WILLIAM HERSCHEL |
Urano dista da Terra cerca de 2,8 bilhões de km., sendo praticamente impossível percebê-lo sem aparelhos óticos. No sistema solar, é o terceiro planeta em tamanho, com um diâmetro de pouco mais de 47.000 km., o que equivale a 50 globos do tamanho da Terra. Sua massa é 14,54 vezes maior que a do nosso planeta. Seu dia é muito curto, cerca de 10 horas e 45 minutos dos nossos. A densidade de Urano corresponde a 32% da terrestre.
Urano é o planeta mais excêntrico do sistema solar; algumas vezes, ele volta para Terra o seu equador e noutras o seu polo norte, ocasião em que seus cinco satélites (luas) parecem estar girando no sentido contrário ao dele, em círculos concêntricos à sua volta.
O passo médio anual de Urano é de 4º30´; sua translação zodiacal varia de 80 a 84 anos, mais ou menos. O ano uraniano equivale a 30.568 dias terrestres. A permanência de Urano em cada signo oscila de 7 a 8 anos. Ao ser descoberto, assumiu a regência diurna do signo de Aquário, deslocando Saturno para a regência noturna. Sua exaltação se dá no signo de Escorpião. Quanto às qualidades primitivas, é seco (3,0) e frio (2,0).
Essencialmente, astrologicamente, Urano é variável, eletromagnético, espasmódico,
intuitivo, impulsivo, excêntrico, pioneiro, independente, súbito, político, excitante (mania), explosivo, convulsivo, revolucionário, brutal, anárquico, incongruente, individualista, diferente (vedetismo), associativo, futurista (utópico), original, inédito e estéril.
URANO |
Urano é o último dos planetas que pode realizar uma translação completa pelo zodíaco no período de uma vida humana. O planeta seguinte, Netuno, tem uma translação zodiacal de mais ou menos 164 anos.
Urano, com Netuno e Plutão, situados além do limite visível do sistema solar visível a olho nu, formam um conjunto conhecido pelo nome de “oitava maior” com relação aos sete que os antecedem na ordem planetária. Os sete primeiros planetas do sistema solar têm relação com a vida pessoal (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol e Marte) e social (Júpiter e Saturno) do ser humano. Os três últimos (Urano, Netuno e Plutão), muito mais lentos com relação a Júpiter e Saturno, afetam mais a humanidade como um todo, tanto atingindo gerações como dizendo respeito à evolução ou involução da humanidade como um todo.
Assim, pode-se dizer, segundo a colocação acima, que enquanto Mercúrio representa o pensamento lógico, o Logos dos gregos, Urano é a sua oitava maior, ao reger a intuição. A intuição é um conhecimento imediato. Para entender esta característica uraniana é preciso distinguir, em princípio, uma intuição que podemos chamar de “empírica”, que se liga a um objeto do mundo, e a intuição “racional” que designa a apreensão imediata de uma relação entre duas ideias. Por exemplo, a de que o átomo é o universo em miniatura.
O PENSADOR AUGUSTE RODIN ( 1840 - 1917) |
Quanto ao número oito, entendamos, em todas as tradições ele
VIA ÓCTUPLA |
PIA BATISMAL |
Mercúrio, a oitava mais baixa de Urano, diz apenas respeito aos processos mentais normais. Já Urano, num tema individual, se bem relacionado com Mercúrio, apontará para inventividade, independência de espírito, singularidade, vanguarda, emancipação. Escritores (poucos) que redimensionaram as técnicas narrativas têm Urano em destaque nos seus temas astrais. Urano é também inventivo, isto é, ele leva à criação de algo novo, ele renova o existente, organizando-o de modo único, diferente. A invenção uraniana distingue-se da descoberta, que revela o já existente, o que estava encoberto. A faculdade de inventar, muitas vezes chamada de imaginação criadora, aparece quando conseguimos nos libertar da memória que nos dá a imaginação reprodutora e sacudir os preconceitos e a tradição de uma época.
URANO E GAIA ( GLIPTOTECA , MUNIQUE ) |
Urano é palavra grega usada para designar o céu. Sua etimologia é bastante discutível, embora alguns tentem , com certo sucesso, aproximá-la do sânscrito, de varsha, chuva, estação chuvosa. Urano, seria, pois, aquele que fecunda.
Por sua transcendência com relação à terra, por sua força, por sua ação fecundante, o céu, desde a mais recuada pré-história, sempre provocou, ao ser contemplado, na mente primitiva, uma experiência de caráter religioso. Isto é, nele se misturam conceitos diversos de ordem meteorológica, astronômica, astrológica e teológica. Centro irradiador de energias da qual depende a vida terrestre, o céu é, com a terra, figura principal nos mitos cosmogônicos em todas as tradições.
Alto, infinito, inacessível, fecundante, identificado com o princípio masculino, o céu é o lugar a partir do qual o divino atua. A altura acabou se tornando assim uma das características principais das forças celestes divinizadas. Estas forças tinham no outro polo, o feminino, formando-se logo assim a primeira dualidade, céu (masculino), terra (feminino).
Aos poucos, porém, esta composição foi dando lugar a outras formas religiosas. A inacessibilidade das divindades uranianas será, com o tempo, abandonada. A crescente complexidade social foi exigindo divindades mais presentes, mais acessíveis, mais dinâmicas. O divino deixou aos poucos de ser tão distante e passou a se “misturar” mais com o homem, uma queda progressiva no concreto.
É nesse período da história do ser humano que começam a aparecer as crenças animistas, o totemismo, o culto ao espírito dos mortos, as divindades locais e mesmo pessoais. O “céu” foi se materializando através de inúmeras expressões, em várias culturas, que tomaram o nome de mana, orenda, epifanias. O que tivemos então foi um empobrecimento crescente dos cultos das divindades supremas, uranianas, sempre reverenciadas à distância com um certo temor, solitárias, onipotentes, cruéis.
DIVINDADES VÉDICAS |
Uma característica destas divindades uranianas, em várias culturas, é que elas, além de deter o poder criador, todo-poderosas, portanto, elas eram clarividentes, sábias. Os humanos, porém, conforme as histórias religiosas nos deixam claro, precisavam de algo mais que a simples contemplação dos espaços celestes e da submissão às suas forças. Surge então a revelação religiosa. As divindades celestes começaram a se “mostrar”, como através dos avatares no Vedismo ou de certos profetas (Cristo), e a transmitir algo que pudesse ser transformado em regras de convivência do humano com o divino e dos humanos entre si.
Oportuno lembrar que a palavra demiurgo fazia parte da linguagem cotidiana dos gregos. Demiurgos eram pessoas que trabalhavam para outras. No período arcaico, eram adivinhos, médicos e artesãos em geral. Mais tarde, já no período clássico, os demiurgos formavam uma classe, ao lado dos eupátridas (aristocracia) e dos geomores (aristocratas, proprietários de terra, que cultivavam a própria terra, presos muitas vezes a dívidas contraídas com os ricos eupátridas). Com estes últimos, eles constituíam a plebe. A história da formação da democracia grega é a história da sua luta contra os eupátridas para a obtenção de direitos assegurados legalmente.