domingo, 21 de fevereiro de 2021

NIETZSCHE: MITOLOGIA E ASTROLOGIA

  

KANT   E   NIETZSCHE

Para começar, a constatação de que Kant e Nietzsche, talvez mais este do que aquele, tenham sido as maiores vocações da filosofia alemã. O grande objetivo deste último foi, sem dúvida, a procura de uma síntese entre o mundo dionisíaco dos desejos e o mundo apolíneo da sabedoria . 


LOS BORRACHOS (DIEGO VELÁZQUES, 1599 - 1660)

Dioniso, o deus de Nysa, era o deus do vinho que atuava através da orgia, do êxtase, do entusiasmo e da libertação. Era o condutor dos mystai (iniciados) que iam a Elêusis  buscar, nos Mistérios que lá se realizam no outono, a transformação, uma espécie de renascimento, um outro tipo de vida. Já Apolo representava a síntese de um vasto sincretismo (mais de 200 apelidos). No mundo grego, como filho de Zeus e da oriental titânida Leto, foram sendo absorvidos por Apolo vários elementos de origens diversas, escandinavas, asiáticas, egeias e sobretudo helênicas, para torná-lo o deus da aristocracia grega. Seu culto se impôs ao do deus Hélios, passando ele a representar um ideal de cultura e de sabedoria. Alto, majestoso, solar, tornou-se deus protetor da vegetação, dos rebanhos, dos pastores, da família, dos marinheiros, da arte, da música, dos poetas, da medicina, sempre atuando em oposição às divindades que representavam as forças ctônicas. Sua proposta fundamental era a do equilíbrio dos desejos e da orientação das pulsões humanas na direção de uma espiritualização progressiva.


DIONISO E APOLO
Quanto a Nietzsche, os temas principais que se distribuíam por sua obra filosófica, além do diálogo Dioniso-Apolo, temos: a recusa da moral cristã, de escravos, como disse; a morte de Deus, a inversão de valores; a teoria do super-homem e a teoria do eterno retorno. Astrologicamente, segundo carta astral de Nietzsche, além de outras influências, ressalte-se que, sob o ponto vista intelectual, tudo o que está acima tem a ver com o planeta Mercúrio e de suas relações com Marte, Saturno, Urano, Júpiter, Lua e os nós lunares. Tal configuração nos coloca diante de uma mente poderosa e voltada para interesses muito diversos. Nós consultamos o planeta Mercúrio para obter informações,, dentre outras coisas, das faculdades intelectuais do nativo.

SIGNO  DE  SAGITÁRIO
A destacar, nessa configuração, o signo de Sagitário, o signo das buscas distantes, que tem a ver por isso, culturalmente, com estudos superiores, filosofia, religião, línguas, longas viagens físicas ou mentais, peregrinações etc. Se o tema astral de que tratamos for harmônico, Sagitário e seu planeta regente, Júpiter, encaminharão  o nativo para um conformismo confortável, bem adaptado aos usos e costumes estabelecidos, tornando-o partidário da legalidade e das convenções sociais vigentes. Se o tema astral for dissonante (caso de Nietzsche), o nativo tenderá a uma independência tumultuada, à revolta, à afirmação do seu eu, à proclamação de que os direitos individuais devem prevalecer sobre os da sociedade. O indivíduo, neste caso, costuma insurgir-se contra a verdade do seu tempo, comportando-se muitas vezes como um inadaptado, um insubmisso.  

A carta astral de N. nos aponta para um radical individualista, um iconoclasta muitas vezes, além de um crítico e astuto filósofo, um apaixonado poeta, um psicólogo empírico e um profeta visionário. No seu todo, estamos também diante de um tema astral que descreve não só uma titânica luta de um homem consigo mesmo, como com o agonizante cenário histórico em que ela acontece. 

N. tem o grau inicial do seu signo ascendente no final de Escorpião, estendendo-se ele até o final de Sagitário. O ascendente num tema ou mapa astral é o signo que indica como chegamos ao mundo. Como tal, descreve a personalidade visível, o corpo físico, o modo pelo qual o nativo se apresenta aos outros, a imagem que oferece ao mundo, imagem que, no geral, pode ser muito diferente do seu eu interior. N. tem dois signos importantes no seu ascendente, Escorpião e Sagitário. O signo solar (que indica o eu interior, a vontade, o que pretendemos ser) de N. ocupa o signo de Libra. A combinação destes signos (Escorpião, Sagitário e Libra), no caso de N., indica uma sensibilidade dolorosa, uma natureza emotiva e atormentada (Escorpião), que procura a verdade (Sagitário), seduzida pelo equilíbrio, pela harmonia (Libra), mas, todavia, trabalhada por surdas paixões (escórpio-arianas) que solapam seus esforços, tudo isto agravado pela presença da Lua (mãe, infância, passado, memórias) no ascendente (afetando-o até fisicamente) e de Júpiter (regente de Sagitário), na casa IV (o mundo familiar, a casa natal), a apontar, no caso de N., para uma  poderosa influência religiosa (Júpiter, dentre outras coisas, tem a ver com vida religiosa, profetas, sacerdotes etc).


NIETZSCHE  (CURT STOEVING, 1863 - 1939)

Nietzsche, como sabemos, viveu num meio excessivamente feminino, sua infância foi austera, sendo seu pai um pastor luterano, fato a que muitos atribuem, principalmente, o seu conflito com o catolicismo. Somos informados também, tanto por estudiosos de sua obra como por observações suas, que ele herdou do pai uma certa morbidez que o impediu de gozar plenamente a vida. Aliás, dizia o próprio Nietzsche que havia recebido do pai muitos dons, privilégios, menos a capacidade de dizer sim à vida. Daí a sua natureza melancólica, decadente, completava.  

De um modo geral, as pessoas que, como Nietzsche, têm Escorpião no ascendente costumam ser reservadas exteriormente enquanto interiormente são muito intensas, extremistas, intransigentes, obstinadas, obsessivas até. Lembre-se que Escorpião, auge do outono, relacionado com a água, signo feminino e fecundo, portanto, é o oitavo signo (oito é o número da morte) na ordem zodiacal. Seus regentes são Plutão e Marte. Escorpião representa a morte, as riquezas escondidas, o mistério, o desejo, a sexualidade (veja a obra do escorpiano Freud). É conhecido como o signo da serpente. Diante dele, em oposição, se encontra Touro, relacionado com os prados, as florestas, o verde, os campos (o Jardim do Éden) e o fruto da tentação (a maçã). Touro representa também a voz; Escorpião o sexo (relação entre voz e puberdade). Em Touro temos o que cresce sobre a terra; em Escorpião, o que se decompõe sob a terra. Na natureza, Escorpião tem relação com a morte da vegetação, a queda e decomposição das folhas e dos galhos, momento no ciclo anual em que as formas declinam e a escuridão começa a vencer. Analogicamente, lembra a destruição dos valores objetivos e das formas exteriores através de um processo de fermentação, de putrefação e de decomposição, que vai favorecer, mais adiante, depois da escuridão e do frio do inverno, o aparecimento de novas formas (primavera).

SIGNO DE ESCORPIÃO
O signo de Escorpião representa, nesse sentido, o mundo infernal, aquilo que se esconde de nós, que fica ao abrigo dos nossos olhos e da mente consciente, isto é, a vida subconsciente. Touro, auge da primavera, oposto a Escorpião, é um signo de terra, tem a ver com a matéria, com os frutos, o dinheiro (os juros como frutos do dinheiro) Já Escorpião representa as riquezas escondidas, subterrâneas, mundo governado por Plutão (o rico, em grego, rico de possibilidades). Não é por acaso que o signo de Escorpião governa a psicanálise, todas as profissões ligadas direta ou indiretamente à morte, à tanatologia, à escatologia (do grego eskhatos, o último, o fim, os excrementos, no caso). No corpo físico,  Escorpião  governa os órgãos genitais, o reto, o nariz (sexo é cheiro). Escorpião, na geografia universal, domina o mundo árabe, por oposição a Touro, que governa Israel (país fundado em maio de 1948, mês do Touro, signo do dinheiro). A propósito, lembrar que Marx e Freud eram taurinos, ambos com o Sol nesse signo. Quanto ao ascendente, Marx era aquariano (humanidade) e Freud escorpiano (vida subconsciente).    

PHTONOS
N., apesar de sua brilhante inteligência era animado interiormente ao nível de suas entranhas pela exasperação de suas pulsões como se pode depreender astrologicamente pela oposição Sol-Plutão. Tradução: interiormente, tudo tratado com muita intensidade, de forma apaixonada. Emoções contidas, porém. Insistência quanto à necessidade de conhecer inclusive os segredos dos outros. Trabalhos e atividades conduzidos solitariamente, tendência à inveja (Phtonos, divindade grega), comportamento possessivo com marcantes traços obsessivos. Simbolicamente, embora N. nunca tivesse chegado a ser simbolicamente um Tyrannosaurus Rex, tinha ele a mania de tratar os outros como objetos a serem controlados, sempre segundo o seu arbítrio, a seu modo. Mais: desejo de ser respeitado como um expert no seu campo de atuação. Por isso, sua admiração por líderes poderosos de carismática e magnética personalidade. Difícil admitir o diálogo, o ponto de vista dos outros na convivência social. Nenhuma interferência aceita. O “destino” há de forçá-lo a entender algumas lições ao colocar no seu caminho pessoas que refletirão o seu o seu lado negativo com relação a si mesmo. Quanto maior a insistência no seu “modo” de ser, de pensar e de agir, maiores as lições a serem recebidas. Estamos diante de alguém que jamais admitia que pudesse errar, fazendo com que os outros se sentissem intimidados e pudessem, antes, quem sabe, partir para ataques. Com tudo isto, apesar de seu aspecto positivo com Netuno, perdeu-se o que acima falamos de Apolo, adquirindo a sua afirmação solar um caráter dominador, impositivo, indiferente com relação aos outros.


NÊMESIS
Muito criativo, como o comprovam, por exemplo, seus aforismos, deseja sempre inovar, construir ou reconstruir, embora raramente ou nunca se sinta satisfeito com os resultados obtidos. No mais, quanto a este aspecto, tendências à manipulação, habilidade para impor seu controle, conduzindo as pessoas por caminhos por elas desconhecidos. Autoconfiante, acredita nos seus talentos, dificilmente admitindo que possa estar errado. Mais: julga-se capaz de poder lidar ou mesmo superar todas as dificuldades que encontrar. Recomendação: ser mais condescendente com os outros, permitindo que eles “tentem” antes de tentar controlá-los. Não abusar de seus poderes e talentos, lembrando-se do conceito hinduísta do karma ou, o que lhe deve ser muito mais familiar, da Nêmesis dos gregos, a deusa que curva os orgulhosos, com o fez com Narciso.  O aspecto astrológico dissonante entre Marte e Júpiter reforça as tendências negativas acima descritas: egoísmo e arrogância na maneira de agir (Marte é o planeta que nos movimenta fisicamente), quase nenhuma consideração pelo que os outros pensam ou fazem. Autoconfiança, tendências inovadoras e impulsos e recursos para isso. 

Afirmando como supremo valor humano o permanente esforço para a transcendência de valores, N. sempre teve em mente a figura por ele chamada de super-homem. Praticamente, este esforço tinha para ele um caráter libertador, uma libertação que só aconteceria para aqueles que descessem às suas ocultas profundezas dionisíacas (Dioniso é um dos deuses que “vivem” no signo de Escorpião). Ao mesmo tempo, conjugando-se com este esforço, havia que se romper com o coletivo no que ele tinha de convencional, conformista, de mediocridade moral. Não há dúvida de que os mais ricos vislumbres de N. estão nesta proposta: aumentar sempre a capacidade de nosso ego através de uma busca constante de transformações pessoais pelo aumento do nosso nível de consciência (informações e conhecimentos). Na perspectiva de N., a noção de verdade é, por isso, relativista, não podendo ser obtida senão através da ação humana. 

As relações entre o Sol e a Lua no tema de N. propõem uma luta entre a sua inclinação à autoafirmação e às forças do passado, condicionamentos, memórias etc.(Lua) que nele atuavam. Ou seja, os ideais librianos solares, apolíneos, de N. estavam em desacordo com o seu condicionamento filosófico-religioso. Constatamos que no psiquismo de N. os planetas pessoais (Mercúrio, mente; Vênus, vida afetiva; Marte, ação), com relação à sua experiência social, indicada por Júpiter e Saturno, estavam em conflito com as forças do inconsciente coletivo, da sua vida que ia além do individual e do social, representadas pelos planetas Urano, Netuno e Plutão. Tais planetas, como se sabe, são invisíveis ao olho humano, tendo, por isso, conforme a astrologia, relações com a vida inconsciente. Com exceção de Vênus, todos os demais planetas, inclusive Júpiter e Saturno (os chamados planetas sociais) têm relação com aqueles três, acima apontados.  As pressões transformadoras que N. recebia dos planetas que estão além de Saturno, situados abaixo do horizonte, não o inclinaram a se tornar um buscador espiritual, mas o situaram no plano das buscas terrestres, orientadas por seus próprios recursos e através das suas próprias ações.

Se pudéssemos tentar uma síntese do que dissemos até aqui, considerando sobretudo o componente sagitariano do seu ascendente e as relações entre o Sol, Mercúrio, Marte, Júpiter, Urano e Plutão,  afirmaríamos, a partir do tema astral de N., que estamos diante de um ser que tem um poderoso intelecto que tanto  pode abrir vieses críticos, científicos ou naturalistas, através do quais esse ser, já no início de sua trajetória filosófica (trabalhos sobre a Grécia) procurava integrar o dionisíaco e o apolíneo. Um Sol libriano, intelectualizado e culto, com o seu poderoso, primitivo e instintivo mundo subterrâneo, de natureza escorpiana/ariana, representada por Marte e Plutão. 

Quanto à dinâmica dos planetas de seu tema e à sua contraditória Lua sagitariana (a Lua sempre aponta para o passado; a flecha sagitariana é disparada a 45°, a angulação ideal para se atingir a máxima distância), N., ao invés de se fixar no ser, procurou sempre um tornar-se, um esforço que nos leva a considerá-lo, par droit de conquête (?), como o mais heraclitiano dos filósofos, defensor da tese de que tudo está em permanente fluxo no universo. Por tudo isso, N. chocou-se frontalmente com os valores religiosos que ao seu tempo impregnavam (e ainda hoje) toda a cultura ocidental, apesar da Enciclopédia, dos iluministas, de Voltaire e outros.  Importante a sua ideia de vontade de poder sempre ligada ao impulso de uma busca de conhecimento, um alargamento da consciência, na realidade sempre de natureza intelectual.  Um dos erros de N. (ou daqueles que se aproximam de sua obra e da filosofia) talvez esteja exatamente neste ponto, o de confundir informações e conhecimento com sabedoria. As duas primeiras têm relação com a mente, situando-se no plano do ter, do acúmulo; a outra, a sabedoria, pode usar as duas outras, mas situa-se, acima de tudo, no plano do ser. 

A informação e o conhecimento, embora diferentes, são adquiridos; com eles, sabemos muitas coisas sobre o mundo e as pessoas, mas interiormente em nós, se nelas fixados, nada costuma acontecer, permanecemos os mesmos. A informação que captamos deve ser aplicada por nós, questionada, comparada, reti-ratificada se for o caso, corrigida, até se transformar em algo nosso.  Assim é que chegamos ao conhecimento, mas isso não basta. É preciso, se possível, alcançar a sabedoria, que está além de ambos, informação e conhecimento. Ambos são muito  perigosos quando apenas acumulados, tão perigosos que para isto criamos inclusive instrumentos e aparelhos com espantosa memória, mas, no geral,  como se disse, fazendo-nos permanecer os mesmo ou piores interiormente. Hoje, é fácil, fútil até, transmitir informações e conhecimentos. As pessoas, atualmente, aliás, estão  carregadas de informações e conhecimentos, mas parecem  não ter nada melhorado com isso. Temos que mudar, sim, através do nosso ser, fazendo, se possível, com que informações e conhecimento que adquirimos trabalhem para isso e não apenas para exibições do nosso ego, ostentando-os sem nenhum compromisso com o nosso modo de ser. Não importa que se nos fizerem uma pergunta não saibamos respondê-la. Nesta perspectiva, saber sobre não é saber. Saber, sabedoria, é algo diferente da informação e do conhecimento. A sabedoria nasce da experiência própria, não é da ordem da memória e da inteligência (melhor se for, é claro!), é compartilhamento ou doação. Será possível levar N. nesta direção?

Em 1879, com 35 anos, N. renunciou ao seu posto de professor de filologia clássica na Universidade da Basileia e começou a perambular pelo mundo por cerca de dez anos, período em que escreveu seus melhores livros. Queria se distanciar do militarismo, da burocracia e da burguesia da Alemanha de Bismarck. Tempos depois, sua mente começou a se degenerar, pela sífilis (moléstia escorpiana, transmitida inclusive sexualmente). No caso de N., segundo a astrologia aponta, o mais provável é que a sífilis que o atacou tenha sido de natureza congênita, transmitida pela mãe (Lua, símbolo materno, regente da casa VIII, a casa da morte, em conjunção com o ascendente, corpo físico). Seus ataques de megalomania, por esse tempo, podem ser atribuídos à ação dissonante de Júpiter (o maior dos planetas; Zeus na mitologia grega), outro regente de seu  ascendente. 


ERLAND JOSEPHSON, COMO NIETZSCHE,
NO FILME DE BÉLA TARR, ALÉM DO BEM E DO MAL

Numa manhã de janeiro de 1889, ele teve um problema, uma espécie de colapso numa rua de Turin, Itália, onde se encontrava. Com os seus braços envolveu o pescoço de um cavalo que acabara de ser açoitado impiedosamente por seu dono. Depois desse incidente, jamais se recompôs. Foi declarado insano pelos médicos que o atenderam; levado para a Alemanha, passou a ter uma vida  completamente vegetativa até  25 de agosto de 1900, dia de sua morte. Astrologicamente, na morte de N., dentre outros planetas que nela intervieram, lembre-se da Lua, de Netuno e de Plutão. A primeira é a “dona” da sua casa VIII, a da morte. Netuno, na mitologia grega, é  Poseidon,, o deus que criou o cavalo (um dos símbolos do psiquismo inconsciente), quando da disputa com Palas Atena pela tutela de Atenas. Plutão, o outro, é, na mitologia grega, Hades, deus do mundo infernal, subterrâneo, ctônico. Além do que já se disse sobre este último  planeta, lembre-se mais que ele rege a vida subconsciente, as coisas escondidas. Influencia a função humana mais escondida, a mais secreta, a sexualidade. Representa a morte, o túmulo, a fecundidade, a ejaculação, os demônios interiores, os poderes secretos, a espionagem e a regeneração. Dentre outras funções que exerce, uma, muito importante: a de pôr fim às coisas para substituí-las progressivamente por outras, gerando um fato novo, um novo ser, no geral mais rico. 

TÚMULO DE
NIETZSCHE

No dia 25 de agosto de 1900, como está acima, o deus de Nysa, que “vive” no signo de Escorpião (nesse dia posicionado em Gêmeos, opondo-se a Sagitário) veio buscar Nietzsche. A Lua, dona da casa morte, atacava também o seu ascendente, seu corpo físico. A história do nosso filósofo, como a de Orfeu, nos lembra muito vivamente também a situação de “profetas” que ao perseguirem um ideal, a adotarem uma crença, uma filosofia, instigando inclusive outros para que também o façam, não se “sacrificam” o bastante para isso. Ficam apenas nos belos discursos, nas belas teses, em grandes exibições intelectuais,  fixados apenas nos aspectos exteriores das questões que propõem. Ou seja, grandes aspirações, mas dificuldades com comportamentos que as justifiquem. Dioniso, lembre-se, é o deus que destrói, que aniquila ou enlouquece os seres e as formas que não sabem “morrer”, ou seja, mudar realmente, se transformar.