quarta-feira, 30 de novembro de 2016

MITOLOGIAS DO CÉU - PLUTÃO (8)

               


Foi dos etruscos primitivos que os romanos herdaram os traços mais característicos de sua concepção do Inferno. Mas, com o correr do tempo, tanto a concepção etrusca como a romana acabaram por incorporar muitas influências gregas, o que acabou por conferir, ao final, à concepção romana de inferno um caráter nacional, bastante peculiar. 

CHARUN
 ( SEGUNDO A PARTIR DA ESQUERDA )
O Inferno etrusco era governado por Eita ou Ade juntamente com sua esposa, Persipnei. As outras principais figuras desse mundo eram Charun e Tuchulpa, o primeiro uma figura soturna e o outro um demônio de olhos ferozes, orelhas de asno, um bico em lugar da boca, duas serpentes enroladas na cabeça e uma terceira num dos braços. 

No momento da morte, a alma era agarrada por dois grupos de gênios. Um deles ligado ao mal; seu condutor era Charun, que levava numa das mãos um porrete com duas cabeças ou, às vezes, uma tocha. O segundo grupo, ligado ao bem, era comandado por Vanth. Um conflito, pois, entre os dois princípios universais que disputavam a alma. O defunto ia para o Inferno, às vezes montado numa biga e noutras vezes a pé. Outros gênios que o acompanhavam levam nas mãos folhas enroladas onde estavam registradas todas as ações praticadas pelo defunto.

Os gênios a que acima nos referimos, semelhantes aos daimons dos
CÍCERO
gregos, eram entidades que faziam uma intermediação entre os deuses e os mortais. Vários autores, como Marco Túlio Cícero e Aufúscio, "atestam" a sua existência. Na mitologia romana, cada ser humano nascia com o seu gênio, que o tutelava, sendo muitas vezes considerado com uma espécie de pai. O gênio nascia com o ser humano e desaparecia quando da sua morte. No cristianismo, a figura do anjo custódio parece ter sido inspirada pelos gênios romanos.

Além dos seres humanos, famílias, cidades, lugares, bosques, rios, fontes etc. tinham também os seus gênios, que podiam inclusive tomar a forma de animais, serpentes ou seres ctônicos. A função principal destes gênios era a de proteger o lugar em que apareciam, identificando-se com a "energia" nele presente, algo assim como espíritos da natureza. 
 
TUMBA   DE   RUVO  ,  ITÁLIA


Um julgamento desfavorável, presidido pelos reis do mundo infernal, significava tormentos eternos, horríveis. Uma decisão
PINGENTE   ( LOUVRE )
favorável levava o defunto (alma) a uma eternidade glorificada num paraíso celestial, de caráter muito realista, revestido de esplendor e magnificência no  que lembrava muito a riqueza e o luxo terrenos. Nas necrópoles etruscas, foi encontrada uma imensa variedade de objetos que acompanhavam o morto na sua viagem: utensílios diversos, espelhos, vasos, imagens, pentes, objetos de toalete pequenos móveis etc. Numa antecipação da vida celestial, eram gravadas nos sarcófagos cenas de pessoas sentadas à mesa de um banquete, serviços de mesa, jarras, taças para vinho, representações artísticas com cenas de caça, baile, cenas amorosas e mitológicas etc.


NECRÓPOLE   ETRUSCA   ( ORVIETO,  ITÁLIA )

Antes de Roma começar a se firmar na península itálica como único centro de poder, os verdadeiros deuses infernais desse mundo ainda em formação eram os Manes, os antepassados. Eles eram também chamados de Di Parentes. Manes é palavra que deriva de um antigo adjetivo, manus (bom) e se opõe a immanis (mal). Os Manes eram então os Bons e, como tal, recebiam cultos tanto públicos como privados. 



TÚMULO  -   ETRÚRIA

Quando da fundação de uma cidade, era costume se abrir um grande buraco arredondado a que se dava o nome de mundus, imagem do céu às avessas. No fundo desse buraco era colocada uma enorme pedra, que chamavam de lapis manalis, sendo ela considerada como a porta de entrada do reino infernal. Nos dias 24 de agosto, 5 de outubro e 8 de novembro, a pedra era afastada para se dar passagem aos Manes, que vinham visitar os vivos.



PARENTALIA

Era nesses dias que se prestava culto aos antepassados, sempre com a finalidade de apaziguá-los, de aplacar a sua cólera (inveja). No início, eram oferecidos aos Manes sacrifícios sangrentos. Acredita-se que os primeiros combates entre gladiadores tenham sido instituídos para honrá-los. No mês de fevereiro, entre os dias 13 e 26, celebravam-se grandes festas para homenageá-los, as chamadas Parentalia e Feralia. Durante esse período não se trabalhava e os templos não funcionavam. Os túmulos eram decorados com violetas, rosas, lírios e mirto, depositando-se sobre eles oferendas (alimentos).



FERALIA


VIOLETA   DI   PARMA
A violeta sempre foi considerada uma flor funerária. Cora (Kore entre os gregos), a filha de Ceres (Deméter entre os gregos), a futura Prosérpina (Perséfone entre os gregos), colhia violetas quando de sua descida ao mundo infernal, raptada por Dite  (Plutão entre os romanos). As rosas, por sua vez, também tinham um caráter funerário, sendo plantadas ao lado dos ciprestes, ao redor dos túmulos. Atribuía-se às rosas o poder de proteger os mortos dos maus espíritos. Já os lírios sempre tiveram no mundo greco-romano uma ligação com a imortalidade.
MIRTO
Segundo o mito grego, quando, por sugestão de Palas Athena, Hera ofereceu o seu augusto seio a Hércules para que ele o sugasse, a fim de aceder à imortalidade, uma gotas do leite caíram sobre a terra, imediatamente brotando, no lugar, alvíssimos lírios. Quanto ao mirto ou murta, seu caráter funerário é explicado por uma história associada a Dioniso. O deus, ao resgatar sua mãe, Sêmele, do mundo infernal, foi obrigado a deixar no lugar por ela ocupado um arbusto, o mirto.        

LAGO   DE   AVERNO
Como se expôs acima, os romanos colocavam o Inferno no mundo subterrâneo, no centro da Terra. A ele davam acesso aberturas na superfície terrestre, cavernas, fendas profundas, lagos, pântanos e grutas. Uma das mais célebres entradas era o lago Averno, na Campânia, numa região desolada, perto de Nápoles. Lembro que o poeta Virgílio o descreveu no seu poema A Eneida, assim fazendo também com relação ao antro da Sibila de Cumas, centro oracular
ENTRADA   DO  ANTRO
DA   SIBILA  DE  CUMAS  ( IT.)
feminino que ficava na sua vizinhança. As colinas que cercavam o Averno, cheias de bosques, eram em tempos remotos consagradas à deusa Trivia (Hécate entre os gregos). As aparições da deusa eram conhecidas pelo nome luci averni; nos locais dessas aparições, em muitos orifícios neles encontrados, segundo Cícero, eram feitas invocações das almas dos mortos, algo muito parecido com a nekyia dos gregos. 

Os Manes tinham um culto rigorosamente organizado e observado. A eles eram oferecidos mel, vinho, leite e flores. Eram tantos os cuidados que as festas acabaram se fixando mais nas oferendas do que propriamente na evocação. Daí, festas com nomes como Rosaria (rosas) e Violaria (violetas), em homenagem aos mortos. O que se procurava sempre era acalmá-los e fazê-los retornar aos Infernos. Conta-se que certa vez a população de Roma não honrou devidamente os Manes. Eles então, indignados, invadiram a cidade promovendo enormes confusões. Só a muito custo e com muitos sacrifícios os romanos conseguiam fazê-los retornar. 

Com a crescente helenização da cultura e da religião, Roma adotou Dis Pater como principal divindade ctônica. O nome Dis quer dizer rico, opulento. Temos então Pai Rico (algo semelhante ao Plutão dos gregos) nome do deus do mundo subterrâneo e que era também o pai da abundância e das riquezas que se escondiam no interior de suas profundezas.  Sua ação última era fazer com que tudo o que tomasse forma se decompusesse e retornasse ao interior da terra, para dela renascesse novamente, sob outra forma.


ORCUS   ( PARQUE  DOS  MONSTROS ,  JARDIM  DE  BOMARZO

Os romanos representavam a morte através de Orcus, nome que acabou por designar também o Inferno como um todo. Orcus era uma entidade que conduzia e submetia os vivos à força, levando-os para o reino de Dis Pater. Orcus etimologicamente significa esconder, fechar, ocultar. Popularmente, Orcus era um gênio da morte, sendo apresentado nas imagens funerárias como um tipo gigantesco, escuro, hirsuto. 

FEBRUS
Os romanos tinham também um deus chamado Februs, de origem etrusca, uma espécie de sósia de Dis Pater. Era-lhe consagrado o mês de fevereiro, o mês dos mortos. Foi ele quem deu nome ao segundo mês do ano, februarius, o último do antigo calendário romano, dedicado às purificações e expiações. 


Libitina era uma antiga divindade romana, a princípio, talvez, de natureza agrária. Foi identificada como divindade dos funerais, sendo às vezes associada a Prosérpina. A cada falecimento uma moeda era levada ao seu templo. As pessoas que participavam das
LIBITINA
exéquias fúnebres eram chamadas de libitinarii. Essa deusa era uma herança etrusca, derivando seu nome do verbo agradar, proporcionar prazer. Os romanos chamavam de Vênus Libitina a divindade que ajudava os acompanhantes de um morto a conduzi-lo ao túmulo “amorosamente”. Libitina foi adotada pelos poetas e passou a designar poeticamente a própria morte. Presidia os funerais e era responsável pelas honras prestadas aos mortos. Seu templo se localizava num lugar sagrado do Aventino. Nesse lugar viviam também os agentes funerários, que eram apelidados de libitinarii

POÇO   DE   JUTURNA

Ligada ao mundo infernal, temos a história de Lara (espectro, fantasma assustador de crianças), que começa com a de outro personagem, Juturna, ninfa creneia, lindíssima, que incendiou o coração de Júpiter. Esta jovem tentou escapar da sanha erótica do grande deus. Ele, então, convocou as demais ninfas e as convenceu que todas seriam beneficiadas se o ajudassem a conquistar Juturna. Todas concordaram. Uma delas, porém, Lara, muito indiscreta, preveniu a jovem e contou tudo a Juno, esposa de Júpiter. 

Irritadíssimo, Júpiter arrancou a língua de Lara e ordenou que Mercúrio a levasse para o mundo infernal, onde passaria a viver como ninfa das águas silenciosas. Ao chegar a jovem ao reino
LARES
subterrâneo, Dis Pater se impressionou com a sua singular e tentou seduzi-la. A ninfa, não podendo falar, se defendeu com gestos. Foi violentada, tornando-se mãe de dois Lares, divindades que passaram a guardar as encruzilhadas de Roma, onde Lara era também cultuada com os nomes de Tacita ou Muta, como divindade do silêncio e de perigosos encantamentos. Ao que parece, um outro nome de Lara era Mania, honrada em festas como as Compitalia e Feralia, ambas tendo a ver com encruzilhadas. Nessas festas, em tempos muito remotos, honravam-se os mortos nas encruzilhadas. Com o tempo, essa tradição se perdeu, e só as classes mais humildes, que viviam na periferia da cidade, dela participavam, mantendo-a.

Os romanos davam o nome de Larvas (origem etrusca) a fantasmas e espectros que perseguiam os vivos.Aos poucos, o nome passou a designar de modo especial as almas de criminosos e de pessoas que haviam tido um fim trágico. As Larvas eram responsáveis por distúrbios psíquicos e mentais que muitas pessoas experimentavam, como a epilepsia, ataques de raiva, estados catatônicos etc. Às pessoas assim vitimadas dava-se o nome de larvati, enfeitiçados, perturbados.

As Larvas eram representadas por esqueletos e a elas era a atribuída a tarefa de torturar os condenados ao Inferno. Na alquimia greco-alexandrina, lembre-se, os esqueletos eram símbolo da nigredo, da putrefação, e, provavelmente, com esse sentido, vieram para a iconografia romana. Em Roma, com o tempo, os esqueletos que apareciam nos lampadários sepulcrais e nas lápides, como símbolos dos mortos, passaram a ser pintados, desenhados ou esculpidos em movimento, dançando, tocando inclusive instrumentos musicais, animando os grupos de que faziam parte. Muitas vezes, nessas representações aparecia uma borboleta, muito usada como símbolo reencarnacionista. As Larvas, assim representadas, esquecida a sua função infernal, em meio a jarras de vinho, guirlandas de flores, soprando cornetas e tocando tambores, passaram a ilustrar um tema de muito agrado dos romanos nos períodos de decadência política e social, o de que, se a morte é certa, temos que aproveitar ao máximo o que a vida nos oferece. Era o famoso carpe diem dos filósofos hedonistas popularizado.  Na Idade Média, como podemos constatar, as Larvas voltaram a assumir a sua antiga função de figuras sinistras do mundo infernal.

A expressão carpe diem é encontrada originalmente nas Odes do
HORÁCIO
poeta latino Horácio (65-8 aC), com o sentido ascético de uma disciplina de vida (corpo e espírito) que lhe davam os filósofos epicuristas e hedonistas. Em nossos tempos, a expressão foi banalizada pelo cinema e por muitas bandas de rock, que a apresentaram como um convite a se aproveitar tudo da vida, a "faturar" todas.

Como agentes do mundo infernal, os romanos tinham também as
OVÍDIO
famosas Lêmures, fantasmas femininos que, à noite, aterrorizavam as pessoas. Eram almas de pessoas que haviam morrido “mal”, insatisfeitas, rancorosas, com ódio no coração. Segundo o poeta Ovídio, em sua obra Os Fastos, Lêmures era o nome que os romanos davam a todas as almas dos mortos que voltavam como fantasmas para atormentar os vivos. Para conjurá-las e evitar que ficassem a perturbar os vivos, celebrava-se anualmente, nos dias 9, 11 e 13 de maio, a festa das Lemuralias. 

Nessas noites, o pater famílias, o chefe de família romano, descalço, saía de casa e se dirigia a uma fonte próxima para lavar as suas mãos e lançava no ar, atrás de suas costas, sem se voltar, favas; pronunciava ao mesmo tempo, por nove vezes, uma fórmula ritual: “Com estas favas, eu me resgato, eu e a minha família.” Ele voltava em seguida à fonte para lavar de novo as mãos e, depois, batendo num objeto de bronze, dizia:”Sombras de meus ancestrais, ide embora". Ditas estas palavras, ele poderia se voltar. Por um ano, ele e a família ficariam livres das Lêmures. As favas ligavam-se entre os romanos ao culto dos mortos porque elas, provenientes do interior da terra, tinham tido, de certa maneira, contacto com as Lêmures, sendo por isso muito apreciadas por eles. Cumprido o ritual pelo pater famílias, as Lêmures transformavam-se, pelo menos por um ano, em Manes, antepassados benevolentes, protetores da casa e da família.

HELENA   P.  BLAVATSKY
A palavra lêmure foi usada mais tarde para dar nome a uma espécie de macaco que vive na ilha de Madagascar e na Malásia, de aspecto fantasmagórico. No séc. XX, surgiu uma lenda sobre a existência de um continente, a Lemúria, onde teria vivido uma raça diferente, os lemurianos. Ocultistas de várias partes do mundo afirmaram que nesse continente viveria a terceira raça da humanidade, ou seja, aquele que teria precedido a dos atlantes (Atlântida) e a atual, que seria a quinta. No livro A Doutrina Secreta, de Helena P.Blavatsky, se afirma que os lemurianos teriam vivido numa consciência de sonho, que eram gigantescos e que teriam sido criados pelo processo de fusão. Tudo isto teria acontecido 70.000 anos antes do período eoceno, do terciário.

       REFLEXÕES MITO-ASTROLÓGICAS SOBRE PLUTÃO

1) Para chegar ao reino de Hades-Plutão, temos que perder a “carne”, o corpo físico, destruir a forma à qual estamos presos; 

2) Plutão destrói, aniquila, desintegra, muitas vezes dolorosamente, o que não é útil (lembrar que Virgo e Escorpião, através de seus regentes, têm a ver com a função intestinal. O que Mercúrio Virgo rejeita, Plutão transforma em dejeto); 

3) Plutão pode, ao detonar um processo transformador, nos pôr em contacto com uma nova realidade, realidade que muitas vezes não entendemos, que talvez levemos muito tempo para compreender;

4) Numa vida em que só predomina a orientação material, as transformações plutonianas serão vividas de um modo geral dolorosamente, catastroficamente (o olhar de terror do que vai morrer diante de Thanatos); 

5) Quando transita por uma casa, Plutão traz à superfície (consciência) os assuntos da casa oposta (Dioniso retirando Sêmele do Hades);

6) Plutão é raptor, sequestrador; o nosso lado “virgem” (Kore), ingênuo, pode ser estuprado; 

7) Plutão foi descoberto quando transitava pelo signo de Câncer, entre as estrelas Castor (mortal) e Pólux (imortal); procure conhecer o que aconteceu historicamente nesse período (vida econômica, política, social, cultural etc.); quando Plutão transitou por Câncer (1912-1939) tivemos o início da terceira fase da era de Peixes; duas guerras mundiais explodiram nesse período; a conjunção Plutão-Cabeça do Dragão coincidiu com a Grande Depressão em 1929; tivemos a ascensão das forças nazi-fascistas (Alemanha, Itália etc.) e socialistas (comunistas, URSS);  

8) Com a descoberta de Plutão, a noção tradicional de família foi destruída;

9) Plutão foi descoberto quando a psicanálise freudiana se revelou para o mundo; com Plutão temos que "descer" para conhecer, ir além do Bosque de Perséfone (inconsciente pessoal), recorrendo a Hermes psicopompo;

10) Plutão é destruição e renascimento, a revelação de que ambos são fases do mesmo processo; 

11) Planetas transaturninos (Urano, Netuno e Plutão): é preferível entendê-los antes como provocadores de grandes movimentos, etapas e direções que a humanidade toma como um todo;

12) Plutão, atuando sobre diferentes países, produz diferentes manifestações coletivas;

13) Ao transitar por um signo, Plutão determina para a humanidade o tom de morbidade do tempo; quando transitou pelo signo de Virgem, a parir do final de década de 1950, os agrotóxicos começaram a revelar todo o seu poder destrutivo e perigoso para o ser humano; quando Plutão se aproximou de Escorpião, início da década de 1980, a humanidade tomou conhecimento da Aids. É de se lembrar que Plutão entre os antigos gregos era também chamado de Aides ou Aidoneus; 

14) Plutão, num mapa astrológico, poderá ser “vivido” como Érebo, Campos Elíseos, Tártaro, Aqueronte, Estige, Cocito, Piriflegetonte, Lethe, Cérbero etc. Ou através das Erínias, de Hécate, das Keres, dos Manes, das Lêmures etc.

15) Plutão está relacionado com o âmago, o núcleo, o mais íntimo de qualquer coisa; 

16) Plutão, como os demais planetas transaturninos, é sempre geracional e individual;

17) Plutão não “liga” para o fato de o indivíduo estar consciente ou não de sua vibração geracional; se estiver, melhor, pois poderá cooperar com a sua posição ou passagem;

18) Exemplo do item 17: Plutão esteve em Leão entre 1937 e 1958. Milhões e milhões de pessoas nasceram com ele nesse signo. Essa geração apresenta, de um modo geral, desejos naturais de uma auto-realização criativa; alimenta um propósito singular de viver. Pessoas que nasceram neste período tendem a se voltar mais para si mesmas e têm, para mais ou para menos, uma orientação narcísica com relação à vida. Compreenderão as lições aquarianas? A casa oposta àquela onde estiver Plutão sempre será sempre um fonte de aprendizado;

19) A posição de Plutão (signo e casa) num mapa astrológico indica uma área de nossa vida não ou mal conhecida pelo eu consciente; nessa área encontram-se antigos padrões de conduta, desejos passados, questões de nossa ancestralidade, coisas de um passado desconhecido, algo que não entendemos bem ou  que ignoramos totalmente;

20) É na área em que temos Plutão no mapa que podemos entrar em contacto a fonte (inconsciente) de energia que há em nós; o signo em que Plutão se encontra indica como essa energia poderá se manifestar em nós, passiva ou ativamente, segundo a natureza do signo;

21) Para entender um aspecto formado por Plutão, precisamos nos esforçar para conhecer em que nível ele está agindo (físico, emocional, sentimental, mental, espiritual);

22) Plutão pode provocar a emersão do inconsciente coletivo, trazendo-o à luz, favorecendo, neste caso, uma orientação em direção do futuro;

23) Plutão retrógrado: Hades-Plutão acolhe no seu reino as almas.
A posição de Plutão retrógrado num mapa indica os vários sacrifícios e lições que nos cabem numa encarnação para que possamos evoluir animicamente. Plutão tem sempre a ver, pois, com conquistas obtidas através de nossa autodisciplina. Plutão retrógrado é uma espécie de elemento de ligação entre uma existência e outra. Ou se quisermos, Plutão retrógrado é uma relação entre o karma acumulado, a disposição que adotarmos numa encarnação com relação a ele e aquilo que estivermos fazendo nesta encarnação com relação ao nosso futuro. É neste sentido que a área onde temos Plutão poderá significar uma oportunidade para o nosso desenvolvimento ou, ao contrário, um lugar onde só teremos atraso e regressão quanto a esse a desenvolvimento pessoal. O signo, a casa e os aspectos de Plutão significam sempre um acerto de contas. Se retrógrado o planeta, esse acerto será sempre mais difícil, severo, exigindo mais de nós; 

24) Na perspectiva do que está acima, aspectos de Plutão com o eixo dos nós lunares será sempre muito importante. Os nós lunares , segundo a astrologia hindu, de onde vieram para nós, nos colocam sempre simultaneamente numa situação evolutiva e kármica;

25) Antes de “pensar Plutão”, será preciso que respondamos a perguntas como as seguintes: 1) Será que eu realmente nasci sob o ponto de vista astrológico? Por que estou aqui? Até onde sou influenciado ou afetado nas minhas decisões pelos meus corpos físico, afetivo-emocional e mental (inferior)? Tenho noção daquilo que criei a partir de ações do meu passado? Como as encaro hoje? Será que tenho noção do que significa uma realização solar? Até onde em meu mapa astrológico entendo a Lua como meu "outro" ascendente? Além destas perguntas, há, claro, outras, muitas outras...