AMÓS |
ISAÍAS |
Isaías (13:10) nos fala que as estrelas do céu e as constelações não brilharão com a sua luz, que o Sol ficará escuro ao nascer pela manhã e que a Lua não brilhará. Diz ele que o mundo será lançado fora do seu eixo e o exército celeste sacudirá os céus; nesse dia da ira do Senhor dos Exércitos, dia da sua violenta cólera, a Terra sairá do seu lugar.
Sabe-se que no ano de 747 aC um novo calendário foi introduzido no Oriente Médio. Esse ano é conhecido como o do começo da era Nabonassar, nome de um rei babilônico. O estabelecimento desse calendário decorreu da necessidade de se fazer alguns ajustes no antigo calendário à vista de uma catástrofe, o referido raash, ocorrida, como tudo indica, num dia ao que corresponderia ao nosso 23 de março de 687 aC.
BAMBOO BOOK |
Sobre essa data há registros chineses (nos chamados anais Bamboo Books), americanos (antigos indígenas do México) e judaicos.
Nesse dia, os exército de Senaquerib, rei dos assírios, foram destruídos (há indicações desse fato no Livro dos Reis). Historiadores como Heródoto e Flavio Josefo, que se manifestaram sobre a destruição das tropas assírias, concordam quanto ao fato de que tal ocorreu (morte de milhares de homens) numa única noite, na referida data.
LIVRO DOS REIS |
O raash a que se referem os judeus teria sido causado por uma anormal aproximação da Terra do planeta Marte, alterando-se o eixo e a órbita do nosso planeta. Um relação interessante é que tal aproximação coincidiu com a fundação de Roma, um período em que o deus-planeta estava realizando grandes proezas no céu. Não é por acaso que o mito registra que Rômulo e Remo nasceram quando o Sol se encontrava em eclipse total.
De acordo com lendas populares, no dia da fundação de Roma a marcha do Sol foi interrompida e o mundo escureceu. Quando da morte de Rômulo, segundo essas mesmas fontes, ocorreram vários fatos estranhos. Uma fonte mais fidedigna (Plutarco, Vidas) nos relata que “súbitas, estranhas e extraordinárias perturbações, com incríveis mudanças, encheram o ar; a luz do Sol sumiu e a noite desceu sobre eles, não com paz e tranquilidade, mas com terríveis estrondos de trovões e rajadas furiosas.”
Ovídio, grande poeta latino, do início da era cristã, diz sobre o mesmo acontecimento: “Ambos os polos tremeram e Atlas mudou o peso do céu... O Sol desapareceu e levantaram-se nuvens obscurecendo o céu... o firmamento era rasgado por raios de fogo. O povo fugiu e o rei (Rômulo), sobre os corcéis de seu pai, voou para as estrelas.”
Entre os antigos judeus, a grande divindade é Javé. De características tipicamente uranianas, tonitroante e relampejante, é o deus das tribos do deserto, sendo dele também a função guerreira. Seu principal atributo é a soberania absoluta, exercida através das manifestações atmosféricas, sendo a mais espetacular o raio. É, por direito de conquista, um deus único, que se impõe pelo terror; é aquele dá a vida e a destrói, aquele que garante a ordem universal, guardião das normas e encarnação da própria lei. A lei e a espada são dele.
JAVÉ |
Os elementos recolhidos da pré-história nos informam, com certeza, que o antigo povo de Israel era nômade. A dinâmica da conquista da terra de Canaã por esse povo aparece nos textos bíblicos e nos permite entender como ele, entre poderosos impérios, Assíria, Babilônia e Egito, principalmente, conseguiu, na primeira parte do segundo milênio aC, conquistar, por “doação divina”, terras já ocupadas, para nelas se instalar.
JACÓ E O ANJO |
Sabe-se que mesmo antes do chamado período real, que começou com Saul (1030-1010 ac), a organização tribal do povo israelita era a de um exército aguerrido, sempre em movimento e preparado para atacar como para se defender. As unidades militares eram formadas por homens livres, que adquiriam as suas próprias armas e equipamentos. Os chefes militares, nos períodos de guerra, gozavam de autonomia com relação ao poder civil.
Só no período real (Saul, David, Salomão) o exército se tornou nacional e o serviço militar obrigatório, admitida a convocação de conscritos. O poder real se apoiava fortemente nas forças militares, profissionalizadas. Os principais postos na organização militar passam a ser ocupados por membros da família real, criando-se, além disso, uma poderosa e privilegiada casta militar.
SAUL E DAVID ( REMBRANDT ) |
Só no período real (Saul, David, Salomão) o exército se tornou nacional e o serviço militar obrigatório, admitida a convocação de conscritos. O poder real se apoiava fortemente nas forças militares, profissionalizadas. Os principais postos na organização militar passam a ser ocupados por membros da família real, criando-se, além disso, uma poderosa e privilegiada casta militar.
A guerra, no período real, se constituiu sempre numa atividade religiosa. Uma derrota era sempre considerada como uma “ausência” de Deus. As regras que orientam a atividade guerreira estão fixadas na Bíblia. A “presença” de Deus nos deslocamentos militares, no período nômade, por exemplo, era indicada pela arca da aliança, carregada pelos membros da tribo de Levi.
Outro exemplo das regras a observar em tempos de guerra pode ser encontrado no Deuteronômio. No cáp. VII, exige-se que vencidos os inimigos sejam eles “passados a cutelo sem que fique nem um só. Não celebrarás concerto algum com eles nem os tratarás com compaixão.”
Além do que acima se disse sobre Marte no mundo judaico (Javé
como senhor dos exércitos), há outras passagens no Antigo Testamento que julgo de interesse para ampliar a nossa compreensão sobre outras possibilidades significativas mítico-astrológicas desse astro. Uma leitura mais atenta do Gênesis, da história de Adão e de Eva, ser-nos-á, acredito, muito útil nesse sentido.
ANTIGO TESTAMENTO |
Realmente, a Bíblia é um livro único, fonte de três religiões, e, a rigor, não pertence a nenhuma delas nem a ninguém. Antigos rabinos de Israel, aliás, já abordaram essa questão, ao nos dizer que Deus se revelara num deserto inacessível para que ninguém pudesse dizer que a sua mensagem lhe pertencia.
De início é preciso lembrar que o Antigo Testamento foi escrito entre as idades do bronze e do ferro. Essa primeira observação já nos põe diante de Marte e, tendo-a em mente, será possível lançar um olhar diferente sobre o texto. A Bíblia, o Antigo Testamento, pede comentários abertos a todos os “sopros do espírito” para que possamos ter acesso às suas fontes mais secretas.
O primeiro livro do Antigo Testamento, conhecido como Gênesis, intitulava-se, na tradução dos LXX (Setenta), Bereshit, palavra traduzida como “No princípio”, mas, na realidade, segundo sua etimologia, significando, conforme sua composição: Be, em; Rosh, cabeça: e it, desinência que dá um sentido abstrato à palavra. No grego: em kephalaio (kephale, cabeça). Uma referência, portanto, ao signo de Áries e ao seu planeta regente, Marte. No corpo humano, sabe-se, o signo ariano se relaciona com a cabeça e com o sentido da visão.
ADÃO KADMO |
Esse ser terrestre foi criado no Monte Moriá, sendo feito do pó tomado dos quatro cantos da Terra. Insuflado nele o sopro da vida por Deus, ele recebeu materialmente contribuições de oito componentes universais: da água saiu o seu sangue; das pedras, os seus ossos; do Sol, os seus olhos; da terra, a sua carne; das raízes, os seus ligamentos; do vento, o seu espírito; das nuvens, os seus pensamentos; do fogo, o seu calor. Na sequência da criação, o andrógino apareceu depois do mundo mineral e do mundo animal. Todos os anjos aceitaram a criação do andrógino, menos Samael, razão pela qual ele foi expulso dos céus, transformando-se em príncipe do Mal.
A parte masculina do andrógino, entretanto, no que foi apoiada pelo Deus criador, não deu o devido reconhecimento de igualdade à parte feminina, que, rebelando-se, fugiu, passando a ser considerada como um demônio (Lilith) pela parte masculina. Desde então, Lilith, segundo a doutrina judaica, se uniu a Samael, príncipe dos demônios, líder dos anjos que foram expulsos do céu, e chefe do Sitra Achra, o “Outro Lado”, reino do Mal. Consta que foi Samael quem enviou a serpente para seduzir a mulher no jardim do Éden. Samael, lembre-se, foi expulso do céu porque não aceitou Adão.
No capítulo II do Gênesis registra-se que Deus não achou bom que a parte masculina ficasse sozinha. Mergulhando-o em profundo sono, tirou dele uma de suas costelas e dela formou um novo ser feminino, uma aberração sob vários ponto de vista, principalmente fisiológica e psicológica. Nus, um diante do outro, não se envergonharam. Disse-lhes então Deus que formassem a partir de então uma só carne.
Passando a viver num lugar paradisíaco, os dois, todavia, não respeitaram um tabu estabelecido por Deus (não comer os frutos da árvore da ciência, só os da árvore da vida). A responsabilidade por essa desobediência é atribuída ao ser feminino, que se deixou seduzir pelo que a serpente, grande agente do Mal, lhe disse: que o fruto da árvore da ciência era bom, porque se ela o comesse se igualaria aos deuses, passando a conhecer o bem e o mal. As consequências desse acontecimento nós as conhecemos bem. O homem, por seu turno, deixou-se convencer pela mulher, sendo ambos expulsos do Paraíso.
Os dois seres desta história, como todos sabem, têm os nomes de Adão e Eva. As duas letras matrizes do nome Adam são D e M, uma terrestre e outra aquática. Em hebraico, elas formam palavras ligadas à cor vermelha, ao sangue, lembrando também intermediação entre o divino e o humano. Aliás, ideias de intermediação estão no primitivo significado da palavra demônio. Em hebraico, terra é adamá, adom é vermelho, sendo dam o sangue. No antigo persa, dam é criatura. Em sânscrito, adimant é o que tem um começo. Se formos ao grego, o mesmo. No nome Deméter, a grande divindade da vida terrestre, da agricultura, destacam-se o D e o M.
ADÃO E EVA ( JEAN MABUSE ) |
Adam é, a rigor, um termo genérico que engloba toda a humanidade, podendo ser traduzido também como “terroso” ou “avermelhado”. No oriente, as argilas mais férteis e mais plásticas são vermelhas. Daí, as possíveis aproximações da palavra homem com humus (terra, em latim) e homoios (semelhante, em grego).
Quanto a Eva, Hawwah, foi o nome dado à mulher depois
da queda. Segundo a tradição, antes de deixar o Paraíso ela se chamava Aicha (Vivente) ou Icha (Esposa), palavra muito próxima de iccha, que, em sânscrito, significa desejo. Devido à sua falta, a mulher “perdeu” o seu lado divino, ganhando, por outro lado, só materialidade e aspecto físico. Seu novo nome evoca awwah, que lembra desejo em hebreu, palavra que podemos aproximar de avati, se regozijar, em sânscrito, e de aveo, em latim, desejar.
ADÃO E EVA (TICIANO ) |
Há outras hipóteses sobre o nome Eva. Uma delas é a que faz o nome derivar de Heba, esposa do deus hitita das tempestades, uma das hipóstases da deusa Ishtar, deusa do amor e da guerra entre os mesopotâmicos. Outra hipótese faz o nome Eva provir de Aruru, divindade sumeriana, que criou o herói Enkidu antes de iniciá-lo nas delícias do amor.
Evidentemente, a arraigada misoginia patriarcal sempre preferiu considerar Eva como uma criatura culpada, satanizada por todas as religiões monoteístas, do que como uma iniciadora, uma instrutora, uma salvadora, sem cuja influência o homem nunca poderá alcançar níveis superiores de consciência, sobretudo sob o ponto de vista espiritual.
Outra questão importante é a do tabu decretado por Deus.
Obedecendo-o, o ser humano não poderia jamais escapar da sua sua condição animal, prisioneiro de uma vida puramente instintiva. Ou seja, devia, como a besta, aceitar o cabresto e obedecer, não pensar. Adão é nesse sentido o homem-animal, instinto, pulsão fundamental de vida, que, na Astrologia, tem a ver com o signo de Áries e com o seu planeta regente, Marte. Esta pulsão, para que a convivência humana se estabeleça harmoniosamente, precisa do feminino. O diálogo Ares-Afrodite, Áries-Libra, Marte-Vênus é exemplar. Na Grécia, histórias como as Teseu e Ariadne, Édipo e Jocasta, Jasão e Medeia e outras são ilustrações do que aqui se coloca.
TESEU E ARIADNE |
Instinto, etimologicamente, como se sabe, é aguilhão interior, picada (sting, ferroada) sentido transportado por analogia do físico ao moral. Instinto será o conjunto de reações levado para o exterior, determinado, hereditário, comum a todos os indivíduos de uma mesma espécie, e adaptado a objetivos dos quais o ser que age geralmente não tem consciência. Nidificação, perseguição da presa, movimento de defesa, cio, busca de acasalamento, alterações do corpo favoráveis à fecundação e à geração, sono e fome são exemplos.
Os instintos podem ser primários, aqueles que resultam diretamente da estrutura primitiva do ser vivo. Não há reflexão, é algo que precisa ser atendido, algo que se impõe. Os instintos secundários são os que constituem um automatismo derivado, adquirido por adaptações inteligentes, tornadas depois inconscientes.
De um modo geral, instinto, para o homem comum, é o impulso interior que faz um animal executar inconscientemente atos adequados às suas necessidades de sobrevivência própria, da sua prole ou da sua espécie. Tendência natural, inclinação...
Nos céus, no círculo zodiacal, a primeira imagem desse impulso
criador aparece através do signo de Áries, sigo de fogo, cardinal, marcando o equinócio da primavera, sendo o seu astro regente (diurno) o planeta Marte. Esse planeta aparece, pois, como o doador da vida e da energia tanto no cosmos como no homem-animal, lembrando sempre a energia que põe tudo em movimento. Por essa razão, o planeta Marte se refere tanto ao nascimento do homem-animal como à sua morte, como os signos de Áries (primeira casa) e de Escorpião (oitava casa) nos revelam.
CÍRCULO ZODIACAL |
Sem a influência de Mercúrio, porém, o homem-animal não poderá adquirir uma consciência individual, já que Marte se volta sempre para o atendimentos das necessidades básicas e primárias da sua existência. Quem ajuda o homem-animal a controlar e transmutar esses impulsos que tendem a paixões e a emoções negativas, de natureza egóica, é Mercúrio, colocando-os numa perspectiva social e espiritual.
AARON |
instintivos. O mental que irá estabelecer as relações internas entre energia e matéria e externas entre elas, ajustadas, com o meio ambiente, só “nasce” no signo de Gêmeos. Não é por outra razão que o personagem judeu que tipifica Gêmeos (Sivan) é Moisés, o patriarca. Ele o irmão, Aaron, ambos descendentes da tribo de Levi, prepararam o povo de Israel para receber a Torah escrita.
Os celtas nunca chegaram a definir bem uma divindade que assumisse a função guerreira. Entre os continentais, Gália, é bem possível que cada tribo designasse por um nome de sua livre escolha uma divindade para desempenhar esse papel. Assim, poderíamos pensar num Marte gaulês e nos seus diversos apelidos: Segomo (Vitorioso), no vale do Reno e na Borgonha; Beladon ou Belatus-cadros (O Destruidor), entre os bretões; Camulus (O Poderoso), no Auvergne. Além destes, outros apelidos, de difícil identificação: Leherennus (O primeiro dos deuses), Dunates (O protetor das cidadelas), Carurix (O rei dos combates).
Embora o culto dessa divindade celta, sob esses nomes, estivesse bastante diversificado, contribui também para uma falta de maiores dados sobre ela o fato de que as representações (imagens e esculturas) que dela temos tivessem procurado sempre apresentá-la sob traços greco-romanos.
Entre os celtas insulares temos que fazer referências a Morrigu ou
Morrigan (Grande Rainha). Ela aparece sob um aspecto hediondo aos guerreiros falando-lhes de combates nos quais serão feridos ou mortos. Outras divindades cruéis não são mais que extensões desta Belona celta. Dentre elas destacamos: Fea (Odiosa), Badb (Furiosa), que é representada sob o aspecto de um corvo; Macha (Batalha) e Nemon (Venenosa). Há ainda a destacar Mider ou Medyr, divindade infernal, que aparece sob o aspecto de um arqueiro extremamente hábil, uma espécie de Guilherme Tell.
A deusa suprema da guerra entre os insulares gaélicos é Morrigu, deusa da “loucura guerreira”, que lembra fisicamente um pouco a orgulhosa Hera grega. Ela é, porém, entre os gaélicos, muito mais uma representação lunar, no que lembra Ártemis com a etimologia de artamos, sanguinária. É reverenciada através de ritos mágicos e cruéis. Sempre armada, carrega espadas nas mãos. Seu grito de guerra equivale ao de dez mil homens. Sempre que houver uma guerra, entre humanos ou deuses, ela estará presente na sua forma humana ou na de um corvo. Fazem parte do seu mundo, espíritos, fantasmas, demônios opressores, duendes e espectros.
MORRIGU |
A deusa suprema da guerra entre os insulares gaélicos é Morrigu, deusa da “loucura guerreira”, que lembra fisicamente um pouco a orgulhosa Hera grega. Ela é, porém, entre os gaélicos, muito mais uma representação lunar, no que lembra Ártemis com a etimologia de artamos, sanguinária. É reverenciada através de ritos mágicos e cruéis. Sempre armada, carrega espadas nas mãos. Seu grito de guerra equivale ao de dez mil homens. Sempre que houver uma guerra, entre humanos ou deuses, ela estará presente na sua forma humana ou na de um corvo. Fazem parte do seu mundo, espíritos, fantasmas, demônios opressores, duendes e espectros.