Na Índia, quando a alma chega ou não à libertação (moksha), abrem-se dois caminhos para ela. Um é o da reencarnação, caminho do solstício de inverno, chamado pelos hindus de pitriyana ou dhumamarga. O outro é o caminho que leva ao Brahman, de onde não há mais retorno. Este caminho, ligado ao solstício de verão, tem o nome de devayana ou archimarga.
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CERIMÔNIA - PITRIS |
É preciso lembrar, quando entramos neste tema da reencarnação, que para os hindus ainda depois de muito tempo que uma encarnação teve fim, a alma conserva algumas ligações com o seu ambiente terrestre, com o seu mundo familiar. É isto que leva os hindus a elaborar um complexo culto dos antepassados (pitris). Segundo o grau de sua ligação com o mundo ancestral, a alma pode ficar habitando um dos três mundos dos ancestrais (pitrilokas), tendo, nessa condição, ainda, muitos envolvimentos com o mundos vivos.
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CREMAÇÃO - GANGES |
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MANSÕES LUNARES - NAKSHATRAS |
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LEI DO KARMA |
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PLÍNIO , O VELHO |
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PLUTARCO |
Como motivo de decoração, o escaravelho era encontrado praticamente em todos países mediterrâneos, sempre simbolizando a ressurreição, emblema daqueles que se auto-regeneram. Era, em suma, o Sol que sempre retornava depois de ter atravessado as trevas noturnas. Além do mais, o escaravelho sabia sobreviver
quando das enchentes do rio Nilo. Segundo crenças muito antigas, profundamente arraigadas em antigas tradições, ao se alimentar, o escaravelho sempre se alimentava do que lhe era estritamente necessário, colaborando dessa forma para a regeneração física e moral do cosmos. Foi por esta razão que Santo Ambrósio, um dos maiores doutores da Igreja católica, sempre associou a imagem de Cristo à do escaravelho.
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SANTO AMBRÓSIO |
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ANEL TALISMÃ COM ESCARAVELHO |
Na antiga Roma, segundo Plínio, o Velho, os cornos deste coleóptero, colocados numa pequena cápsula (sachê), eram considerados também como poderoso amuleto, protegendo especialmente a vista. Era comum, segundo Plutarco, que os soldados gregos, os hoplitas principalmente, durante as batalhas, usassem amuletos na forma de escaravelhos como proteção do
corpo físico. A fama do escaravelho como amuleto ou talismã atravessou a Idade Média, alcançado a sua maior voga em fins do séc. XIX. Em toda a Europa, um berloque ou um pendantif na forma do inseto eram usados como emblema de fidelidade conjugal, moda lançada ou difundida pela famosa atriz do teatro e do cinema mudo francês, Sarah Bernhardt. Com menos evidência hoje, o escaravelho, como talismã ou amuleto, ainda é muito valorizado, protegendo contra a morte violenta e contribuindo para uma saudável vida longeva.
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SARAH BERNHARDT ( PAUL NADAR , 1856 - 1939 ) |
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CÃO MAIOR |
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PENTATEUCO |
Em lyar (Touro), temos a referência à descida do maná do céu, o alimento milagroso, em forma de orvalho, que alimentou os judeus durante o êxodo. Conta a tradição que o maná era totalmente assimilado pelo corpo, não deixando nenhum vestígio no aparelho digestivo, e tendo o sabor que os seus consumidores quisessem. O maná não consumido era recolhido e dado aos animais. Consumida pelos gentios, a carne de tais animais permitiu que os gentios participassem inclusive, indiretamente, da dádiva celeste recebida pelo povo judeu. Uma das grandes vantagens que o maná proporcionava era de afastar os judeus da faina agrícola e dos afazeres domésticos, permitindo-lhes dedicar muito mais tempo ao estudo da Torá.
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MOISÉS RECEBE A TORÁ ( MARC CHAGALL , 1887 - 1985 ) |
ABRAÃO E TRÊS ANJOS ( MARC CHAGALL ) |
Depois destes meses que constituem a primavera, os três seguintes, relacionados com o verão, são muito mais importantes para história de Israel, já que neles temos tanto o seu crescimento material como seu desenvolvimento na direção de elevados planos espirituais. É
TERRA PROMETIDA ( MARC CHAGALL ) |
O signo de Tamuz, como quarto mês do calendário, começava no final de junho ou início de julho, sendo considerado o mês mais quente do ano, Durante este mês, os judeus observavam, a partir do dia dezessete, um período de três semanas de luto pela destruição do templo de Jerusalém, construído por Salomão. Os judeus acreditavam que em tal dia ocorreu não só a destruição do primeiro como, muito mais tarde, do segundo templo, destruídos respectivamente pelos babilônicos e pelos romanos, quando os muros da cidade foram rompidos. Tal acontecimento era comemorado por um dia de jejum, que dá início ao período de luto de três semanas.
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JOSUÉ E SEU POVO ( MARC CHAGALL ) |
As letras que os judeus ligam a este signo são Heth, que deu origem ao signo de Câncer, e Tav, que gerou a Lua. A primeira lembra existência rudimentar, a substância primordial dos organismos vivos, mas já capaz de sentir e reagir a estímulos. É a existência protoplásmica, matéria fundamental. Tav nos remete a ideias de abundância, calor, proteção. Heth, pelo seu lado positivo, sugere limpeza, purificação, qualidades que se levadas ao coração "limpam" a visão. Como dizem os judeus, o sentido do pecado está na visão. É por ela que somos geralmente tomados pelo desejo, pela concupiscência, o coração se enche de luxúria, e que passamos a viver só no reino da carne. "Vivendo" desta maneira, o coração aquece o sangue, aquecimento, sentido que a palavra Tamuz tinha no antigo aramaico.
A Astrologia dos antigos judeus nos dizia que era durante o mês de Tamuz que os aspectos do mundo exterior se tronavam mais atraentes. Dizia-nos ela também que o caranguejo era o alimento preferido das pessoas que se entregam aos desejos e aos prazeres. Sartan (caranguejo) é nome que, embora pouco usado, serve também para designar quarta constelação zodiacal entre os judeus.
O regente do signo de Tamuz é a Lua, que tem um grande poder sobre as águas. O Zohar, por sua vez, que estabelece uma correspondência entre as tribos de Israel e os meses do ano, aponta uma relação entre os signos de Nissan, tribo de Judá, e de Tamuz, tribo de Ruben, pois ambos marcam o início de estações. Ainda astrologicamente, podemos que as três dinâmicas zodiacais, a cardinal, a fixa e a mutável, são representadas, respectivamente, por Abraão, por Isaac e por Jacó. O elemento de Tamuz é a água, compartilhada por ele com os signos de Cheshvan (Escorpião) e Adar (Peixes), relacionados respectivamente com as tribos de Menasche e Naftali. A energia de Tamuz é, como se disse, representada por Reuven ou Ruben (etimologicamente, reu, ver, e vem, filho), que se guiou sozinho pelo deserto quando do êxodo. A tribo de Ruben, instigada por Korach, o levita, se rebelou contra a autoridade de Moisés.
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TRIBOS DE ISRAEL ( MARC CHAGALL ) |
O BEZERRO DE OURO ( MARC CHAGALL ) |
Dizem os antigos astrólogos judeus que os sentidos da visão e da audição são os mais fácil e imediatamente impressionáveis e que, por isso, são sempre os que nos empurrar para agir mais precipitadamente. As tribos de Ruben (Tamuz) e de Shimeon (Av) agiram dessa forma no deserto, procedimento muito comum, no dizer dos referidos astrólogos, das pessoas que sofrem a influência dos dois signos, considerados muito problemáticos. Foi no mês de Tamuz que ocorreu o episódio do Bezerro de Ouro.
A água (o movimento das marés), como elemento de Tamuz, aparece normalmente associada ao desejo entre os judeus. Ambos, a água e os desejos, por suas características lunares, estão sempre a fluir, fazendo o homem mudar sempre. Devido às influências de Tamuz, o homem se torna excessivamente sensível, oscilante, cheio de suscetibilidades, idiossincrático, lembrando muitas vezes, com a sua instabilidade, principalmente a emocional, o movimento dos caranguejos. É de se lembrar que muito antes de adotarem a Astrologia grega, os árabes já conheciam a constelação de Câncer, dando-lhe o nome de Al Saratan, o caranguejo. Nos dialetos aramaicos, a constelação era chamada de Sartana ou Sartan.
Devido ao seu aspecto, o caranguejo era considerado pelos antigos egípcios como um símbolo do poder produtivo das águas, sobretudo pela sua capacidade, segundo eles, de separar de seu corpo seus membros mutilados para dar nascimento a outros. Além do mais, em virtude de seu aspecto repelente, de suas pinças e de sua carapaça, que lembra a proteção de muitos seres demoníacos, o caranguejo sempre foi considerado como uma criatura do mal, satânica. Essa reputação se deve naturalmente à sua natureza lunar, maléfica, atestada desde a mais remota antiguidade. Não é por acaso que o caranguejo, enviado por Hera, aparece nos trabalhos de Hércules como um auxiliar da monstruosa Hidra de Lerna. Hércules, como se sabe, no seu oitavo trabalho, venceu a Hidra e matou o caranguejo, cuja imagem a deusa colocou nos céus para representar a quarta constelação zodiacal.
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HÉRCULES LUTANDO CONTRA A HIDRA E O CARANGUEJO |
Domicílio da Lua, Câncer, como todo signo astrológico, apresenta características bastante ambíguas, que podem ser vividas positiva como negativamente, embora, de um modo mais abrangente nos parecendo que estas últimas prevaleçam bem mais. Se de um lado temos ideias de fecundação, de geração, de (hiper)sensibilidade, de memória ativa, de outro temos aderência prolongada ao princípio maternal, dificuldade de libertação de esquemas familiares protetores, excesso de emotividade, infantilismo psíquico, gosto pela intimidade etc. A associação do signo com o universo aquático faz de Câncer o símbolo das águas originais (o líquido amniótico), do mistério das águas profundas e dos segredos.
Quando aproximamos os valores cancerianos das histórias das grandes famílias (gene, plural de genos) da mitologia grega, principalmente as reais, podemos ampliar bastante as possibilidades significativas tanto de um lado como de outro. Ao fazer esta aproximação, o que de imediato mais chama a nossa atenção são os fortes traços de violência e maldição, de perversidade e de perturbação mental, de loucura mesmo, que impregna as relações entre os seus membros.
Quanto a crimes e a procedimentos anormais, a mitologia grega é farta quanto a exemplos que bem ilustram o que está acima. Alguns exemplos: Parricídio (Kronos castrando seu pai Urano; Édipo matando Laio, seu pai, pelo direito de passagem). Matricídio (Clitmenestra assassinada por seu filho Orestes, instigado por sua irmã Electra). Uxoricídio (Hércules, numa crise de loucura, matando Mégara, sua esposa). Mariticídio (as Danaides matando seus maridos). Infanticídio (Medeia matando os seus filhos; Hera mandando matar os filhos espúrios de Zeus). Filicídio (Tântalo matando seu filho Pelops). Fratricídio (Etéocles e Polinice, irmãos, se matando). Incesto (relações de Mirra com Cíniras, seu pai, rei de Creta). Zoofilia (Pasífae, rainha de Creta, relacionando-se
sexualmente com o Touro divino de Creta, enlouquecido, e tornando-se mãe do monstruoso Minotauro). Corrupção passiva (Hércules solicitando ao rei Augias dinheiro "por fora", quando sua realização do seu décimo primeiro trabalho). Raptos e sequestros (Plutão raptando sua sobrinha, Kóre, filha de Deméter, e levando-a para o Hades, onde se transformou em Perséfone, rainha do mundo infernal; Zeus e Poseidon raptando, respectivamente, os belíssimos Ganimedes e Pélops, para transformá-los em seus escanções pessoais). Genocídio (o massacre praticado por Hércules, quando do seu sexto trabalho, em companhia de outros heróis gregos, invadindo Timiscira, a capital do país das amazonas). Há que se mencionar ainda as taras familiares, como as dos Labdácidas e dos Átridas, que fazem parte desse quadro, todas, de um modo ou de outro, podendo ser consideradas e analisadas astrologicamente a partir dos valores cancerianos.
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PLUTÃO RAPTA KORE ( J.P. VAN BAURSCHEIT, 1699-1768 ) |
O que a mitologia grega deixa claro, em que pesem as tintas muito carregadas dos exemplos acima, é que o cenário ambiente dos gene, principalmente das famílias reais, como se disse, é sempre um lugar de lutas, de crimes, de violência, de doenças, de miasmas, de heranças malditas. Um exemplo clássico é o da sucessão das dinastias divinas, um reflexo certamente bastante exagerado das relações familiares de um mundo patriarcal fechadíssimo, mas, à sua maneira, sob muitos aspectos, aceitáveis. Um dado importante que podemos retirar da história da sucessão do poder nas dinastias divinas é que o filho nasce sempre da morte do pai. De ambos os genitores? Uma antecipação freudiana?
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FREUD ( W.V. KRAUSZ , 1936 |
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ARLEQUIM E PIERRÔ ( ANDRÉ DERAIN , 1880 - 1954 |
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Associando-se a Câncer, as estrelas Sirius e Procyon, numa interpretação astrológica (veja, se quiser, neste blog, os artigos sobre as constelações do Canis Major e do Canis Minor) indicam que elas influenciam fortemente o mundo canceriano ao indicarem que a partir dele há um eu a ser construído (passagem de Câncer para Leão ou da quarta casa para a quinta casa astrológicas). Não é por outra razão que num plano psicológico, o cão é um arquétipo da individuação, representando o primeiro estágio da nossa evolução psíquica. O modelo básico deste entendimento está em Cérbero, o cão tricéfalo, de dentes envenenados, que guarda as portas do Inferno (Hades), símbolo do limiar que separa o consciente do inconsciente, primeiro estágio de nossa evolução. Amigo fiel do homem, seu companheiro desde a mais remota antiguidade, seu indicador de trilhas na arte da cinegética, animal psicopompo por excelência, o cão sempre foi miticamente o seu guia na vida como na noite escura da morte.
Para Ptolomeu, as estrelas que estão nos olhos do caranguejo exercem influências de natureza mercuriana. As que estão nas pinças atuam saturninamente e mercurianamente. A estrela mais brilhante de Câncer é Acubens, numa das pinças. As outras estrelas de Câncer, menos importantes, são os dois Asnos (Aseli), o Boreal (Norte) e o Austral (Sul), estrelas assim designadas para honrar os dois animais, um de Hefesto e outro de Dioniso, por eles montados na Titanomaquia. Há também em Câncer uma nebulosa a que se deu, segundo a tradição, o nome de Manjedoura, de Colmeia, de Creche ou Presépio, na cabeça do caranguejo. Simbolicamente, não é preciso muito esforço para se perceber que os nomes desta nebulosa se associam a lugares protegidos onde se come e onde também são dispensados cuidados maternais (Creche). Já a palavra presépio lembra, etimologicamente, lugar fechado onde se guardam animais durante a noite (prae, antes, na frente, e saepes, cerca, barreira).
Diante do que se expõe acima, fica difícil entender por que os cristãos fixaram a data de nascimento de Jesus Cristo no solstício de inverno (dezembro, signo de Capricórnio) e adotaram para representar esse nascimento, desde S.Lucas, um cenário que a tradição sempre associou ao signo de Câncer (solstício de verão). O nome de Colmeia, por sua vez, nos remete a uma ideia de agrupamento, tanto de vida comunitária como de massificação, um conjunto de seres submetido a um destino do qual não se pode escapar, um destino inexorável, imutável. A massa, o pastoso, o sem forma é o que chamamos popularmente de povão, sempre a ser modelado. E, apesar deste destino, também presentes, algumas vezes, cada vez menos aliás, sugestões de sacrifício do individual pelo coletivo, de solidariedade, de misericórdia, características quem sabe ainda presentes em certos tipos humanos do signo.
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MODERNO TELESCÓPIO HUANCAYO , PERU |
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SÃO JOÃO ( EL GRECO , 1541 - 1614 ) |
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MARIA BETÂNIA ( RUBENS , 1577 - 1640 ) |
Quanto ao simbolismo de ataúde, ele aponta aqui para o fato de que a morte tudo nivela. No ataúde, todos são iguais, ninguém tem mais identidade. Uma alegoria que, sem dúvida, liga o signo de Câncer (quarta casa astrológica) ao ataúde. Na medida em que este seja uma simples caixa de pinho ou um rico caixão funerário, feito com madeiras nobres e ricos ornamentos metálicos trabalhados, o signo de Câncer se constitui para muitos, sem dúvida, um "morada" de gente morta, sem vida própria.
Acubens é uma estrela de quarta magnitude, não tendo praticamente maior presença na Astrologia. Está hoje a 12º57´ de Leão. O nome veio do árabe, Al Zubanah, que tem relação com as pinças. Ela incorpora praticamente todo o simbolismo do signo enquanto persistência, ainda que claudicante, habilidade para evitar ou superar circunstâncias adversas. Presentes no simbolismo também sempre ideais de origem (Cloto) e de morte ou renascimento (Átropos). Negativamente, Acubens é apagamento e morte.