domingo, 6 de março de 2016

ASTROLOGIA E SAÚDE - VII

                                   
Planetas, casas e aspectos - Antes de discorrer sobre este tópico, será preciso fixar bem o que devemos entender por tonicidade a atonicidade dos corpos celestes e das ligações que podemos fazer entre estes conceitos e os elementos. Tonicidade é a qualidade, estado ou condição do que é tônico. Tônico é o que tonifica, o que aumenta a energia ou a vitalidade. Atonia é abatimento, físico, moral ou intelectual. O atônico enfraquece e relaxa.




São tônicos: Sol (Q+S) – Vital, expansivo, construtivo, hiperêmico; Marte (S+Q) – Hipertrofiado, agudo, excitante, enérgico, violento; Júpiter (Q+S) – Pletórico-estênico, fértil, substancial, enriquecedor; Urano (S+F) – Espasmódico, excêntrico, convulsivo, explosivo, repentino; Plutão (Q+S) – Destrutivo, transformador, extremista, regenerador.

São atônicos: Lua (F+U) – Linfática, plástica, anêmica, emotiva, receptiva, fecunda; Vênus (U+Q) – Pletórico-astênico, passivo, magnético, conciliador; Saturno - (F+S) – Atrofiado, caquético, crônico, obstrutivo, cristalizante; Netuno (U+Q) – Difuso, comatoso, caótico, dissimulante, infiltrante.

Obs.: a) por posição ou por aspecto, as tonicidades e as atonicidades poderão ser alteradas para mais ou para menos; b) Mercúrio é permutável, emissor, receptivo, reflexivo, amalgamador; c) Urano pode apresentar ação perversiva, levando a desvios da tonicidade e da atonicidade.




Elementos: Fogo (Q+S) – Áries (S+Q), Leão (Q+S) e Sagitário (Q+S+u) – Individualidade, aspirações espirituais (além do material), calor vital, energia física, bile, órgãos que contribuem para a transformação da energia. O fogo representa a Vida.

Terra (F+S) – Touro (F+S), Virgem (S+F) e Capricórnio (F+S+u) – Físico, temporal, sistema nervoso, tecidos, atrabile, aparelho locomotor, células, ossos, sais concreções. A terra representa o Sólido.

Ar (Q+U) – Gêmeos (Q+U+s), Libra (U+Q) e Aquário (Q+U) – Relativo, conectivo, espaços intercelulares, vasos sanguíneos, elementos mutáveis. O ar representa o Gasoso.

Água (F+U) – Câncer (F+U+s), Escorpião (F+U) e Peixes (U+F) – Mutável, terminal, translativa. Os fluídos e soros em geral: leite, líquido amniótico, sangue, linfa, sucos digestivos, fermentos, suco gástrico, saliva, ptialina, albume, quimo etc., de Câncer. Matéria excrementícia, urina, transpiração, menstruação, esperma etc., de Escorpião. Sucos em geral, da pleura, dos intestinos, cerumes, líquidos sinoviais; lágrima, pus, de Peixes. A água representa o Líquido. 






O ascendente, pelo signo que ocupa, pelo seu regente e, se for o caso, pelo seu dispositor, pelos planetas nele posicionados e pelos aspectos que recebe, pode indicar pontos fracos ou problemáticos de um organismo. Não podemos também perder de vista analogias naturais entre signos e casas quando tratamos destas questões. A casa 2, por analogia com Touro, tem relação com a garganta, o pescoço, a nuca, a boca etc. A casa 3 (Gêmeos), com mãos, braços, ombros, pulmões etc. A casa 4 (Câncer), com pulmões, seios, peito, estômago etc. A casa 5 (Leão), com o coração, a coluna vertebral etc. A casa 6 (Virgem), com intestinos, plexo solar, doenças agudas etc. A casa 7 (Libra), com rins, a pele ,as formas do corpo etc. A casa 8 (Escorpião), com intestinos, nariz, região anal, doenças graves, morte etc. A casa 9 (Sagitário), com quadris, coxa, fígado, fêmur etc. A casa 10 (Capricórnio), com os ossos, a pele, os joelhos etc. Casa 11 (Aquário), com circulação, sistema nervoso, neuromentalidade, tornozelos etc. Casa 12 (Peixes), com os pés, males crônicos, doenças que necessitam de cuidados hospitalares, doenças ocultas e secretas.

CRUZ MUTÁVEL

A rigor, como já se mencionou, todo o nosso mapa astral tem a ver com problemas de saúde. Quanto às casas mais importantes neste particular, destaque para o ascendente e as casas 4, 6, 8 e 12 e seus respectivos regentes. Quanto aos planetas, na esfera do ascendente: é preciso não esquecer os astros que funcionam como hyleg, anareta e afeta. O eixo 3-9 deverá ser também considerado, como exporemos. Mais: as casas que constituem a cruz mutável (3, 6, 9 e 12), embora não digam respeito diretamente a problemas de saúde, deverão também merecer nossa consideração, como cadentes que são, porque nelas sempre há um enfraquecimento da energia (analogia com os meses finais das estações). 

Quando não encontramos um planeta na esfera do ascendente que possa servir como hyleg, podemos procurá-lo no meio-do-céu, lembrando que nem sempre, nesse papel, o planeta encontrado terá relação com problemas físicos. Apontará ele para a posição mundana do dono do mapa, favorecendo-a ou não, considerados obviamente  os planetas que com ele formarem aspectos, positiva (afeta) ou negativamente (anareta). 

A título de curiosidade, damos a seguir duas Partes que podem funcionar como pontos hylegíacos, a Parte da Doença e a Parte da Morte. Segundo os signos e casas que ocuparem e os aspectos recebidos, estes pontos podem ser, com a devida cautela, levados em consideração para a obtenção de mais informações que nos auxiliem nas avaliações do tema. Parte da Doença: é o ponto do círculo zodiacal calculado acrescentando-se, à longitude do ascendente, a distância em graus que separa, no tema natal, Marte de Saturno. Parte da Morte é o ponto no círculo zodiacal que se calcula somando-se à longitude de Saturno a distância em graus que separa, no tema natal, a Lua da cúspide da casa oito. 





De um modo geral, a astrologia tradicional se limita apenas a enfatizar o eixo 6-12 quando falamos das doenças que podem atingir o corpo físico. Aqui, um parêntese: já falamos que o “nosso” médico é encontrado no eixo 3-9 (Mercúrio-Júpiter). Nestas casas estão, como sabemos, as informações (casa três) e os princípios superiores que deverão nos orientar quanto a uma vida mais elevada, moralmente saudável, espiritualizada talvez, menos dependente da vida instintiva, dos sentimentos e emoções e do mental inferior. Na casa três, está o mental inferior, manas, para a astrologia hindu, obtenção de informações etc. Na casa nove está o mental superior:  filosofia, religião, ética, valores morais etc. É por estas razões que podemos considerar Júpiter, regente natural da casa nove, como o “médico” do mapa, devidamente “alimentado” por Mercúrio, regente natural da casa três. Realmente, se temos uma relação harmoniosa Júpiter-Lua podemos pensar num bom nutricionista; se temos Júpiter-Marte, podemos pensar num hematólogo etc. As terapias do psiquismo exigirão, contudo, algo mais que uma boa relação Mercúrio-Plutão. Estes dois planetas, sem a participação de Júpiter, poderão nos dar bons analistas, mas nunca bons terapeutas.

A casa 6 tem relação com serviços em geral, as várias tarefas diárias em função das exigências das outras casas do nosso mapa, de modo especial das casas dois e dez: atenção corporal, alimentação, nossa agenda diária, depreendendo-se dela a nossa (in)capacidade prática para lidar com tudo isso. Na nossa casa seis aparecerão também indícios de como saberemos delegar ou não atribuições para outras pessoas. O signo dessa casa revela como lidamos com os nossos problemas diários, como os evitamos, como os criamos desnecessariamente, se somos ou não responsáveis, se sabemos nos organizar em função da equação tempo-espaço. 

Exemplo: Áries na casa seis: pessoa muito atarefada, muito apressada, impaciente, ansiosa, sempre se queixando de falta de tempo (Saturno, o tempo, em queda), criando atritos desnecessários, conflitos no ambiente de trabalho, “cabeça quente”, propensão à estafa, ferimentos, acidentes por imprudência (não usa equipamentos de segurança), muita competitividade, desregramento alimentar etc. Câncer: problemas tratados emocionalmente, métodos tradicionais, idiossincrasias, relação entre estômago e condições de trabalho, falta de objetividade, dificuldade para se adaptar a inovações, a tratamentos novos etc.



Lembro que os signos cardinais na sexta casa sempre tendem, cada um à sua maneira, a resolver de algum modo as questões a ela relativas. Já a presença dos fixos sugere mais cautela, podem eles retardar soluções, suportam mais, resistem, são mais teimosos. Os librianos, por exemplo, no primeiro caso, procurarão acomodar as situações, evitarão conflitos, adiarão as decisões. Uma sexta casa leonina sugere atitudes ditatoriais, problemas cardíacos etc. Aquário na sexta casa precisará de liberdade para trabalhar, indicará talvez dificuldades para observar horários, dificuldades com chefias etc. 

Já signos mutáveis da sexta casa tendem a evitar os problemas, não os enfrentando, contornando-os muitas vezes com habilidade, esperando que eles desapareçam por si mesmos. Com Gêmeos da sexta casa “não há problemas”, pois tudo será uma questão de comunicação; muita conversa; Gêmeos na sexta casa terá todas as informações sobre os seus assuntos, especialmente quanto aos problemas de saúde. Já Virgo (signo de patologistas, químicos e farmacêuticos) discriminará, dissecará, examinará, mas não lidará bem com os problemas, pois tenderá invariavelmente a exagerar os mínimos detalhes do que na casa se tratar. Sagitário “filosofará”, teorizará, falará, quem sabe, de influências religiosas; ao invés de médicos, poderá procurar um conselheiro espiritual; desequilíbrios alimentares, automedicação etc. Peixes, dentre outras atitudes, procurará despertar compaixão, falará muito de seus sofrimentos etc.

Ainda com relação ao ascendente é bom lembrar que a nossa aparência não pode ser definida exclusivamente por ele. Ela é normalmente uma combinação do signo ascendente e de seu regente com o signo solar. Exemplo: ascendente entre 23º de Libra e 20º de Escorpião, com o Sol e Vênus neste último, conjuntos. Teremos um libriano mais “escuro”, “escorpianizado”. Já qualquer planeta na esfera do ascendente que funcione como hyleg sempre afetará a nossa aparência. Marte em conjunto com o grau ascendente tornará a pessoa mais “primitiva”, “instintiva” ou “animalesca”. Saturno a “envelhecerá”, Júpiter poderá torná-la talvez corpulenta. Vênus a suavizará, fazendo-a mais bela se estiver dignificado, mas inclinando-a provavelmente a algum descontrole alimentar ou predisposição de natureza alérgica (muita umidade).

A ligação do ascendente com a casa três é feita pela segunda. No zodíaco padrão, lembremos, Touro tem muito a ver com os sentidos (sensualidade, paladar, tato, audição etc.), sendo Vênus o seu regente. Nesta casa, costumamos escolher os nossos alimentos, nós os selecionamos para abastecer a nossa despensa em função das nossas preferências alimentares, que, no caso, têm muito a ver com as influências lunares (a Lua se exalta em Touro), familiares; problemas com o nosso regime alimentar podem ser detectados nesta casa; é através da segunda casa que compramos alimentos, mantimentos, geralmente aqueles dos quais mais gostamos. Exemplo: ascendente em Libra, Escorpião na segunda casa: menos doces ou nenhum até. No lugar, condimentos fortes, sabores

apimentados, temperos, ervas. Os doces são apreciados por Libra na segunda ou na sexta casas. Vênus é sempre um indicador de açúcar, chocolate, doces, geleias, licores açucarados etc. Escorpião tem a ver com alho, cebola, cogumelos, pimenta, alcaparras, gengibre etc. Por isso, se Vênus reger a casa doze (Touro ou Libra). poderemos ter problemas crônicos com carboidratos, metabolismo difícil, algo de natureza crônica nesse área.


Na casa quatro encontramos informações sobre hábitos alimentares. Na cinco, na ordem da natureza, o vegetal é colhido (julho-agosto) e o animal é abatido. Entre as casas cinco e seis, temos a preparação dos alimentos; indicações de como os cozinhamos, de como preparamos os alimentos que estão na nossa quinta casa. Na casa seis estão as informações de como levamos à boca os alimentos (o cenário das nossas refeições), o cenário que montamos (ou não) para fazer refeições, o que adicionamos ao preparado. Entre as casas seis e oito temos o estágio final da nossa digestão. Parte do que entrou (anabolismo) deve sair (catabolismo), aquilo que será expelido pelos rins e pelo intestino grosso. Temos aqui, enfim, o que chamamos de metabolismo, conjunto de operações, num organismo vivo, pelas quais passam as substâncias que o constituem: reações de síntese (anabolismo) e reações de desassimilação (catabolismo) que liberam a energia da qual o organismo necessita para sobreviver. 





Se não resolvermos os problemas da nossa casa seis, levando o entendimento dela (é a partir da casa seis que começamos a construir ou não o nosso eu superior, buddhi, na astrologia hindu) para um outro nível, por ignorância, displicência ou omissão, não supriremos adequadamente a nona, não conseguiremos nos desenvolver superiormente na vida. Fisicamente, por exemplo, sobrecarregaremos sobretudo o nosso fígado, governado por Júpiter (órgão onde são depositados todos os nossos excessos alimentares). A informação é recolhida na terceira casa, aplicada na sexta e transformada em nosso conhecimento na nona. Se isto não acontecer corretamente, tudo acabará sobrecarregando a casa doze (moléstias crônicas, tratamentos demorados etc.). O fígado, como se sabe, está ligado aos estados coléricos, à animosidade, atribuindo muitos o sabor amargo da bile a tais estados. O fígado sempre foi considerado como centro das virtudes guerreiras, coragem, ímpeto, destemor, arrojo diante do perigo etc. 

Outro dado importante: o eixo seis-doze divide o nosso mapa em duas partes. Quando planetas em aspecto com a cúspide ou astros presentes na sexta casa, se eles estiverem abaixo, teremos o que chamamos de “crescente”, acima, o “decrescente”. Se o aspecto vier de cima (decrescente), o problema clínico estará fora de nós, será objetivo. Se vier de baixo (crescente), o problema estará dentro de nós, será subjetivo. Exemplo: Mercúrio em quadratura com a sexta casa. Se ele estiver em cima, na nona casa, o problema (tensão mental) virá dessa casa (estudos, filosofia de vida, cunhados, religião, inclusive, por derivação, de “ideias” de nosso parceiro etc. Esta última hipótese, contudo, deverá ser sempre considerada com muito cuidado, já que conclusões com base na aplicação dessa técnica, a derivação, poderão nos induzir a erros lamentáveis. Se o aspecto vier da casa três, a tensão mental terá a ver com fatores internos, subjetivos, distúrbios de comunicação (irmãos, vizinhos etc.), problemas nossos no processo da comunicação, suposições, inferências, desconfiança sem base alguma etc. 

A predisposição às doenças pode ser pesquisada geralmente no caso de dissonâncias entre o regente da sexta casa, o mestre do ascendente e os luminares. Os órgãos atingidos, ou funções, são designados pelos signos que ocupam o ascendente e a sexta casa e pelo signo que acolhe o dono da sexta casa. Exemplo: Câncer na casa seis, com Marte (reg. de três) presente; Lua, reg. de seis em Libra (interceptado na casa oito). A ação de Marte produzirá males estomacais, irritação gástrica, inflamação. Esta é a ação imediata; a mediata será causada pela Lua (mal funcionamento renal). Outros exemplos: ascendente em Peixes, Júpiter, seu regente, na seis, em Leão; problemas nos pés (pés inchados) e possíveis males cardíacos. Mercúrio, regente da seis em Escorpião. Marte em Gêmeos: indícios de problemas respiratórios, mas a causa inicial virá provavelmente na posição de Mercúrio em Escorpião, órgãos genitais, região anal, nariz. 

Nunca se poderá perder de vista que o ascendente é a base de nossa constituição física e que a nossa vitalidade depende em grande parte do Sol. O “diálogo” entre eles será sempre de grande importância quando avaliamos as questões de saúde num mapa. Antes, porém, é oportuno esclarecer que vitalidade, como a entendemos aqui, se identifica astrologicamente com a vontade e é da alçada solar, enquanto o elã vital é do âmbito marciano. Vontade é qualidade do nosso caráter (marca pessoal) que consiste numa força maior ou menor através da qual uma tendência, com a qual nos identificamos conscientemente, se mantém e se torna eficaz apesar de resistências contrárias. Daí, falarmos em Astrologia de um Sol “forte” ou de um Sol “fraco”, o primeiro ativo e o segundo passivo ou reativo quando muito.

Relações desarmônicas entre o Ascendente e o Sol (se numa casa quatro, por exemplo) afetam sobremodo a nossa saúde já que todos nós pagamos um preço maior ou menor por termos que nos separar das nossas origens, no geral protetoras. À falta de rituais de passagem, abolidos ou ignorados no mundo moderno, é sempre traumática (a nossa separação da casa IV). A passagem da quarta para a quinta casas é responsável por uma das grandes “epidemias” do mundo moderno, a síndrome do pânico. 

A medicina, atualmente, define o ataque de pânico como uma crise de angústia de início repentino e acompanhada de pelo menos quatro dos seguintes sintomas: taquicardia ou palpitações, suores profusos, tremores, falta de ar, dor ou aperto no peito, dificuldade para respirar (sensação de sufocação), ondas de calor ou frio, formigamento ou adormecimento das mãos, náusea, descontrole intestinal, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer, sensação de morte iminente, sensações de despersonalização (como se estivéssemos sonhando) ou desrealização, com distorções perceptivas.

Os sintomas atingem intensidade máxima e o ataque dura poucos minutos, mas para quem o sofre o acontecimento será sempre brutal, durando uma “eternidade”. As crises podem inclusive ocorrer durante o sono; acordamos bruscamente, presentes os mencionados sintomas físicos. A síndrome do pânico se alimenta sobretudo da chamada ansiedade antecipatória e, terminado o ataque, é comum que estados depressivos prostrem a vítima. A síndrome do pânico costuma aparecer associada a fobias diversas (agorafobia, acrofobia, gefirofobia, aracnofobia, ofiofobia, astrofobia, claustrofobia etc.).


ARANHA  ( LOUISE   BOURGEOIS  -  1911 - 2010 )

As síndromes do pânico encontram a sua melhor explicação na mitologia grega, nos mitos lunares que têm como principal figura Ártemis, a deusa lunar. Filha de Zeus e de Leto, ela é irmã gêmea de Apolo, a quem precedeu no parto. Dentre outras atribuições, Ártemis é dona do agros, território de passagem entre a gruta, lugar de nascimento, e o grande Todo. Nessa condição, ela guarda as passagens do conhecido ao desconhecido e, como tal, protege todos os que têm de passar pelo agros. É Ártemis a deusa de tudo o que entra na vida, as crias, os rebentos os brotos, as ervas novas (neófitos), os riachos, tudo que deve se afastar obrigatoriamente das suas origens e ir pelo mundo afora, segundo as leis da existência. 



PAN

Nos territórios guardados por Ártemis vivem várias divindades menores, ninfas, sátiros, centauros, faunos, silenos, seres entre o animal e o humano, nos quais a vida instintiva predomina sobre a vida racional. A principal figura mítica do agros é o deus Pan (etimologicamente, Tudo, o Todo), um filho do deus Hermes, guardião da natureza universal, que representa a matéria animada por todas as formas de energia que atuam no universo. Dotado de um enorme membro fálico, Pan simbolizava o poder criador aplicado à procriação. Seu inesperado aparecimento nos campos provocava sempre o chamado terror pânico, que se apossava de todos os que, devendo atravessar a região, passar simbolicamente do conhecido (quarta casa) ao desconhecido (quinta casa; conquista de um ego pessoal e autônomo) ainda permaneciam condicionados pelas suas origens (gruta maternal, Câncer).

Se o regente do ascendente ou o astro hyleg estiverem em aspecto dissonante com o regente da sexta casa, os problemas de saúde deverão ser considerados como pessoais. Se a relação dissonante ocorrer com o regente da quarta casa, os problemas terão um caráter hereditário. Luminares mal aspectados com a sexta casa ou com o seu o regente costumam indicar influências hereditárias sobre a saúde, o Sol pelo lado paterno e a Lua pelo lado materno.

Detalhando mais: o planeta hyleg (encontrado na esfera do ascendente, em conjunção ou pouco antes ou um pouco depois, até uns 10º no máximo) é conhecido como o sustentador da vida; o planeta que com ele estabelecer mais imediatamente um aspecto harmônico será o afeta (protetor, auxiliar); já aquele que com ele, nas mesmas condições, estabelecer um aspecto dissonante será o anareta, conhecido como o “matador” (aquele que tira a vida).

Aspectos desarmônicos ligados às cúspides das casas seis e doze podem ser ativados pelo trânsito de algum planeta. Exemplo: Saturno em quincúncio com a ponta da casa seis causa uma certa pressão, pode produzir inibições, obstruções, conforme o caso. Exemplo: a cúspide da casa seis começa a 16º de Sagitário, grau do nervo ciático. Uma crise (dores ciáticas) poderá ocorrer quando algum planeta como Marte ou Urano transitarem sobre o referido grau. O quincúncio parte dos 16º de Câncer, que têm relação com o pâncreas.


REINHOLD   EBERTIN   
Astrólogos de antigas tradições, hinduísta, árabe, grega e outras, realizaram estudos sobre a correspondência não só entre os graus do zodíaco e partes do corpo humano como entre os referidos graus e sua simbologia, com destaque para aspectos psicológicos neles encerrados. Um astrólogo alemão, Reinhold Ebertin (1901-1988) estabeleceu, com base nas citadas tradições, a correspondência anatômica entre as partes do corpo físico e os graus zodiacais. O astrólogo americano Robert Carl Jensky a reproduziu no seu livro Introdução à Astrologia Médica Holística, editado no Brasil pela Editora Pensamento.