domingo, 20 de junho de 2021

SÍNDROMES

                      

Como já vimos, síndrome é etimologicamente uma reunião tumultuosa (dromos=corrida, afluência de manifestações), de vários sintomas ou sinais que aparecem em relação a determinado estado patológico e que, no seu todo, permite orientar um diagnóstico. Já sintoma é indício, sinal (syn=junto + ptosis, queda; sinais reunidos, algo que cai num determinado lugar ao mesmo tempo). A medicina e a psicologia caracterizam uma síndrome como um conjunto de sinais ou sintomas observáveis em vários processos patológicos físicos ou psíquicos diferentes e sem causa  aparente específica. Como acontece com os complexos, muitas síndromes são designadas a partir de personagens da mitologia, de histórias e de lendas. A palavra síndrome também é usada para definir certas manifestações clínicas de uma ou várias doenças independentemente  da etiologia que as diferencia. Várias patologias ou idiopatias podem se esconder numa mesma síndrome. As síndromes, na área médica, geralmente são designadas pelo nome do médico ou cientista que primeiro as descreveu (síndrome de Down, por exemplo).  

Vamos a elas, pois: 

PÂNICO

PÂNICO – Esta síndrome é definida como um transtorno de ansiedade que produz geralmente, sem evidência de uma causa aparente, medo, muita apreensão, temores, tidos como infundados, levando a pessoa por eles tomada a “sentir” que algo indefinido e ruim está para lhe acontecer. Recorrente e inesperado, o transtorno acaba gerando, antes das crises, estados de preocupação constantes com a desconfiança de que ele esteja para ocorrer novamente, fazendo a pessoa imaginar que, numa delas, não conseguirá se controlar. Transpiração, aceleração de batimentos cardíacos, dor no peito, tontura, sensação de desmaio, calafrios, palidez são alguns de seus variáveis sintomas. 

PAN
Para entender um pouco melhor esta síndrome (pânico) atualmente, que parece ter um caráter “epidêmico”, segundo a divulgação que dela fazem os meios de comunicação, temos que ir ao deus Pan, da mitologia grega. Pan, em grego, quer dizer, tudo, todo. Filho do deus Hermes, disforme e monstruoso, teriomórfico, com a cabeça e os pés caprinos, com o restante do corpo humano, peludo, era o deus da fecundidade e da potência sexual. Brutal em seus desejos e terrível nas suas aparições, anunciadas por gritos apavorantes, Pan provocava o terror naqueles que se aventuravam nos territórios em que vivia sem honrá-lo devidamente. Estes territórios se situavam no chamado mundo desconhecido, que ficava no  grande Todo, além dos territórios conhecidos, simbolizados estes pela casa familiar. Estes territórios familiares eram, na mitologia grega, governados e guardados por Ártemis, a grande deusa lunar, irmã gêmea de Apolo, deus solar.

Quem ousasse ultrapassar os territórios lunares, já deveria ter aprendido a se separar dos lugares conhecidos, simbolizados, além da casa familiar, pela gruta, o que significaria sempre uma vitória sobre os temores do desconhecido. Ártemis e Pan nos dizem que a vida é feita de passagens, caminhada em direção do grande Todo, a ser refeita constantemente, a fim de que, em meio às provas e dificuldades, aprendamos a conquistar e a preservar a nossa necessária autonomia. Ártemis, lembremos, é a deusa das passagens, aquela que protege tudo o que entra na vida, as crias, os brotos, as ervas novas, os riachos, e que tem que caminhar em direção de uma vida “adulta”.

Cavernas, grutas, todos os lugares sombrios e profundos, são arquétipos maternais, lembrando vida inconsciente.  Eles se associam nos mitos aos ritos de iniciação, a ideias de dificuldades e de provas, sempre um convite àquele que entrou na vida para que parta em direção do grande Todo a fim de construir a sua personalidade.

Aqueles que não conseguem se separar da casa familiar, da gruta, são os lunares, os que ficam presos aos seus hábitos, aos seus automatismos corporais, às suas pressões atávicas, aos seus condicionamentos e idiossincrasias. São os que permanecem ou demoram-se demais na infância, preferindo o dentro ao fora, inclinando-se à esquizoidia. Aqueles que se atrevem a enfrentar o desconhecido sem ter aprendido a se desligar da gruta, sempre cheios de culpa e de ruminações inconscientes dolorosas, com o seu olhar voltado para trás, como Orfeu, são as vítimas preferidas de Pan, que os enche de terror pânico. Quem melhor explica esta síndrome é, sem dúvida, a Astrologia, encontrando-se as suas maiores vítimas entre os tipos cancerianos e/ou aqueles que têm a Lua em destaque nos seus mapas por posição e aspectos. A lâmina XVIII do Tarot é uma das melhores ilustrações desta síndrome.

PETER PAN - Peter Pan é um personagem que recusa o crescimento, isto é, que não quer chegar à vida adulta, responsável, preferindo manter-se numa adolescência infantilizada. Nada de responsabilidades, de deveres. A Psicologia deu o nome de Síndrome de Peter Pan ao comportamento do adulto que receia os compromissos e/ou se recusa a agir conforme a sua idade. Tudo isto pode ser percebido nos beijos de Wendy, no desejo de Peter Pan ter uma menina da sua idade que pudesse ser sua mãe, nos sentimentos conflituosos para com Wendy e Sininho (representações de diferentes arquétipos femininos), no simbolismo de sua luta com o capitão Hook, papel tradicionalmente protagonizado pelo mesmo ator que representa o pai de Wendy.

 
Peter Pan apareceu pela primeira vez em 1902 num texto intitulado The Little White Bird, uma história das relações do seu autor (James M. Barrie) com as crianças de Sylvia Davies, de uma família amiga. Adaptada para o teatro, recebeu o título Peter Pan ou The Boy Who Wouldn ́t Grow, que estreou em Londres em 1904. Em 1906, apareceu um livro do mesmo autor com o título de Peter Pan in Kensignton Gardens, ilustrado. Peter Pan foi adaptado para o cinema várias vezes, sendo o personagem representado invariavelmente por uma jovem atriz. O teatro também investiu em Peter Pan.


Recusando-se a crescer, Peter Pan passa os seus dias de eterna juventude na pequena ilha de Neverland como líder de um grupo chamado Lost Boys, convivendo com fadas e piratas e encontrando de vez em quando crianças do “mundo de fora”. Incorporando muitos traços negativos do signo astrológico de Gêmeos, Peter Pan é principalmente um exagerado estereótipo de um exibido e descuidado jovem. Sua atitude diante da vida é displicente, descuidada, inconsequente mesmo, inclusive diante do perigo. O autor da história nunca explicou aos seus leitores como Peter Pan conseguia permanecer jovem. 

O personagem, para alguns estudiosos, faz parte de uma antiga tradição anglo-germânica denominada Toten Kindergeschichte (contos da morte de crianças). Outros encontram a explicação para a eterna juventude de nosso herói porque ele foi atingido pela poeira de estrelas que um dia caíram sobre a terra. Não há também explicação convincente sobre a sua capacidade de voar. Peter Pan alega que com bons pensamentos e  a poeira das fadas, esta última igual àquela que as estrelas deixam no seu rastro, é possível voar. Em temas folclóricos europeus, aliás, temos a figura do Sandman, um gênio do sono que lançava poeira nos olhos das crianças para que elas dormissem.

SANDMAN

PETER PAN E HOOK
Peter Pan é hábil na luta de espadas, na imitação de vozes e gestos, sendo acuradíssimas sua visão e audição. Peter Pan nunca conviveu com os seus pais. Numa passagem da sua obra, o autor nos revela que ele, um dia, muito criança, saiu de casa e que quando retornou, ao olhar pela janela, viu que os pais haviam encontrado um substituto para ele e que não mais o queriam. O grande oponente de Peter Pan é o capitão Hook (Gancho), cuja mão ele decepou num duelo. De tempos em tempos, Peter Pan visita o mundo real, de modo especial os jardins do bairro londrino de Kensington, relacionando-se com as crianças que ali brincam. 

A história de Peter Pan pode ser colocada em relação com a dos mitos heroicos. O nascimento do herói é geralmente milagroso (pai divino, mãe mortal ou o inverso); ele dá desde cedo, ainda na infância, demonstrações de seu poder, de sua habilidade, de sua força; costuma também se libertar do meio em que foi gerado, encontrando um deus ou um mestre que o orienta; passa por provas públicas (ameaças externas), lutando para adquirir o controle da sua vida interior, a mais difícil, já que sempre o ameaça a tendência ao descomedimento (hybris), ao descontrole interno, à passionalidade, que podem provocar a sua perdição e finalmente a sua morte. Sabemos que nos mitos o herói simboliza uma proposta de elã evolutivo, proposta que se traduz, para o homem comum, numa tomada de consciência de seu ego individual, sempre uma busca de autoconhecimento. Esta busca termina quando o homem alcança a sua idade madura. Há, contudo, nos mitos, um tipo de herói, parecido com Peter Pan, muito mais do mal, porém, que se recusa a se submeter às provas públicas para assumir aquilo que deve lhe caber essencialmente, o desempenho daquilo que lhe cabe. Na cultura ocidental, de um modo geral, a função mais importante dos heróis é a guerreira (matador de monstros e de inimigos), que representa a base de seu valor pessoal. Essa recusa significa a permanência em estágios de vida primitivos, uma renúncia à vida afetiva e à assunção de compromissos sociais, um desenvolvimento precário sob o ponto de vista psíquico. 

Dá-se, em inglês, o nome de trickster (trapaceiro) a esse tipo de herói, muito comum em várias culturas. A palavra inglesa trickster e o seu correspondente francês tricheur (enganador, trapaceiro) vêm do verbo latino tricari, com o sentido de trapacear, dissimular, enganar. O Trapaceiro é um tipo cujos apetites físicos se impõem na sua conduta, tem mentalidade infantil, vive apenas para satisfazer as suas necessidades mais imediatas e primárias, costumando ser cruel, insensível e cínico. 

Uma das formas sob a qual esse herói se esconde é a da raposa, animal que simboliza a esperteza. Esse herói pode às vezes participar de provas, demonstrando até valores superiores. Suas vitórias dependem sobretudo de sua habilidade, de sua astúcia, de sua rapidez, podendo inclusive vencer gigantes. Ulisses, neste sentido, é um dos personagens míticos mais representativos do trickster. O que estas ideias nos revelam é que a psique individual se desenvolve a partir de uma fase pueril. Por isso, é comum que adultos psicologicamente imaturos sonhem muitas vezes com imagens dessa primeira etapa, nela se fixando.

TRICHEUR À L'AS DE CAREAU (LA TOUR, 1593-1652)

Na arte, quem imortalizou a figura do tricheur foi G. de La Tour, pintor francês do séc. XVII, na sua tela Tricheur à l' Ás de Carreau (Trapaceiro com o Ás de Ouros), onde entram três grandes pecados do tempo: o jogo, o vinho e a luxúria. Lembre-se que outra importante tela sua, La Diseuse de Bonne Aventure, faz parte do mesmo universo da tricherie.

LA DISEUSE DE BONNE VENTURE (CARAVAGGIO, 1571-1610)

Lembremos que a expressão Síndrome de Peter Pan foi popularizada a partir de 1983 pela Psicologia para designar adultos de pouca ou nenhuma maturidade. Em Neverland, nos jardins de Kensignton, Peter Pan nunca fica triste: Eu sou a juventude, a alegria, eu sou o pássaro que rompeu a casca do ovo. Ele quer permanecer sempre uma criança para poder se divertir, um símbolo, enfim, da infância da qual o homem adulto conserva uma nostálgica lembrança.

(Este texto sobre Peter Pan foi retirado de um E-Book meu intitulado Leituras – Caderno nº 2).

VON MÜNCHHAUSEN
Münchhausen – O nome desta síndrome vem da Literatura, de uma obra escrita no séc. XVIII pelo barão Karl Friedrich Hieronymus Freiher Von Münchhausen, uma série de contos sobre um personagem, que passava por inúmeros sofrimentos e dificuldades fantásticos, produzidos pela sua imaginação. O nome foi usado por um médico norte-americano em 1950 (Richard Asher), logo se fixando e aceito pelos meios técnicos, para designar um padrão de comportamento através do qual uma pessoa simulava sintomas de doenças com a finalidade de atrair a atenção de alguém tanto por carência afetiva, por insegurança ou por teatralidade. Pessoas que compulsivamente fingem estar doentes (manipuladores de sintomas) ou que chegam mesmo a provocar doenças em si mesmas, ingerindo drogas, produtos químicos etc, com a finalidade de obter cuidados médicos, fazer exames, pessoas que sentem prazer quando procuram diagnósticos. Uma variante desta síndrome é a hipocondria. O hipocondríaco se atormenta excessivamente por causa de sua saúde. Diferentemente do que tem a síndrome de Munchhausen, o hipocondríaco acredita realmente que está doente. Na origem, hipocondríaco (hypo, abaixo, e chondro, cartilagem, em grego) era o que sofria de suas vísceras, supondo-se que isto lhe produzisse um humor triste e caprichoso.

Os atacados pela Síndrome de Münchhausen, que se concentram nos aspectos patológicos (doenças, somatizações, traumatofilia etc.) da existência humana, sempre respondem mal a tratamentos, vivem se submetendo a vários exames, seu histórico médico é incoerente, têm muita familiaridade com hospitais e procedimentos hospitalares, gostando muito de ler a literatura médica, inclusive bulas de remédios, que muitas vezes colecionam.

Grandes vítimas desta síndrome são as crianças. Isto acontece quando um parente, a mãe geralmente, na grande maioria dos casos, de forma persistente tenta fazer, intencionalmente ou não, com que o filho se sinta doente, sempre uma forma de abuso infantil que pode inclusive fazê-lo a passar por sérios riscos. A pergunta é inevitável: qual a razão disto? Difícil precisá-la. Dentre as mais comuns, notamos: necessidade de chamar a atenção do pai da criança? Agressão contra um filho não desejado? Afastar-se, para cuidar do filho, de um ambiente doméstico detestado? 

Quando os sintomas psicóticos são compartilhados por duas pessoas (transtorno induzido), geralmente próxima ou da mesma família, adota-se para caracterizar a sintomatologia a expressão francesa folie à deux (loucura a dois). Exemplo: o medo ou a paranoia de um membro da família (um pai, uma mãe), serem passados para um filho. Quando mais de duas pessoas estão envolvidas, usa-se a expressão folie à trois, à quatre, à plusieurs (loucura a três, a quatro, a muitos).

STENDHAL– (veja neste blog). 

MEDEIA - Princesa e feiticeira do reino da Cólquida, sobrinha de Circe, a grande maga da mitologia grega. Mulher inquieta, apaixonada, de temperamento fogoso, sua história se liga ao mito dos Argonautas, o da conquista do Velocino de Ouro. O chefe da expedição, Jasão, só se tornou vitorioso porque contou com a total proteção de Medeia, que, com a sua arte, deu-lhe condições de vencer todos os inimigos e de superar todos os obstáculos. Em troca, Jasão prometeu levá-la para a Grécia, jurando-lhe amor eterno. 

JASÃO E MEDEIA, 1907 (JOHN WATERHOUSER)

Na Grécia, em Corinto, viveram bem, tendo dois filhos. Jasão, herói famoso, porém, rendeu-se aos encantos de Glauce, cujo pai, o rei Creonte, lhe prometera o trono quando morresse se casasse com a filha. Jasão repudiou Medeia para se unir a Glauce. 

Parecendo conformar-se com tal situação, mas, no fundo, enlouquecida pela traição e ingratidão do marido, Medeia enviou como presente de núpcias a Glauce uma coroa e um manto de ouro, impregnados de poções mágicas letais, dos quais saíam também labaredas que tudo incendiavam quando usados. Ao tentar socorrer a filha, Creonte também morreu. Ao mesmo tempo em que Glauce e o pai morriam e o palácio em que viviam era reduzido a cinzas, Medeia assassinava os filhos. 

Foi o comportamento desta trágica figura da mitologia grega, Medeia, que serviu de base para se dar forma à chamada Síndrome de Medeia. Um dos aspectos mais terríveis descritos por esta síndrome é aquele em que a pessoa por ela possuída mata aqueles que mais ama, os filhos, no caso. Tal acontece geralmente quando, numa relação matrimonial, tida pela mulher como "perfeita", o marido, um dia, a repudia porque encontrou um outro amor. 

Mais recentemente, deu-se, nos meios jurídicos, o nome de Síndrome da Alienação Parental a uma variante da Síndrome de Medeia. A referida síndrome se configura quando um dos parceiros (geralmente a mulher), na iminência de ser abandonado (a) pelo outro, procura, por ações e atitudes, influenciar os filhos, despertando neles um sentimento de ódio, de profunda aversão, contra ele, mesmo sem nenhum fundamento real. 

A leitura do mitologema nos dá condições de abordar outro aspecto da Síndrome de Medeia. Destruído o palácio real de Corinto, mortos Creonte, Glauce e os filhos que tivera com Medeia, Jasão tornou-se um farrapo humano, vindo a morrer quando, alcoolizado, dormindo na praia, um dos mastros da desmantelada nau Argos lhe caiu sobre a cabeça. A rigor, Medeia nada lhe fez diretamente, mas o atingiu profundamente, acabando com as suas expectativas de futuro, transformando-o num molambo. 

A Síndrome de Medeia costuma também se manifestar nas mulheres que são tomadas pelo Complexo de Hera, mulheres que investiram anos e anos num casamento oficial, garantindo ao marido um cenário familiar pomposo, de sucesso social, colaborando de todas as maneiras (jantares, festas, solenidades, clubes etc.) para que ele possa se transformar num Zeus. Neste caso, o ódio das "medeias" não se volta contra os filhos, mas, às vezes, fisicamente, contra a "outra" e o marido ou, em outros casos, só contra o seu Zeus. O que cito aqui vai depender do temperamento (dominante elementar) da mulher/Medeia. Se ígnea a dominante, comuns a agressões físicas, pessoalmente, escandalosas, ou, então, a contratação de "profissionais" que se encarreguem desse serviço sujo (surras, perseguição, agressões, mutilações, destruição do patrimônio, incêndio etc.). Se terrestre a dominante da mulher-Medeia, a vingança será exercida de preferência através de bons e caros advogados que sempre saberão como arrancar "tudo" ($$$) de um apalermando Zeus, se ele não tiver tomado anteriormente providências para neutralizar a ação da mulher, antes uma Hera dócil e agora uma terrível Medeia .

DIÓGENES - A Síndrome de Diógenes é também conhecida como a Síndrome do Abandono do Autocuidado. Diógenes de Sínope, conhecido como Diógenes, o Cínico, viveu como filósofo na Grécia antiga (séc. V-IV aC). O cinismo (de kynos, cão) era uma doutrina filosófica que prescrevia a busca da felicidade através de uma vida simples e natural através de um completo desprezo por comodidades, riquezas, apegos, convenções sociais e pudores, utilizado de forma polêmica a vida canina como modelo metafórico, ideal, e exemplo prático destas virtudes. 

Esta maneira de viver leva ao isolamento social e a descuidos, às vezes totais, com relação à higiene pessoal, saúde e alimentação. As atitudes com relação à vida pública são hostis. Comum a tendência ao acúmulo de lixo e de coisas inúteis (syllogomania, em grego). Geralmente são pessoas excêntricas, esquizoides, independentes, agressivas, que vão envelhecendo cada vez mais isoladas.