domingo, 18 de outubro de 2015

CLAUDE DEBUSSY I



CLAUDE  DEBUSSY  ( MARCEL  BASCHET, 1884 )

Além de permanecer vivo para aqueles que se ligam ao que a

música tem de melhor, seja ela clássica, erudita ou popular, 
Debussy continua também presente para aqueles que gostam de leituras inteligentes. Refiro-me a um livro, de leitura imprescindível, Monsieur Croche, Antidilettante. Em textos curtos, críticos, ora teóricos, ora jornalísticos e noticiosos, revela-se
PAUL   VALÉRY
Debussy como um dos escritores mais irônicos do fim do século XIX. M. Croche (colcheia) é o próprio Debussy, personagem que criou ao inspirar-se no M.Teste, de Paul Valéry, outro a exigir leitura obrigatória. O livro é, fundamentalmente, uma declaração de guerra contra todas as formas de academicismo e de acomodação em arte. 

Algumas observações do Senhor Colcheia: Senhor, não gosto dos especialistas. Para mim, especializar-se é restringir demais o nosso universo, o que faz lembrar esses velhos cavalos que, antigamente, eram movimentados pela manivela dos carrosséis e que morriam aos sons bem conhecidos da Marche Lorraine. 

E prossegue, talvez com algum exagero: A música é um total de forças esparsas. Faz-se dela uma canção especulativa. Gosto mais das notas da flauta de um pastor egípcio; ele colabora com a paisagem e ouve as harmonias ignoradas por vossos tratados... Os músicos escutam apenas a música escrita por mãos adestradas, jamais aquelas inscritas na natureza. Ver o dia nascer é mais útil que ouvir a Sinfonia Pastoral. 

JOHANN  SEBASTIAN  BACH
Por fim: E preciso buscar a disciplina na liberdade e nas fórmulas de uma filosofia tornada caduca e boa para os fracos. Não ouvir os conselhos de ninguém, a não ser do vento que passa e nos conta a história do mundo. Gostaria que se chegasse a uma música verdadeiramente livre de motivos ou formada por um único motivo contínuo, que nada interrompe e que jamais retorna... Convenço-me cada vez mais de que a música não é, por sua essência, algo que se possa colar a uma forma rigorosa e tradicional. Ela é cores e tempos ritmados... O resto é uma piada inventada por frios imbecis sobre os lombos dos mestres, os quais geralmente não fizeram nada a não ser música de época. Só Bach pressentiu a verdade!