonhado, suicidou-se. Tempos depois, Laio se casou com Jocasta (a que brilha sombriamente), também chamada de Epicasta. Dessa união nasceria Édipo, marcado por terrível maldição. Tebas só seria salva se Laio morresse sem descendência, dizia uma antiga sentença oracular. Ainda no ventre materno, foi reafirmada a sentença, com a previsão que o filho de Laio o mataria e causaria a ruína completa da orgulhosa família real dos labdácidas. Laio, apesar dessa reafirmação, resolveu correr o risco.

Dentre as várias versões que temos sobre o que aconteceu depois do nascimento da criança, ficamos com a da sua exposição. Com os pés fortemente atados e, segundo outros, também com os calcanhares perfurados, por onde se passou um fio para pendurá-la numa árvore, a criança, com poucos dias de vida, foi abandonada, exposta, no alto do monte Citeron. Pastores que andavam pela montanha ouviram o choro da criança; recolhem-na e a entregam aos reis de Corinto, que não tinham filhos, recebendo ela o nome de Édipo e sendo educada na corte como um jovem príncipe, forte, belo, orgulhoso, de temperamento colérico, apesar dos seus pés “problemáticos”, sem ter a mínima noção de sua origem, dele escondida. 


ÉDIPO  MATA  LAIO 
Um dia, num banquete, um convidado, embriagado, chamou-o insultuosamente de plastós, postiço, filho falso. Interpelados, os reis de Corinto negaram veementemente o que Édipo ouvira do bêbado conviva, afirmando que ele um era filho legítimo e muito amado.  A pretexto de procurar uns cavalos que haviam sido roubados dos estábulos reais, Édipo, sem nada comentar, saiu do palácio resolvido a investigar a sua origem. Foi a Delfos. A sibila, consultada, em transe, escandalizou os sacerdotes pela sentença que proferira: o jovem príncipe mataria o pai e se uniria sexualmente à própria mãe. O resto da história é bem conhecido: Édipo, com medo de que a sentença se cumprisse, tomou o sentido contrário de Corinto. No caminho, numa disputa de passagem com um estrangeiro, que vinha numa carruagem, acompanhado de dois soldados e de um arauto que o escoltavam além do cocheiro, matou a todos, com exceção de um dos soldados que fugiu, com certeiros golpes de seu bastão. Diz uma versão do mito que a viagem de Laio fora motivada pelo seu desejo de ir a Delfos com a finalidade de obter maiores informações sobre a sua descendência. Tirésias, o vidente cego, o advertira: que fizesse antes de partir um sacrifício à deusa Hera, a deusa das justas núpcias. 

ÉDIPO  E  A  ESFINGE
( G. MOREAU, 1826 - 1898 )
Édipo escondeu-se por uns tempos nas montanhas. Jocasta assumiu o provisoriamente o reino de Tebas, depois da morte do marido, morto por “assaltantes” segundo a notícia que lhe foi transmitida mentirosamente pelo soldado fujão. Os deuses, contudo, precisavam fazer a engrenagem do destino se movimentar. Uma parte do oráculo já se cumprira, sem que ninguém soubesse. Um dia, Édipo resolveu abandonar as montanhas, afastando-se de Corinto, indo em direção de Tebas. No caminho, tomou conhecimento da existência de um monstro, Fix, a Esfinge, que devorava todos os que se dirigissem ou saíssem da cidade. Só não o faria se alguém decifrasse um enigma que propunha, o que nunca acontecera. 

Édipo resolve enfrentar o terrível monstro. Não só decifrou o enigma como o matou. O prêmio para quem matasse o monstro era a mão da rainha Jocasta, ainda muito jovem e bela. Assim aconteceu, o grande herói uniu-se à rainha e viveram felizes por uns tempos, nascendo quatro filhos dessa união, Etéocles, Polinice, Antígone e Ismene, segundo os trágicos gregos. 


TIRÉSIAS
(J.H.FÜSSLI,1741-1825)
Tempos depois, uma nova catástrofe se abate sobre a cidade, a peste. Creonte, irmão de Laio, regente do trono, vai a Delfos e ouve da sibila que a peste era um castigo porque a morte de Laio ainda não havia sido reparada. Tirésias, o vidente cego, é convocado. As Erínias, grandes figuras da Anankê, voltavam a acionar a terrível engrenagem para restabelecer os limites que haviam sido rompidos. O soldado fujão, que não era outro
IRÍNIAS
(GUSTAVE DORÉ, 1832-1883)
senão o que levara a criança para a montanha, reconheceu Édipo como o assassino de Laio. Com medo, escondera-se, mas agora revelava a verdade. O final é sabido: diante da tragédia, Jocasta, que pressentira tudo, se suicida; Édipo, que também há tempos já desconfiava de que “algo muito ruim” ocultava-se dentro da sua glória de rei e de matador da Esfinge, ao constatar a evidência dos fatos, que conscientemente se recusara sempre a aceitar (morte do pai e casamento com a própria mãe e irmão de seus filhos), privou-se da sua própria visão; mutilou-se, vazando os seus olhos com o broche da mãe e esposa; perdeu a visão externa para, quem sabe, chegar à sua verdade interna, que sempre ignorara. 


FILME DE PASOLINI
Dois de seus filhos, como se sabe, Polinice e Etéocles, haviam morrido numa luta fratricida. Largando tudo, amargurado, cego e alquebrado, conduzido por Antígone, Édipo desapareceu da vista dos tebanos; foi mantido numa masmorra pelas filhas e por Creonte um longo período. Depois, como um fantasma, guiado por Antígone, a mais velha e a mais forte dos filhos, perambulou pelas estradas até chegar a Atenas, onde recebido por Teseu, entregou-se finalmente em segredo à morte. Tal aconteceu em Colona, um lugar afastado da cidade, um bosque inviolável, junto de um monte rochoso do deus Poseidon; sem que ninguém visse, nem Antígone, Édipo, trôpego, claudicante, guiado por Hermes, o deus psicopompo, foi descendo em direção do interior da terra, que se abriu para acolhê-lo.

Na astrologia, como se disse, os pés constituem a zona pisciana do corpo humano. Numa analogia evolucionista, os pés, não se pode esquecer, foram um dia barbatanas. É bom lembrar, quanto a este particular, que ainda não aprendemos a fazer essa relação, barbatanas-pés, algo que nos permitiria entender bem melhor a nossa origem marinha. 

Os pés, já em antigas tradições, estavam simbolicamente ligados à alma, ou melhor, ao destino que a alma devia suportar. Os pés, com seu movimento ambivalente, alternativamente movimentados, impostos ao chão e dele nos retirando, são, ao mesmo tempo, um símbolo de poder, de partida e de chegada, de comando, como também de apoio, de suporte e de humildade, pois são eles que afinal sustentam tudo que está acima deles, mantendo contacto com a terra, com o chão, de onde o homem sempre procurou se afastar orgulhosamente. Assim como a terra simbolicamente se opõe ao céu, os pés de opõem à cabeça. 

É neste sentido que os pés representam um princípio passivo, pois entram contacto direto com a Grande-Mãe, o aspecto feminino, oposto ao princípio masculino da manifestação. Ao deixar marcas nos caminhos trilhados, marcas boas ou más, lembranças de uma passagem, os pés significam também livre-arbítrio. É por isto que a cabeça nada pode sem os pés; ambos precisam trabalhar juntos, o que nunca aconteceu com Édipo. Estas ideias explicam em parte
CERIMÔNIA  DE  LAVA  -  PÉS
alguns ritos de purificação associados aos pés, lavá-los para lembrar que eles devem sempre nos conduzir para longe dos caminhos do erro. Além do mais, como sabemos, a lavagem dos pés, como a encontramos em muitas tradições religiosas, vai muito além de um ritual que simboliza gentileza para com os hóspedes ou a submissão humilde e recíproca entre os apóstolos e ministros de Cristo. 

Com efeito, no primeiro livro de Samuel (cap. XXV) se relata que Abigail (personagem bíblica, a bela viúva do rico Nabal) se dispôs a lavar os pés dos emissários do rei David. Eles a procuraram para lhe dizer do grande desejo de David, que ele a queria como sua segunda esposa (o que de fato aconteceu). No evangelho de João (cap. XIII) encontramos: Jesus lançou água numa bacia e começou
ENTRADA   DE   MESQUITA
a lavar os pés de seus discípulos e a limpá-los com a toalha com que os estava cingindo. Entre os muçulmanos encontramos, no capítulo das abluções, a descrição do ato de purificação elo qual o crente deixa o universo profano para entrar no sagrado. Esse ato consiste numa série de lavagens ritualizadas que compreendem as mãos, os braços, os cotovelos (antebraços), o rosto e os pés.